Acadêmico chinês Zhou Zhiwei apresenta suas perspectivas sobre o Brasil para 2022
Como a China olha o Brasil? Para o diretor-executivo do Centro de Estudos Brasileiros, Zhou Zhiwei, o peso regional e mundial do Brasil e sua identidade internacional semelhante com a China despertam um crescente interesse dos pesquisadores chineses. O trabalho do pesquisador se torna cada dia mais intenso no estudo da trajetória de desenvolvimento e a estratégia global deste parceiro importante para impulsionar de forma construtiva as cooperações e colaborações entre a China e o Brasil tanto no âmbito bilateral quanto multilateral.
Composto por três especialistas em política internacional e dois economistas, vinculado ao maior think tank da China, o Centro dos Estudos Brasileiros promoveu em 2021 uma série de pesquisas e debates focados em temas de destaque, como a situação pandêmica no Brasil, sua participação nas operações da Paz da ONU, os investimentos chineses na infraestrutura brasileira, bem como as perspectivas do relacionamento da China com toda a América Latina após a pandemia.
O interesse é recíproco. No caso de Zhou Zhiwei, ele foi convidado pelos colegas brasileiros para apresentar os planejamentos socioeconômicos e as experiências da governança da China em muitas discussões virtuais. Mas percebe que ainda existe uma falta de conhecimento do público brasileiro a respeito da China de hoje, sugerindo uma atenção especial às reformas atuais do país para entender a força motriz do desenvolvimento chinês. Além disso, o pesquisador espera que as pessoas tentem descobrir a visão chinesa sobre o mundo, visto que as pessoas precisam aceitar que são diferentes e assim poderão se respeitar e aumentar o conhecimento mútuo.
Diante da voz discordante sobre a interação China-Brasil nas áreas de comércio, o especialista sênior na questão brasileira rebateu que o consumo chinês da carne e soja brasileira estão contribuindo bastante para o desenvolvimento da economia brasileira. “O comércio exterior sempre se baseia no princípio de vantagem comparativa, e o fluxo de importações e exportações entre Brasil e China é obviamente o resultado da boa relação entre oferta e demanda”, assinalou Zhou Zhiwei. Observando a diversificação de origem da compra chinesa de carnes, ele indica que um grande desafio para o Brasil é como garantir sua participação no mercado chinês, porque há cada vez mais concorrentes nessa área.
Quanto à preocupação brasileira ao investimento chinês, Zhou Zhiwei considera que o Brasil deveria ter uma posição mais aberta aos investidores de todo o mundo, inclusive a China, uma vez que o investimento estrangeiro que o Brasil recebe ainda é insuficiente para estimular seu crescimento e elevar sua competitividade industrial. “A questão fundamental é que o Brasil deve fortalecer sua orientação sobre os capitais estrangeiros, para que os setores que necessitam de mais capital possam se desenvolver verdadeiramente”, concluiu Zhou Zhiwei.