Yili mantém funcionamento da escola de mandarim durante pandemia e procura aumenta
Wang Yili gerencia, junto com sua mãe, uma escola de idiomas no Centro do Rio de Janeiro. Na sombra da pandemia do novo coronavírus, o decreto de isolamento social paralisou as atividades econômicas e afetou muitas profissões autônomas. No caso da OiChina, uma preparação antecipada garantiu que as aulas funcionassem de forma online, sem parar. Mas como os brasileiros não tem hábito de poupar, alguns alunos tiveram que abandonar o curso por questões financeiras. “Foi uma situação bem triste”, lamenta Yili.
Os primeiros casos de Covid-19 relatados em Wuhan fizeram com que a China virasse alvo de críticas. Os comentários pesados circulando nas redes sociais desapontaram pessoas como Yili, que têm se dedicado a eliminar os estereótipos entre brasileiros e chineses. “Quem conhece e já buscou por melhores informações, sabe que a China fez o que pôde e admira a reação eficiente do governo e povo chineses”, diz Yili.
De um lado, a pandemia afetava o número de alunos presenciais. De outro, a plataforma online permitiu a inscrição de alunos de qualquer lugar, levando a um aumento da procura pelo curso de chinês na escola da Yili. Ela sente na pele que cada dia mais brasileiros veem o mandarim como competência preferencial no mercado de trabalho, por conta do crescente investimento chinês no Brasil e da ascensão da China no palco mundial.
Os estudantes mostram interesse não somente na língua como ainda na cultura para compreender o jeito de pensar. Na observação da Yili, questões como dedicação ao trabalho, obediência à administração e senso de coletividade são mais chocantes para brasileiros que trabalham numa empresa chinesa. Já os dois lados podem se adaptar um ao outro.
A própria Yili se adaptou à nova cultura. Aos 16 anos, ela mudou-se para o Rio de Janeiro para acompanhar a carreira da mãe, que apostou na boa perspectiva da parceria China-Brasil e migrou. Uma adolescente que não falava nada de português. Sete anos depois se tornou a intérprete do presidente chinês, Xi Jinping no encontro com a presidenta Dilma na cúpula do BRICS. Ela aparece no longa de ficção “Made in China”, na tela da GloboNews, nos eventos de intercâmbios Brasil-China, com sorriso contagiando pessoas ao redor. “A força de vontade faz o sonho realidade”, diz Yili, e compromete-se com a missão de aproximar o coração das pessoas.