José Ricardo dos Santos enfatiza atitude pragmática do Brasil perante investimento chinês
A pandemia do novo coronavírus não impede ao passo gradativo das exportações brasileiras destinadas à China, observa o CEO da filial internacional do Grupo de Líderes Empresariais na China (LIDE China), José Ricardo dos Santos Luz Junior. Ele aponta que no primeiro trimestre de 2020 as carnes brasileiras até expandiram a cotação no mercado chinês, com destaque para a exportação da carne suína que registrou crescimento de 274% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já a recuperação da economia chinesa que voltou a crescer 3,2% no segundo trimestre traz uma boa perspectiva para Luz. Os dados mostram que o governo chinês tem fomentado as políticas públicas adequadas para garantir a renda do povo e desenvolver parcerias com o mundo. Tudo leva a acreditar que o país vá conseguir ter uma retomada econômica e auxiliar outros países a construírem um futuro compartilhado.
O diretor executivo do LIDE China admira o esforço chinês na luta contra o inimigo comum da humanidade, que é o Covid-19. Neste processo, ele descobriu o papel chave da tecnologia no combate chinês bem sucedido ao vírus. “Vale citar apenas algumas, como a geolocalização por aplicativo Wechat, os drones que fazem higienização, os robôs utilizados na entrega de comida em hospital e o sistema de consulta médica, entre outras.” O resultado se deve ao investimento anual de 2% do PIB chinês em inovação, proporcionando um desenvolvimento dinâmico das empresas de tecnologia.
No que se tange ao episódio de restrições da Casa Branca contra as empresas chinesas, especificamente como os casos da Huawei e do Tiktok, Luz examina que o Brasil tem mantido uma análise ponderada acerca da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, tendo núcleo nos interesses nacionais. Ele sublinhou que a parte brasileira precisa adotar uma visão pragmática, global e estratégica a respeito disso, já que nenhuma guerra comercial favorecerá o Brasil de médio e longo prazo.
Até exemplifica a questão de tecnologia 5G, projeto que o Brasil planeja um leilão em 2021 com participação da Huawei, ZTE, Ericsson e Nokia. Na avaliação de Luz, o Brasil tem que deixar o “ideológico” para permitir que essas empresas tenham igualdade de competição no mercado brasileiro.
Para o representante do LIDE na China, que já atua em negócios Brasil-China por 15 anos, os dois países são economias complementares e independentes, cuja parceria tem sido de ganha-ganha. Ele acompanha de perto o investimento chinês no Brasil que propicia a criação de postos de emprego, fortalece o aumento da produtividade, possibilita uma transferência de tecnologia chinesa e incrementa a capacidade logística.
“Costumo definir a relação entre Brasil e China como casamento indissolúvel”, comenta Luz. Mas percebe que ainda necessita de interlocutores e agentes que trabalhem nesse canal para divulgarem a importância do investimento chinês no Brasil e quebrarem preconceitos sobre o país de longe. No caso dele, o LIDE China continua se dedicando a intensificar as boas cooperações entre o empresariado brasileiro e o chinês.