Jornalista Yang Tanli repensa e tem uma visão alternativa dos fatos na pandemia
Como correspondente da TV Central da China com experiência de trabalho nos países da África e América Latina, Olivia Yang Tanli nunca imaginava que um dia seria “expulsa” pelo país referência em liberdade de expressão, que é os Estados Unidos. Mas a sanção norte-americana contra a imprensa chinesa chegou de forma despreparada. Em março, quando a epidemia do novo coronavírus estava no momento mais severo, Tanli e sua família, inclusive um bebê de 10 meses, tiveram de ir embora antes do ultimato da Casa Branca, não obstante a longa viagem com quatro casos de infecção por Covid-19 a bordo.
Tanli faz a cobertura do primeiro turno da eleição dos Estados Unidos na Carolina do Sul.
A realidade faz Tanli repensar uma visão alternativa dos fatos. Embora ela só tenha feito cobertura em Washington por três meses, sentiu-se perseguida devido às opiniões relacionadas com o governo e às políticas estadunidenses. Avalia-se que a perspectiva do atual presidente Donald Trump não é garantida para a reeleição em novembro, por isso, sua equipe precisa “jogar uma bomba” para ganhar votos. Pressionar ou culpar a China tem sido uma boa carta na mesa dos políticos norte-americanos para desviar a atenção dos problemas domésticos, em particular devido ao número de casos contaminados por Covid-19 ter ultrapassado a barreira de 4,5 milhões.
Falando do fracasso do controle epidêmico nos Estados Unidos, Tanli aponta a atitude negligente do governo de Trump e a falta de coordenação de ação com os estados, o que fez com que o público não desse a devida atenção à prevenção, criando um ambiente onde nem mesmo era permitido usar máscara, sendo que ela mesma já recebeu olhares estranhos por conta disso. É bem irônico que Trump finalmente tenha reconhecido o efeito da máscara e pedido distância social há duas semanas.
Tanli entrevista o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva em 2016.
Agora, a China já conseguiu conter a transmissão de Covid-19 de forma geral e as atividades sociais estão voltando à normalidade. “Essa tranquilidade veio do sacrifício do povo na quarentena,” disse Tanli emocionada, lembrando o dia-a-dia do seu pai durante o lockdown em Wuhan. Para ela, a coisa mais triste é que a pandemia se transforma em uma questão politizada. “Trata-se de uma humilhação para as pessoas que perderam a vida nessa tragédia humana,” comenta.
No ponto de vista de Tanli, o papel de jornalista internacional reside em diminuir o mal entendimento entre culturas e não o contrário. Dessa forma, ela sempre fez reportagens com a câmera focada em pessoas verdadeiras e apresentou a maneira que os brasileiros vivem e pensam de forma que tocou a audiência chinesa. Por exemplo, participou cinco vezes do desfile do Carnaval para compreender melhor o espírito positivo da nação brasileira, além de explorar lugares distantes e fazer amizade com moradores amáveis durante seis anos de estadia no Brasil.
Ela nota que já há muito tempo o Brasil não envia correspondentes permanentes para a China, e deseja que a situação mude no futuro. Felizmente, a cooperação entre o maior veículo de imprensa chinesa CMG e a TV Bandeirantes já pode proporcionar uma visão panorâmica sobre a China aos telespectadores brasileiros.
Quer saber mais histórias inesquecíveis da Tanli na sua cobertura em outros países latino-americanos e na África? Confira a entrevista toda!