A prática da teoria Yin e Yang na alimentação
A milenar filosofia do Yin e Yang, relação de contrastes e dualidades da natureza, se aplica tanto à culinária quanto às questões espirituais. A perfeita harmonia entre Yin e Yang garante boa saúde, e não apenas uma boa refeição. Alimentos de Yin refrescantes, a exemplo da maioria dos vegetais, caranguejo, feijão, devem ser complementados por alimentos de Yang, como a carne e pimentas, que são quentes.
No planejamento do cardápio, deve haver carne e vegetais, quente e frio, doce e ácido, alimentos suaves e condimentados. Dificilmente um prato de carne tem apenas carne, enquanto os ingredientes básicos do refogado, incluindo a cebolinha e gengibre, também são Yin e Yang. E uma dieta equilibrada deve incluir proporções adequadas de fan (grão) e cai (vegetais) e pouca carne. Muitos aspetos da arte culinária são, portanto, orientados por conceitos e filosofias que permeiam tudo na vida dos chineses.
A religião taoísta também influenciou os hábitos alimentares chineses. Para eles, o prato doce (Yin) complementa o salgado (Yang), assim como o frio (Yin) e o quente (Yang), e o macio (Ying) e o crocante (Yang). Além do conceito do equilíbrio entre Yin e Yang, a culinária segue o dos cinco elementos: fogo, madeira, terra, metal e água. O sabor amargo corresponde ao fogo. O azedo, à madeira. O picante, ao metal. O doce, à terra. E o salgado, à água. Os chineses buscam o equilíbrio entre temperatura, sabor, cor, textura e consistência em receitas que muitas vezes foram testadas pela primeira vez há mais de 3 mil anos.
Segundo os nutricionistas, os alimentos de Yin incluem aveia, milho, cevada, centeio, abóbora, alcachofra, cogumelos, ervilhas, lentilhas, tomate, berinjela, espinafre, beterraba, alho, pimenta, pepino, couve-flor, chás, etc. Já os alimentos de Yang são arroz, alface, repolho, grão de bico, trigo, nabo, cebola, salsa, agrião, cenoura, azeitonas, amêndoas, alho-poró, rabanete, linguado, salmão, camarão, atum, sardinha, vinagre, sal marinho, mostarda, baunilha, açafrão, alecrim e óleos vegetais. Devem ser priorizados os cerais integrais, como o arroz integral, considerado o alimento perfeito pela filosofia, pois possui o equilíbrio entre sódio e potássio, que correspondem ao Yin e Yang. Já alimentos com corantes, conservantes, grãos refinados, processados, condimentos picantes, bebidas alcoólicas, açúcar refinado, chocolate, mel, café e gordura animal devem ficar de fora da alimentação macrobiótica.
Quem opta por seguir a dieta ou estilo de vida, deve ter em mente que entre 40% a 60% da alimentação deverá ser de alimentos orgânicos e grãos integrais, como arroz, cevada, milho e aveia. Os legumes ocupam de 20% a 30% do total, enquanto os 10% restantes devem ser reservados aos feijões e derivados, tofu e frutos do mar. Também é permitido o consumo de peixe fresco, frutas, picles e nozes.
Confira algumas sugestões de alimentos para todas as refeições do dia. Para o café da manhã, consumir mais cereais integrais. As quantidades vão depender da atividade, da constituição e do objetivo de cada um. É sempre recomendável um pequeno lanche com frutas e cereais, chás ou suco de frutas, três horas depois do café. No almoço, priorizar leguminosas e proteínas com pouco teor de gordura (carne magras e soja), além de vegetais, folhas, frutos e tubérculos (abobrinha, cenoura, cogumelos, algas, espinafre, palmito, brócolis, batatas, cebola) mais algum cereal, como arroz ou milho. Para lanches, sempre mais coloridos, evitando frutas cruas e alimentos gelados. No jantar, consumir tubérculos com carnes brancas (peixe) e vegetais. Não usar tantos cereais (arroz).