Para presidente da Apex-Brasil, China mostra determinação de abertura pela Feira Internacional de Importação
Em 2018, a China completa 40 anos da política da reforma e abertura. Para o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Roberto Jaguaribe, quatro décadas depois, a China de hoje tem passos mais firmes no caminho da reforma e abertura. Essa política trouxe para a China grandes influências que chama a atenção do mundo inteiro.
“Esse processo, que se dá a partir de 1978, é importante como é o processo fundamental para a modernização e a capacitação, não apenas comercial e econômica, mas também tecnológica e industrial da China. O país deu a volta por cima. Este processo foi extremamente exitoso e fez com que a China tivesse o desempenho que tem hoje, se transformando, em 40 anos, em uma economia muito vigorosa e o principal comerciante do mundo.”
Em 2017, o valor de importação e exportação entre a China e o Brasil contabilizou US$ 74,81 bilhões. Desse total, a exportação brasileira à China foi de US$ 47,49 bilhões, 21,8% da exportação total do país. A China é o maior parceiro comercial do Brasil em oito anos. Em 2018, as empresas chinesas aumentaram notavelmente o investimento no país sul-americano, nos primeiros quatro meses atingindo US$1,34 bilhão. Jaguaribe disse que o investimento chinês é muito positivo para a economia brasileira.
“É verdade que a China passou a ser cada vez mais relevante como investidor em setores diferentes, particularmente nos setores elétrico e de energia. A China tem tido uma participação crescente no Brasil e nós achamos isso extremamente positivo e somos muito agradados com o aumento da presença e participação chinesa no Brasil.”
No mundo de hoje, o protecionismo comercial crescente está impactando a estabilidade da economia global. Na entrevista, Jaguaribe expressou as preocupações sobre isso, pois o unilateralismo e o protecionismo comercial estão mais graves do que o previsto. Ele sublinhou que tanto o Brasil como a China são defensores do sistema de livre comércio e de multilateralismo e deseja que os conflitos comerciais sejam resolvidos o quanto antes.
“É evidente que a ampliação do comércio traz benefícios sistêmicos, todos ganham. O protecionismo e as guerras comerciais não são geradores de riqueza. O comércio é gerador de riqueza. Então o Brasil acredita na necessidade de duas coisas. Primeiro, evitar protecionismo e, segundo, e mais importante ainda, regras gerais de comércio.”
Em maio do ano passado, o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que a China organizará a primeira feira internacional de importação. Sob a sombra da guerra comercial, a China lançou o sinal claro de abertura maior. Jaguaribe destacou que esta foi a primeira feira mundial tendo a importação como tema, demonstrando a determinação chinesa para a abertura.
“Acho que é uma iniciativa muito importante e acredito que ela será bem sucedida. Acho que é necessária por que a China passou a ter um papel muito relevante no contexto global, de modo que uma estratégia de ampliação das importações na China gera mais comércio e mais equilíbrio. Portanto é uma medida extremamente bem-vinda e não tenho menor dúvida, em sendo uma decisão em todos os níveis do governo chinês, que ela vai ser tomada.”
Jaguaribe revelou que o Brasil está preparando positivamente para a feira. O país aguarda, aproveitando essa oportunidade, por oferecer mais produtos para o mercado chinês de grande potencial.
“A China vai ser um mercado de crescente sofisticação, isso vai abrir um leque de opções em todos os seguimentos. É evidente que para o Brasil a área mais natural se encontra de novo em alimentos. São várias cadeias novas que têm relevância onde o Brasil tem competitividade e tem uma capacidade de oferta significativa. Nós vamos fazer já um ensaio nesse evento do comércio em novembro deste ano, em Shanghai, nesta feira de importação.”
Jaguaribe acha que o povo brasileiro e o povo chinês ainda precisam se conhecer mais. Porém, ele acredita que a desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo vai fazer com que os chineses conheçam melhor o país maravilhoso da América do Sul.