A prefeitura de Beijing decidiu investir, nos próximos oito anos, 1,2 bilhão de yuans, moeda chinesa, na restauração e na proteção do seu patrimônio cultural. Para altos funcionários e especialistas na proteção do acervo cultural, o plano de longo prazo elaborado pelas autoridades de Beijing deve elevar o nível da cidade em relação à proteção do seu patrimônio cultural.
Beijing tem 3.000 anos de história e tem sido a capital chinesa há 850 anos. A cidade é sede de seis patrimônios culturais mundiais (Grande Muralha, Cidade Proibida, Templo do Céu, Palácio de Verão, Tumbas Imperiais das Dinastias Ming e Qing e Ruínas do Homem de Beijing em Zhoukoudian), além de possuir mais de 3.500 sítios históricos. No passado, a verba destinada à preservação e à proteção do acervo cultural era insuficiente. A situação começou a mudar a partir do ano 2000. Até 2007, a prefeitura de Beijing já havia lançado dois planos dedicados à proteção do patrimônio cultural que absorveram um total de 930 milhões de yuans de investimento governamental e 6 bilhões provenientes de outros setores sociais. Os dois projetos beneficiaram cerca de 140 construções e sítios históricos, afastando o risco de serem destruídos. Uma parte deles até voltou a ser aberta ao público.
Com base nisso, a cidade de Beijing elaborou um plano de longo prazo para a restauração e a preservação do patrimônio cultural. O diretor da Administração de Patrimônio Cultural de Beijing, Kong Fanshi, apresentou o projeto:
"Nos últimos oito anos, focalizamos o resgate das obras e construções. Nos próximos oitos anos, o foco estará na manutenção e na preservação. O novo plano visa a recuperar o panorama da antiga cidade e elevar o nível da proteção de obras arquitetônicas históricas do local".
Segundo o programa, o governo municipal de Beijing investirá, começando em 2008, 150 milhões de yuans por ano na eliminação dos riscos à segurança, na melhora do ambiente e na manutenção cotidiana do acervo cultural. No ano passado, a Administração de Patrimônio Cultural de Beijing iniciou 31 projetos de preservação, incluindo a reforma do trecho de Badaling da Grande Muralha, a ponte Jinshui (Água Dourada) da Cidade Imperial e a igreja católica Westminster.
O projeto da ponte Jinshui, que interliga a Praça da Paz Celestial e o portão da Cidade Proibida, é um dos que chamam mais atenção do público. Com o decorrer do tempo, a superfície da ponte sofreu certos danos e seus pilares racharam. Wang Yuwei, alto funcionário da Administração de Patrimônio Cultural, falou sobre a recuperação:
"O principal trabalho é a restauração da superfície da ponte, que tem fissuras e buracos. A outra tarefa é o exame de segurança da ponte".
De acordo com Wang Yuwei, o novo plano deve enfatizar um futuro sustentável do patrimônio cultural, ao invés de correr atrás dos problemas. Ele explicou:
"Queremos destacar a manutenção cotidiana e o exame de segurança. Exigimos que as instituições do setor elaborem planos concretos sobre a proteção do acervo cultural e os departamentos governamentais reforcem a supervisão. A prevenção permite a descoberta de danos no momento certo".
Segundo a mesma fonte, Beijing deve destinar, neste ano, 3 milhões de yuans à inspeção convencional de vinte sítios históricos, empregando métodos científicos modernos. O trabalho abrangerá a identificação de danos em obras arquitetônicas e avaliação da sua estrutura. O resultado deve entrar no banco de dados municipal, revelou Wang Yuwei.
Para o presidente do Instituto de Pesquisa sobre Arquitetura Antiga, Han Yang, o programa é uma compensação ao que não foi feito anteriormente e reflete um conceito humano na proteção do patrimônio cultural. Ele falou:
"Antes, o trabalho nesta área ficava restrito a certos locais. Faltava uma visão panorâmica. Agora, com a elevação do potencial financeiro e da consciência, a proteção do patrimônio cultural deve registrar maiores avanços".
A imprensa nacional também vê com bons olhos o plano de longo prazo. Segundo a mídia, o documento colocará o trabalho de proteção do patrimônio cultural em um patamar sadio. Para o diretor Kong Fanshi, no entanto, a cidade tem ainda um longo caminho a percorrer.
"Ainda precisamos de bastante tempo para regularizar o trabalho, pois o volume do acervo cultural de Beijing é realmente enorme. Além do próprio patrimônio, o ambiente ao redor será também reorganizado. A restauração das casas tradicionais chinesas com pátios quadrangulares nas zonas antigas da cidade faz parte do trabalho, pois elas refletem a tradição e a vida dos habitantes locais".