Entrevista Ricardo Pinto, diretor do Festival Literário de Macau – Rota das Letras

Este ano a Rota das Letras vai contar com a presença de autores francófonos e vai-se estrear no teatro. Estas são apenas algumas das novidades da segunda edição do Festival Literário de Macau. No arranque da Rota das Letras, o diretor do evento, Ricardo Pinto, levanta o véu e conta à Rádio Internacional da China quais as novidades para este ano.

Em relação à primeira edição, quais são as novidades para este ano? Há várias diferenças. Há um maior envolvimento de entidades públicas, nomeadamente do Instituto Cultural de Macau e da Fundação Macau, que passaram a co-organizadores. Este ano temos pela primeira vez autores franceses, que se juntaram ao núcleo duro de autores dos países lusófonos e da China. Também temos uma Feira do Livro no centro da cidade, a estreia do teatro e concertos legendados para que os poemas dos fados, por exemplo, possam ser entendidos por toda a gente. Além disso, vamos juntar ao concurso de contos um concurso de poesia. Por isso eu diria que há aqui uma evolução, talvez um pouco mais de ambição. Julgo que temos entre os nossos convidados nomes muito importantes da literatura lusófona e chinesa.

É um festival literário com muito mais para além de literatura...Temos alguns cineastas que vão trazer filmes e que estou seguro que serão muito bem recebidos, nomeadamente um filme sobre Macau "A última vez que vi Macau". Vamos ter também uma homenagem a Jorge Amado. Está em Macau a filha de Jorge Amado, Paloma. Vamos mostrar um documentário sobre a carreira de Jorge Amado e inaugurar uma exposição sobre a sua obra.

Finalmente teremos também exposições de artistas locais, uma mostra coletiva com mais de vinte artistas de Macau e também uma outra com artistas de Goa e de Cantão, que vieram até Macau alguns dias antes do festival para aqui produzir algumas obras que vão estar em exposição a partir de quinta-feira.

No ano passado houve muitas cadeiras vazias. De que forma esperam chamar mais atenção do público de Macau? A nossa expetativa é que este ano haja bastante mais público. Vamos guardar as manhãs para os nossos convidados irem até às escolas de Macau. Escolas secundárias e universidades. Praticamente temos cobertas quase todas as instituições de ensino superior de Macau e também várias escolas. A Escola Portuguesa, Escola Pui Cheng e escolas luso chinesas vão receber os nossos convidados. Estou convencido que serão centenas de alunos, aqueles que vão poder conviver ao longo desta semana com os escritores.

Há pouca literatura em língua portuguesa e inglesa sobre Macau. O festival e o concurso de contos poderão ser uma forma de colmatar esta lacuna? Eu acho que sim. O simples fato de se falar muito mais de literatura nestas alturas, ajuda um pouco. O convívio com os autores que aqui vêm, que são pessoas de grande qualidade, gênios com muito talento e também de grande prestígio é muito importante para cativar as pessoas para a escrita, nomeadamente os mais jovens. Além disso, acho que o concurso de contos que lançámos no ano passado foi já um passo importante para gerar algum interesse. A verdade é que tivemos dezenas de pessoas a escrever tanto em português como em chinês. Tivemos uma agradável surpresa porque recebemos também vários contos do Brasil e eu julgo que esta é uma oportunidade de as pessoas verem os seus contos publicados, não apenas em português mas também traduzidos para inglês e chinês e vice -versa. As pessoas que escrevem em chinês terão também os seus contos publicados em inglês e português, o que significa que lhes é dada a oportunidade de terem os contos publicados e ainda por cima junto de autores consagrados, o que é para mim altamente estimulante e o segredo do elevado número de trabalhos que recebemos o ano passado. Penso que com maior divulgação, este ano podemos bater esses números.

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