Inês: Então, obrigada para todos os internautas.

Paulo: Primeiro, gostaria de agradecer a todos os meus amigos da CRI, com os quais eu passei anos maravilhosos, é um prazer revê-los. E agradecer o internauta e a todos os operadores e todos os que nos ajudaram a produzir o programa.

Zhang: Obrigado.

Inês: Bem, meus caros internautas. O nosso diálogo vai chegando ao fim. Gostaríamos muito de agradecer a participação de todos você e expressar os nossos especiais agradecimentos aos professores Zhang Baoyu e Paulo Vicentini.

Inês: Obrigada pelo comentário. Vamos ouvir novamente o jornalista brasileiro, Carlos Tavares, sobre a perspectiva das relações sino-brasileiras.

Paulo: Momentos distintos. Eu já estava na China quando o atual governo brasileiro fez a sua visita, em maio de 2004, e, a rigor, foi um autêntico carnaval no Brasil. Lotaram dois aviões e o discurso era "vamos invadir e conquistar o mercado chinês". Criou-se uma série de expectativas de exportação, havia um choque cambial muito grande no sistema cambial brasileiro. Aquela situação, criou essas expectativas que, realmente, não aconteceram. E não há culpa do governo chinês nisso. As conseqüências vieram em 2005. O presidente Hu Jintao foi ao Brasil e assinou um protocolo de intenções para o reconhecimento da economia de mercado na China que até hoje não foi homologado. Eu acho que, de 2006 para cá, a coisa se reencaminhou. Acho que, a partir daquele momento, tanto o governo quanto a população brasileiro já estão mais maduros ao enxergar a economia chinesa. O setor empresarial sempre foi maduro em relação à China. Sempre teve uma leitura muito concreta, sem criar falsas expectativas. Em relação à visita que o presidente Lula fará no próximo ano à China e à visita que o primeiro-ministro Wen Jiabao fará ao Brasil, eu vejo um quadro muito diferente, mais sólido e muito mais calcado em fatos concretos do que em discursos. É um processo de evolução, sem dúvida. E, inclusive, de evolução nas relações bilaterais. Eu nunca vi a China mudar de um momento para o outro sua relação com outro continente ou país. A visão da China é sustentável, embora leve alguns anos. No Brasil, a política externa está sujeita à troca de governo. Mas eu não vejo uma mudança muito grande depois das eleições de 2010 no Brasil. A política externa da China para o Brasil será mantida, independente da posição ideológica do governo. E é assim que deve ser.

Inês: Professor Paulo. Fernandes queria saber qual a sua avaliação sobre as relações sino-brasileiras desde a troca de visitas de alto nível realizada em 2004?

Inês: Quanto às cooperações sino-brasileiras, o embaixador brasileiro expressou também suas opiniões. Vamos ouvir.

Zhang: Há varas maneiras para reforçar o intercâmbio cultural entre os dois lados. 1) Reforçar troca mútua de alunos a estudar na outra parte. Agora, são muito poucos alunos tanto do Brasil como da China, estudando no país da outra parte. 2) Estabelecer representações culturais na outra parte. Agora, a China está estabelecendo Instituto Confúcio, com o apoio da USP no Brasil. A China pode difundir sistematicamente em via de Instituto Confúcio a cultura tradicional e moderna da China. O Brasil já tem um núcleo de cultura brasileira na Universidade Pequim, fundado em 2004, quando o presidente Lula visitou a China. E Lula também participou da cerimônia da abertura do núcleo. Eu sou professor convidado do núcleo. Esse núcleo tem várias atividades, como por exemplo, dá aula de português para alunos e amadores de língua portuguesa, organiza palestras sobre cultura brasileira, assim como o desenvolvimento econômico do Brasil. Eu falei isso várias vezes. Isso contribui muito para o povo chinês conhecer o Brasil. 3) Desenvolver turismo, com que os chineses e brasileiros podem conhecer pessoalmente o países de outra parte. 4) Estimular visitas mútuas de delegações de cultura. Arte e esporte. Eles são enviados culturais e tem tarefas de difundir a cultura própria para outra parte. 5) Reforçar o trabalho de pesquisa e tradução. Na China, há um instituto de América Latina, subordinado à Academia de Ciências Sociais da China. O instituto divide-se vários departamentos. Um deles é do Estudo dos países latino-americanos. O Brasil é alvo importante do estudo. Já saíram vários livros e artigos. Um deles é ?Estudo da Modernização do Brasil? escrito por mim. No Brasil, também alguns instituto que estudam os problemas da China. Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia-Pacífica é um deles. Eu sou professor associado do Instituto. As publicações dos produtos de estudo são vantajosos para povos dos dois países conhecerem outra parte.

Inês: Recebemos também uma pergunta de Fernandes. Ele é engenheiro e trabalhou na China entre 1982 e 1983. Para ele, o comércio entre a China e o Brasil cresceu muito nos últimos tempos, mas os brasileiros têm pouco conhecimento sobre a cultura chinesa. Como a China e o Brasil reforçam suas relações bilaterais, sobretudo na área cultural? O senhor Zhang?

Inês: Bom, todos. Estamos numa conversa on-line pelo motivo do lançamento do documento da política chinesa para com a América Latina e o Caribe e da visita do presidente chinês, Hu Jintao, à região. Vamos agora fazer uma breve retrospectiva sobre as relações sino-brasileiras.

Paulo: Papéis muito diferentes. A participação da China no comércio internacional é muito grande e a do Brasil é muito pequena. Como a China participa muito mais, e é a maior investidora em títulos do tesouro norte-americano, é muito maior. E o peso que ela carrega nos ombros também é muito maior. A economia chinesa e a americana hoje são irmãs siamesas. Uma não existe sem a outra. E os dois governos estão plenamente conscientes disso e estão conversando positivamente para superar essa crise econômica que, na minha avaliação, vai durar 2 anos. O custo de produção na China é muito inferior ao custo de produção no Brasil. Enquanto a China está investindo no interior, nas áreas rurais, tentando fomentar o comércio, o governo brasileiro, de forma geral, que a melhor maneira de enfrentar a crise não é aumentando a verba de custeio. A China investe em produção, em infra-estrutura. Eu creio que a concessão de linhas de crédito que a China vem promovendo para outros países é decisiva. Agora, um governo responsável também se faz por investimentos responsáveis. O governo chinês se pauta pela viabilidade e pelo retorno de investimento dos projetos. Se os países parceiros da China apresentarem projetos sustentáveis, a China investe, como é o caso de Angola. Agora, para o Brasil, ainda falta muito. O Brasil, essencialmente, não tem falta de dinheiro. O Brasil tem alguns problemas de onde investir o dinheiro. Acho que isso está sendo superado, nos próximos cinco anos será superado. É isso. Pesos diferentes, cenários diferentes. A China hoje é um gigante das finanças internacionais e o papel dela é muito maior do que o brasileiro.

Inês: Bem. A partir da fala de Tavares, me parece que a cooperação será um meio eficaz para os dois lados superarem a atual dificuldade. Professor Paulo. O ouvinte Alessandro Gonzalez queria saber quais os papéis da China e do Brasil no cenário mundial para encontrar soluções à esta crise?

Tavares: Eu acho que a China pode prestar um grande auxílio ao Brasil, porque a China hoje tem um excesso, o embaixador disse em São Paulo que não falta dinheiro na China. Realmente, não falta. Ela está com 2 trilhões de reservas e tem 1 trilhão de investimentos, então, está com muito dinheiro em caixa. Ela poderia aumentar os financiamentos dela no Brasil, em algumas áreas em que nós estamos precisando de investimento. As áreas de portos, estradas, usinas hidrelétricas, a China poderia entrar melhor e concorrer. Como eles têm dinheiro, o Brasil economizaria, porque não precisaria gastar dinheiro do BNDES. A China tinha uma disponibilidade para os países emergentes de US$ 200 bilhões. Então, se ela designar pro Brasil 20% desse dinheiro, já é muita coisa. Então, é uma parte em que a China pode ajudar o Brasil. E nós vamos continuar exportando as matérias-primas e as commodities que a China precisa, que o povo chinês precisa pra melhorar o padrão de vida.

Inês: Bom. Vamos escutar agora a opinião do jornalista Carlos Tavares sobre como o Brasil e a China enfrentam a turbulência financeira

Zhang: Sob conjuntura atual, o governo chinês incentiva consumo interno, adotando uma política fiscal ativa e uma política monetária moderadamente flexível. As autoridades já aprovaram um plano de estímulo econômico estimado em quatro trilhões de RMB, que serão investimentos antes de fim de 2010, para financiar 10 programas seguintes: 1) Moradia: Construir casas com preços mais acessíveis e de aluguel baixo. Além disso, acelerar a eliminação dos bairros pobres. 2) Infra-estrutura rural: Acelerar a construção da infra-estrutura rural. As redes de estradas e de eletricidades no campo serão melhoradas. Impulsionar o uso de gás metano. Garantir a segurança da água potável. Também acelerar o projeto de desvio da água do sul para o norte. 3) Transporte: Acelerar a expansão da rede de transporte, inclusive conexões de trens de passageiros e rotas de carvão mais dedicadas. Serão construídas mais aeroportos no oeste do país. 4) Saúde e educação: Reforçar os serviços de saúde e médicos, melhorando o sistema das bases. Acelerar o desenvolvimento dos setores culturais e educativos. 5) Meio ambiente: Elevar a construção de instalações de tratamento de água e esgoto. Aumentar o apoio aos projetos de conservação de energia e de controle da poluição. 6) Indústria: Elevar a inovação e a reestruturação industriais e apoiar o desenvolvimento de indústria de alta tecnologia e de serviço. 7) Reconstrução pós-desastres: Acelerar a reconstrução nas áreas afetadas pelo terremoto de 12 de maio deste ano. 8) Renda: Elevar a renda média nas áreas rurais e urbanas, com maneira de aumento de vários subsídios. 9) Impostos: Ampliar as reformas de normas em relação ao imposto de valor agregado para todas as indústrias, a fim de reduzir carga fiscal. 10)Finanças: Elevar o apoio financeiro para manter o crescimento econômico.

Inês: Professor Zhang. A seguinte pergunta também vem de Juliana. Ela queria saber quais medidas o governo chinês adotou para enfrentar essa crise?

Paulo: O capitalismo internacional tem essas coisas. Há momentos cíclicos. A cada 7 anos você tem o estouro de uma série de bolhas. Isso é relativamente normal. Este momento de ajuste no cenário internacional é muito mais forte, e veio para ficar de 2 a 3 anos, impactando todas as economias do mundo. Nenhuma economia está isenta. O impacto foi maior do que o esperado na economia, mas a China tem o poder de compensar esses impactos com medidas práticas. Não é qualquer país hoje que pode dispor de 586 bilhões de dólares para estimular o mercado interno. O que é benéfico para o mundo, porque se nós pegarmos os exemplos da crise asiática de 1997, a China colaborou com o mundo mantendo a taxa de câmbio do yuan e investiu pesadamente em infra-estrutura. Isso foi extremamente benéfico para a China e para o mundo, porque consolidou a China como a fábrica mundial de produtos de manufatura. Inflação, neste momento, não é prioridade para nenhum país do mundo. O importante é manter o crescimento. E eu acredito que a China vá manter uma taxa em torno de 8%. Sem esse pacote, a China não cresceria mais do que 5,5%. Aí, sim, provocaria um efeito dominó em todas as economias do mundo e efeitos incomensuráveis, porque a China hoje é um país fundamental para outros países em desenvolvimento e para outras economias. Então, o melhor que a China poderia fazer para a economia mundial, hoje, ela está fazendo. Está mantendo o investimento nos EUA, vai investir pesado em obras de infra-estrutura e, basicamente, se a China continuar crescendo já ajudará. Qualquer mercado de trabalho está sendo atingido por isso. A previsão é de que 68 mil empresas exportadoras, pequenas e médias empresas, foram duramente atingidas no primeiro semestre. Mas, nenhuma economia do mundo deixou de ser atingida. Essa é uma situação conjuntural, não é uma situação estrutural da economia chinesa. É o momento. Eu acredito que, nos próximos 10 anos, o governo chinês poderá ampliar as reformas sociais. Vamos ter o seguro social para os trabalhadores, o serviço médico. A China, aí sim, estaria contribuindo decisivamente para o crescimento da economia mundial. Mas isso nos próximos 10 anos. A China não faz nada de imediato. É impossível.

Inês: Professor Paulo. A ouvinte Juliana, de São Paulo, trabalha no setor financeiro há vários anos. Ela mandou uma mensagem: O senhor vive na China há quase seis anos e é especializado em economia chinesa. O senhor poderia traçar um panorama para os ouvintes e internautas da CRI sobre o atual momento da economia chinesa? A vida da população local é atingida pela crise?

Inês: Para o embaixador brasileiro, Clodoaldo Hugueney, países como a China e o Brasil serão inevitavelmente atingidos pela crise, mas os dois gigantes devem procurar, junto como outros países, soluções adequadas.

Inês: Falando neste momento das relações entre a China e a América Latina e o Caribe, é inevitável citarmos a atual crise que atinge o sistema financeiro mundial.

Paulo: É importante, muito importante. Primeiro, ao contrário do que pensam alguns, eu vejo um papel fundamental dos EUA no crescimento da China e do Brasil. De 2002 para cá, o crescimento dos EUA e da Europa possibilitou a esses países a formação de grandes reservas de divisas financeiras. Isso deve amortizar um pouco as conseqüências da crise. Mas é bom lembrar sempre: essas reservas só foram formadas pelo rápido desenvolvimento dos EUA, da Europa e do Japão. A chegada da China ao BID é interessante. Hoje, o foco das empresas americanas está na Ásia. Então, a chegada da China como meio de financiamento de infra-estrutura, de empresas e exportações e como consumidora de commodities é muito importante para a região. E não há aqui um aspecto ideológico, a China não pauta suas relações internacionais pelo aspecto ideológico. Há uma postura econômica de benefício recíproco e acredito que agora, com a eleição de Barack Obama, a equipe dele vê com bons olhos a chegada da China. É benéfico para todos os países. Especialmente para os países que já possuem um laço maior. Para o Brasil em um segundo momento, porque o Brasil é o líder, é a maior economia da América Latina. A China é o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Há pequenos atritos. Por causa de pequenos atritos, deixa-se de falar sobre coisas grandes. Mas o presidente Lula virá à China no ano que vem, o premiê Wen Jiabao deve ir ao Brasil. Haverá ajustes que vão resolver esses pequenos atritos. Vamos pegar como exemplo o comércio bilateral China-EUA. Há pequenos atritos, também, mas a China também tem uma parceria comercial muito grande com os EUA.

Inês: Professor Paulo. Já tenho aqui uma pergunta do José Amado. Ele quer saber a iniciativa chinesa poderá trazer que tipo de mudanças para as relações sino-latino-americanas?

Inês: Em relação à adesão chinesa ao BID, a CRI entrevistou também o embaixador chileno, Fernando Reyes e o embaixador mexicano na China, Jorge Guajardo.

Inês: Vamos ouvir a opinião do embaixador brasileiro na China, Clodoaldo Hugueney, sobre o tema.

Inês: A China vem elevando sua participação nas organizações internacionais. O Banco Interamericano de Desenvolvimento anunciou no mês passado que a China vai ser seu 48º membro.

Helder: Na semana passada, o governo chinês, por meio do Ministério das Relações Exteriores, publicou um novo texto que demarca a postura chinesa em relação à sua política externa para América Latina e Caribe. Esse novo texto marca, então, um novo momento nas relações sino-latino-americanas. Como nós sabemos, desde a proclamação da República Popular da China, em 1949, a política externa chinesa passou a ser uma política externa que visa a uma cooperação entre os países em desenvolvimento, uma política externa que prevê a coexistência pacífica, bem como a autodeterminação dos povos. Desde esse momento, então, a China buscou ter uma nova inserção internacional, de modo que seus interesses fossem atendidos mas, também, passou a buscar parcerias com os povos em desenvolvimento, com as nações que não tinham condições de serem uma potência ou de serem de primeiro mundo. Dentro dessa postura, a China enfrentou um pouco de resistência, porque era um país socialista, enquanto toda a América Latina não era, por isso, divergências ideológicas, a China não conseguiu manter relações diplomáticas com aqueles países. Nesse ano, que marca o trigésimo aniversário da reforma e abertura, promovida por Deng Xiaoping, então, a gente tem uma nova diretriz chinesa para América Latina e Caribe. Essa diretriz enfatiza a postura de coexistência pacífica, de autodeterminação dos povos e parceria sul-sul. Apesar de a China estar no hemisfério norte, quando se considera um país "sul" é um país em desenvolvimento. A China é o maior país em desenvolvimento do mundo e a América Latina é uma região com uma grande quantidade de países em desenvolvimento, então, quando a China propõe desenvolver parcerias sul-sul ela quer dizer buscar a convergência tanto econômica quanto política e social para que a China e a América Latina possam caminhar juntos para conseguir mais benefícios no sistema internacional que é um sistema díspar. É um sistema em que os países mais avançados tentam adquirir mais vantagens para si. Então, dentro dessa política, a gente percebe esse primeiro elemento, que é a parceria sul-sul. Percebe, também, a busca de uma harmonia, de um equilíbrio entre as exportações e importações de ambos os lados, de modo que a China continue a importar produtos agrícolas e matéria-prima e exporte tecnologia. Ao mesmo tempo, para que a balança comercial de ambas as regiões não se torne deficitária, há uma importação chinesa de outros produtos industrializados. Um terceiro ponto também que é perceptível na nova diretriz é a questão de transferência de tecnologia e investimento chinês para a região, para que as empresas chinesas possam ter filiais nesta região, que o comércio aumente e as regiões econômicas aumentem.

Inês: Muito obrigada professor Zhang. Vamos, agora, ouvir a opinião de Helder Paulo Machado Silva, de Goiás, Brasil.

Zhang: Qual é efeito positivo da visita do presidente chinês à região. Certamente, a visita do presidente chinês Hu à América Latina tem grande efeito positivo para o desenvolvimento das relações entre a China e América Latina e Caribe. As razões são seguintes: 1) A visita recíproca de alta categoria tem função importante no desenvolvimento das relações entre os países. As opiniões dos líderes podem dominar a situação e o rumo. 2) No processo da visita, Hu Jintao explica, sem dúvida, a situação e política da China, apresentando propostas sobre desenvolvimento das relações para os líderes da América Latina. Assim, o povo da região pode ter mais conhecimentos sobre a China. Isso contribui para o desenvolvimento das relações bilaterais. 3) A visita do presidente chinês pode conseguir um consenso sobre problemas bilaterais e internacionais, com os líderes dos países a que faz visita. Isso é vatajoso para desenvolver as relações bilaterais. 4) A visita do Hu Jintao pode resolver alguns problemas respeitantes que ainda não são resolvidos. Por conseguinte, o desenvolvimento das relações bilaterais pode apanhar uma força impulsiva.

Inês: O ouvinte Francisco Lee queria saber qual a avaliação do professor Zhang sobre esta nova visita oficial de Hu à região

Inês: O presidente chinês, Hu Jintao, está visitando três países latino-americanos. É o terceiro giro oficial do presidente chinês à região, após as visitas a quatro países latino-americanos em 2004 e ao México em 2005.

Inês: Bom. Estamos participando do programa on-line falando sobre as relações entre a China e a Latina América e o Caribe, em companhia dos professores Zhang Baoyu e Paulo Vicentini. Vocês podem enviar suas perguntas para o site da Rádio Internacional da China www.cri.com.cn. Vamos a uma pequena pausa. Voltamos já já.

Tavares: Eu li o relatório e acho que está muito bom. Aborda todos os problemas, está sintético, aborda economia, parte social, educacional, está excelente o relatório. A parte do Brasil não tem problema. Na parte econômica, de relações comerciais, esse trabalho que vai ser apresentado lá na reunião de Lima está muito bom. Interessa ao Brasil e é bom para o estreitamento de relações entre o Brasil e a China. A parte mais impressionante é a parte da economia, que é o meu setor. A China está propondo um entendimento conjunto com os países da América Latina. A China já tem um relacionamento muito bom com o México e com o Peru. Isso pode ser estendido ao Brasil. O embaixador Cheng Duqing está fazendo um esforço enorme, ele é meu amigo e eu também estou procurando fazer a China melhor entendida no Brasil. Tanto que nós vamos organizar agora, no dia 26, um seminário sobre as relações culturais Brasil-China, para haver melhor entendimento. A China, com aquele pacote de US$ 586 bilhões, ela está estimulando o mercado interno e a produção, isso vai favorecer o Brasil. Eles vão continuar importando o minério de ferro, a soja e a celulose, que são três grandes itens da exportação brasileira para a China. E a China agora está mandando para o Brasil não é quinquilharia nem brinquedo, são máquinas para a indústria. O relatório está muito bom. O embaixador da China fez uma conferência em São Paulo, na Federação do Comércio, dizendo que é preciso entendimento entre o Brasil e a China, maior entendimento, para enfrentar essa crise que não foram os países emergentes que criaram. Essa crise foi criada nos EUA, com a falta de controle, a falta de regulamentação. Hoje, todo mundo é unânime, os próprios americanos sabem que a crise foi desencadeada porque não houve controle nem fiscalização. E ninguém foi preso lá, não tem nenhum banqueiro preso, nenhum financiador. Eles estão recebendo dinheiro, vão resolver o problema, mas não há punição por enquanto.

Inês: Muito obrigada, Paulo. O jornalista e colunista brasileiro do Jornal O Globo, Carlos Tavares, publicou uma série de vários livros sobre a China. Ele condeu uma entrevista exclusiva ao correspondente da CRI no Brasil, Renato Lu, Vamos ouvir sua opinião sobre o documento.

Paulo: Basicamente, o Brasil é líder mundial em tecnologia de energia renovável com o Pro-álcool. Eu vejo com bons olhos, por exemplo, a intenção da China em distribuir em Angola e Moçambique o álcool, o que ajudaria o Brasil. Na área de Aviação civil, a Embraer, com contrato para dois aviões. Tem outros projetos de tecnologia, como é o caso do Cibers. O Brasil, obviamente, espera que a China invista em sua infra-estrutura. E há um problema de liquidez no mercado que não havia 2 anos atrás. A China pode vir a se tornar uma grande investidora. Esses investimentos têm que ser em projetos concretos e com retorno.

Hoje, o PAC, por exemplo, basicamente, vem com as parcerias público-privadas. Acontece que a legislação brasileira ainda não está completa nesse aspecto. Com o clima, agora, de recessão mundial, está mais difícil encontrar dólares. Mas eu acredito que nos próximos anos, com o estabelecimento do Banco da China no Brasil, alguns projetos como metrô, estradas, a exploração da camada de petróleo do pré-sal, acredito que a China vai participar destes projetos. Agora, o Brasil tem que fornecer para a China as garantias, como para qualquer país, as garantias de investimento.

Inês: O internauta Luiz Fernando, de Pernambuco, enviou uma pergunta destinada do professor Paulo Vicentini. Para o senhor, em quais áreas a China e o Brasil têm potencial de desenvolver suas cooperações?

Zhang: O Documento sobre política da China para América Latina e Caribe diz: "A paz e desenvolvimento do mundo enfrentam tanto novas oportunidades como numerosos desafios." São várias as razões da conclusão sobre o aparecimento das oportunidades da cooperação dos dois países, China e Brasil. A publicação do Documento sobre política da China à América Latina e Caribe, assim como a visita do presidente Hu à América Latina, os dois eventos abrem nova situação de cooperação entre os dois países. Além disso, os governos federal e estatais do Brasil elaboraram e publicaram vários documentos de políticas para o desenvolvimento das relações bilaterais, como por exemplo, o governo do Brasil já elaborou um documento intitulado "Agenda China: Ações positivas para a1s relações econômicas ? comerciais sino-brasileiras", que tem dois alvos: 1) triplicar as exportações para a China até 2010; 2) atrair mais investimentos chineses para o Brasil. Além disso, o governo brasileiro publicou Estudo do Oportunidades de Negócios no Mercado Chinês. A meu vez, as medidas seguintes devem ser tomadas para fortalecer a cooperação. 1 Nas circunstâncias atuais, o governo tanto a China, como o Brasil, deve realizar política monetária relativamente ampla, criando várias linhas de créditos para empresas. Assim as empresas podem participar nas atividades econômicas internacionais, com fundos correntes suficientes. 2 Há várias projetos em que existem as cooperações entre os dois lados. Eu acho que na área de energia renovável, os dois devem reforçar cooperações. Nesse caso, o Brasil está na frente no mundo, etanol, biodiesel. 3 Os governos devem conduzir os empresários a investir nas zonas atrasados na outra parte. Na China, o governo central está realizando política de "desenvolvimento amplo no Oeste" e "faz prosperar a velha base industrial do Nordeste". As empresas chinesas podem investir no Nordeste e na fronteira agrícola do Oeste no Brasil. Nessas zonas há muitas oportunidades de investimento para os empresários dos dois países.

Inês: A internauta Mônica Teixeira também nos enviou uma pergunta. Ela gostaria de saber como a China e o Brasil aproveitarão esta oportunidade para reforçar suas relações comerciais. Professor Zhang..

Inês: O embaixador brasileiro na China, Clodoaldo Hugueney, também falou sobre o ducumento durante a entrevista exclusiva que concedeu à CRI. Vamos ouvir a sua opinião.

Zhang: Na minha opinião, há ao menos três elementos que formam o contexto. Primeiro, o contexto tem ligação com a situação do desenvolvimento das relações bilaterais. Agora, o desenvolvimento das relações entre a China e América Latina está na nova etapa. As razões são seguintes: 1) Aumento do número de países da América Latina e Caribe que estabeleceram relações diplomáticas com a China. 2) Aumento das visitas mútuas de alta categoria. 3) Aumento dos contatos entre o Partido Comunista da China com diversos partidos políticos da região. 4) Crescimento sustentado do comércio bilateral e cooperação econômica. O volume de comércio bilateral já alcançou US$ 102,57 bilhões em 2007. Nestas circunstâncias, para desenvolver ainda mais as relações bilaterais, necessita resumir as experiências, definir claramente a estratégia e política. Segundo, o contexto tem ligações com atual conjuntura mundial. O mundo está enfrentando a crise financeira internacional. O aparecimento do problema tem ligações estreitas com a existência do velho sistema financeiro internacional. Por isso, tem que mudar esse sistema, estabelecendo nova ordem financeira internacional. Os países emergentes devem participar conjuntamente desse processo. Nessas circunstâncias, a China e América Latina devem reforçar a amizade e cooperação. O presidente brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva tem dito que um novo sistema só será "justo" se foi construído em parceria, inclusive os países ricos e pobres. A publicação do Documento sobre a política da China à América Latina e Caribe mostra que a China tem em boa consideração para América Latina e Caribe. A unidade e cooperação entre os dois lados contribuem a solução dos problemas mundiais. Terceiro, o contexto tem ligação com a visita de Hu à América Latina e Caribe. Na véspera da visita do presidente chinês Hu à América Latina e Caribe, a publicação do documento tem função de coordenação, a fim de aumentar o conhecimento do povo latino-americano e caribenho sobre a China.

Inês: Professor Zhang... O internauta, José Silva, de Brasília, a Capital do Brasil, gostaria de saber por que a China lançou neste momento o documento e qual o seu contexto?

Inês: A China divulgou no dia 5 deste mês o Documento sobre a Política da China para América Latina e o Caribe. O documento expressa as intenções do governo chinês de ampliar suas cooperações com a região e define as áreas onde as duas partes poderão expandir seus intercâmbios.

Paulo: Olá, amigos da Rádio Internacional da China.

Inês: Conosco também Paulo Vicentini. Atualmente, é professor de Economia Política da Universidade de Comunicações Sociais da China, em Nanjing, e colaborador da revista espanhola Vanguardia Dossier e do Observatório da Política Chinesa da Galícia (Espanha).

Zhang: Olá, amigos da Rádio Internacional da China.

Inês: Primeiro, gostaria de apresentar os dois convidados. Zhang Baoyu - professor e ex-diplomata - ocupou os cargos de Cônsul da China no Rio de Janeiro e de presidente da Comissão Acadêmica do Instituto de Pesquisas sobre a América Latina da Academia de Ciências Sociais da China. Seja muito bem-vindo, professor.

Inês: O governo chinês divulgou, no início de novembro, o seu primeiro documento específico sobre a política chinesa em relação à América Latina e Caribe. Neste momento, o presidente chinês, Hu Jintao, está promovendo uma visita oficial à Costa Rica, Cuba e Peru.Além disso, Hu participará, daqui a dois dias, da 16ª reunião dos líderes dos países membros da APEC, em Lima, a Capital peruana. As relações entre a China e a América Latina e o Caribe estão vivendo uma fase de expansão sem precedentes. Por esta série de motivos, o Departamento de Língua Portuguesa da Rádio Internacional da China decidiu promover este diálogo on-line e trazer dois convidados especiais para participarem dos debates e atender os nossos ouvintes: o ex-diplomata e pesquisador chinês Zhang Baoyu, especialista em América Latina, e o historiador e professor brasileiro Paulo Vicentini.

Inês: Olá, amigos da Rádio Internacional da China. Sou Zhu Wenjun.