O "Cinturão e a Nova Rota": megatransformação mundial e destino comum compartilhado

cri Published: 2017-05-11 16:13:48
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"O bem supremo é como água/água beneficia as dez-mil-coisas sem disputa", Dao De Jing

Por Severino Cabral

Nos próximos dias 14 e 15 de maio realizar-se-á em beijing, capital da China, o "Fórum para a Cooperação Internacional o Cinturão e a Rota", que contará com a participação esperada de líderes de 28 países, do secretário-geral das nações unidas, e mais delegados de 110 países e 61 organizações internacionais. Trata-se de um mega evento onde serão debatidos os rumos da china e do mundo no século XXI. Acontecimento é capaz de mobilizar a opinião internacional pela grandeza do projeto e o seu possível impacto no conjunto da economia mundial neste começo do século XXI.

Nos últimos quarenta anos, como grande mercado emergente, a China desenvolveu, num ritmo avassalador, a maior planta industrial do planeta, tornando-se um gigante manufatureiro. Com esse feito, conseguiu a proeza de retirar da pobreza absoluta do meio rural-agrário mais de meio bilhão de seres humanos, levando o país à construção de uma gigantesca área urbana-industrial.

Ultrapassado os anos do século XXI, novos desafios e oportunidades surgiram no horizonte da China. A começar pela posição que ora ocupa na economia mundial, como segundo maior produto industrial bruto (PIB), que poderá vir a ser transformada, fazendo com que ela venha a ocupar o primeiro lugar no ranking global. Ao avançar no caminho da elevação da renda doméstica e da melhoria de vida e eficiência da nova economia, a china estará entrando num novo tempo na relação com o mundo.

Certamente será um tempo de múltiplo e intenso relacionamento, posto que, nas condições complexas em que ora vive o sistema internacional contemporâneo, a interdependência se impõe; e, desse modo, o que se passar na economia mundial trará consequências reais e incontornáveis para a economia chinesa—e para o conjunto da economia mundial.

Contudo, o extraordinário exito no crescimento da economia chinesa que tem impacto sobre a economia mundial, vem desafiando sua liderança a não só enfrentar novos desafios, como também ser interpelada a responder com novas políticas e novas iniciativas, no campo econômico e social, que sustentarão projetos e acarretarão consequencias para toda região asiática e bem assim para todo o mundo.

Neste sentido, como uma das macrotendencias no curso das mudanças globais, é possível visualizar-se, no contexto internacional de hoje, as forças motoras que se movem em direção ao surgimento de uma "nova mundialidade". Elas estão a engendrar as oportunidades que ora se apresentam para o mundo, a partir da existência da China-- tal como é e tal como virá a ser--; e materializam a possibilidade real de que uma profunda mudança operada no sistema internacional venha por em evidência, não apenas a transição do centro de gravidade do poder mundial para a área do pacífico oriental, como também a emergência de novos centros mundiais de poder.

Essas transformações têm tido como forças motrizes essenciais -- que estão a mobilizar todos os povos, nações e estados do mundo—, o sistema financeiro global acoplado à revolução cientifica e tecnologica. Ambas se alimentam mutuamente, apresentando uma velocidade excepcional de incremento e de capacitação. todas as sociedades nacionais, portanto, estão imersas neste oceano de mudanças. mas, dada a lógica do processo em curso, só as mega unidades políticas ativas terão sobrevida no final do ciclo.

Por isso a integração regional se tornou parte da estratégia dos estados para aumentar a presença no mercado mundial e assimilar os avanços do progresso e da inovação tecnologica. São necessários esses avanços na cooperação regional para enfrentar o eterno problema da escassez de recursos naturais e do impacto ambiental sobre o equilíbrio sócio-ecológico planetário.

Neste sentido podemos observar e avaliar positivamente importantes iniciativas engendradas pela liderança chinesa como o "cinturão econômico da rota da seda" e a "rota da seda marítima do século XXI". anunciadas pelo presidente Xi Jinping em 2013, elas apontam na direção da cooperação da Ásia, Europa e África.

Na atualidade sua progressiva implantação parece ser crucial para revitalizar o comércio mundial, pois ela deve implicar num amplo movimento de construção das infraestruturas necessárias à restauração das rotas comerciais do mundo antigo em pleno novo século e novo milênio. Em paralelo a essas iniciativas estão sendo construídos os instrumentos financeiros avançados de sustentação da nova economia: o Fundo da Rota da Seda e o Banco de Investimento em Infraestrutura Asiático. A sua realização deverá estabelecer um novo paradigma para a cooperação internacional, dando inicio a uma nova etapa da "globalização", de maior abertura, inclusividade e interconectividade.

Essa nova etapa da globalização, que antecipa o futuro da economia e da politica internacional, pode vir a iluminar o caminho e a passagem para outras e complementares ações inspiradas na história e na cultura universal. É conhecida a ideia de que uma rota ocidental nova se abriu no começo dos tempos modernos e reclama atenção mundial: trata-se da recuperação da rota do novo mundo inaugurada pelos países ibéricos (Portugal e Espanha) no começo dos tempos modernos--- a "carreira das índias" e a "carreira do pacífico".

É muito possível, e altamente provável, que sua adição futura ao projeto do "Cinturão e da Rota", dará visibilidade ao fato da emergência do mundo multipolar, e, consequentemente, de "nova mundialidade", assentada na condição estratégica da cooperação integral da China com o Brasil e com a América Latina.

Ao analisar a situação internacional contemporânea e os esforços das economias nacionais de se adaptarem ao ritmo da mudança em escala global, vemos que novo e importante instrumento está a se criar com a decisão do conjunto dos países emergentes, unidos no processo brics, de se constituírem numa nova forma institucional a coexistir com as formas tradicionais da economia desenvolvidas, através da criação de novas instituições de governança economica global. as instituições recem criadas são: o Novo Banco do Desenvolvimento do Brics, um espelho do Banco Mundial; e o Acordo Contingente de Reservas-- espelho do FMI. Elas constituem um instrumento avançado do Brics, plataforma de governança global formada pelos grandes países emergentes—Brasil, China, Índia e África do Sul mais a Rússia.

Certamente a solução dos problemas economicos e sociais chineses serão resolvidos pelos esforços consequentes dos chineses. E a solução desses problemas terá um impacto considerável na condução dos problemas economicos e sociais dos outros povos, tanto dos países desenvolvidos como em desenvolvimento.

A "nova normalidade" só se efetivará num contexto internacional ambientado para acolher e alimentar a megasociedade moderna em construção na china, e alhures, ou seja--- com o advento de uma "nova mundialidade".

É de esperar que o "Fórum de Cooperação Internacional o Cinturão e a Rota", nos dias 14 e 15 de maio, possa dar lugar ao processo de transformar o grande projeto do cinturão e da rota no claro e sólido roteiro de construção de um novo tempo mundial baseado nos nobres princípios da paz e do desenvolvimento comum da humanidade.

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