Vacina chinesa: saúde e solidariedade

Published: 2021-03-30 10:20:57
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Resultados do maior esforço científico da história chinesa, imunizantes salvam vidas e são o caminho para um mundo saudável, desenvolvido e fraterno

Mais de um ano depois do surto do novo coronavírus na cidade de Wuhan, no centro da China, o país asiático segue protagonista das discussões sobre a doença. Porém, se antes o problema era ser o epicentro da pandemia, agora a potência asiática se apresenta como solução. Quatro bilhões de doses de vacinas é o objetivo da China para o futuro próximo, um atendimento a creca de 40% da demanda global por imunizantes. Internamente, a China quer ver 70%-80% de sua população vacinada até 2022. Ainda há uma coordenação mundial de distribuição de vacinas, em alguns casos gratuitamente, graças ao entendimento chinês de que população mundial saudável é igual a economia internacional próspera.

No entanto, curiosamente, os esforços da China têm despertado mal-entendidos e rumores equivocados sobre o papel da China no surgimento, enfrentamento e solução do problema. A nação do Extremo Oriente já foi dita, por alguns, responsável pelo vírus, beneficiada pelo vírus e, recentemente, coordenadora de suposta política diplomática de distribuição de vacinas. Em todos os casos, trata-se de falta de leitura histórica do papel da China entre as nações, além de afirmações desrespeitosas e que não estão de acordo com as regras da convivência internacional entre os países e suas autoridades políticas, diplomáticas e acadêmicas.

Aqui, pretende-se tornar mais clara a realidade que envolve o problema do surgimento do vírus e, principalmente, das respostas sanitárias e científicas dadas pela potência oriental. O mais importante, os esforços científicos para aprovação e distribuição de cerca de dez vacinas (algumas já em fase de exportação), para recuperação da saúde global.

Apesar de ter sido o foco inicial da pandemia, a China não é responsável pelo surto. Ela foi vítima do vírus, como qualquer país, e o superou, com mais facilidade que os países do Ocidente, porque enfrentou a situação com extrema organização. O governo chinês estabeleceu, em fevereiro de 2020, um plano de crise que envolveu a construção de novos hospitais, paralisação completa dos transportes e lockdown rigoroso. O resultado foi um período breve de reclusão social e freada na economia, para uma recuperação rápida e de efeitos suaves e contínuos.

Isso deu à China a chance de, enquanto a doença se espalhava pelo mundo, investir pesadamente em pesquisa para encontrar um imunizante que protegesse todo o planeta. Em tempo recorde, e investimentos bilionários, o primeiro foi apresentado pela empresa Sinovach Biotech em junho, a vacina Coronavac. Desde então, outros laboratórios passaram pelas três fases de testes, entre eles Sinopharm, CanSino e Anhui Zifei. Além dessas vacinas, há, pelo menos, outras sete na terceira fase. Segundo o presidente da Associação da Indústria de Vacinas da China, Feng Duojia, a capacidade de produção dos laboratórios chineses, hoje, é de duas bilhões de doses até o fim do ano, chegando a 4 bilhões em 2022. Isso daria conta, conforme o executivo, de 40% da necessidade global de imunizantes.

Hoje, a China é um dos maiores fornecedores de vacinas do mundo, com doses distribuídas a 27 países na África, América Latina, Oriente Médio e Sudeste Asiático, além de assistências gerais (logística, insumos, suporte à pesquisa, profissionais) a mais de 50 nações mundo afora.

Esse esforço só é possível graças a uma iniciativa na qual a China foi pioneira: a criação, junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Aliança Global de Vacinas (Gavi – sigla em inglês para Global Alliance for Vaccine and Immunization), da iniciativa Covax (abreviação livre de Covid-19 Vaccines Global Access). A coordenação mundial de países produtores de imunizantes e insumos atua em duas vertentes, a Covax Facility, que faz com que países ricos distribuam recursos para fabricação da vacinas a países mais pobres, e a Covax Advance Market Commitment (Covax AMC), que prevê a entrega direta de vacinas a nações que não possam pagar.

Participante do projeto desde outubro de 2020, quando os imunizantes sequer estavam em fase de aplicação, a China reuniu esforços, portanto, com uma entidade global, a OMS, e uma instituição público-privada suíça, a Gavi, dando prova de seu empenho transnacional para que o mundo supere a Covid-19. Enquanto a maior parte dos países, justificadamente, desenvolviam suas vacinas para resolverem, primeiro, seus problemas internos, a China entrava nos esforços pela vacinação mundial de maneira solidária. Isto é, se no Ocidente desenvolvido cada país corre para conseguir vacinar-se, a China, com o surto controlado já no seu nascedouro, pode investir na imunização dos países mais pobres.

O processo de vacinação interno chinês é gradual e seguro. Até meados de março, foram mais de 70 milhões de doses administradas, sendo uma das taxas mais altas do mundo, exceto pela comparação com o total da população, de 1.38 bilhão de habitantes. Isso se justifica, porém, pela baixa transmissão do novo coronavírus, atualmente, no país. Com a pandemia controlada desde abril, e com a população externamente solidária e internamente harmoniosa, a China mantém seus protocolos de segurança enquanto suas vacinas ajudam a recuperar a saúde e a economia global.

Portanto, não se trata de uma política internacional voltada para as vacinas, mas de uma estratégia mundial de atenção em saúde. O que, aí sim, está de acordo com as diretrizes para a política internacional chinesa. De acordo com o relatório do 19o Congresso do Partido Comunista Chinês, de 2017, “o sonho do povo chinês está intimamente ligado ao sonho de todos os outros povos do mundo, e a realização do sonho chinês não pode prescindir de um ambiente internacional pacífico e uma ordem internacional estável.” Em outras palavras, dar fim à atual conjuntura é interesse não só solidário, mas também econômico, de qualquer nação.

A China é altruísta e voluntária, na criação de saídas para a Covid-19 em outros países, porque entende que isso é primordial para a construção de um mundo saudável física e economicamente. Seus esforços, longe de sacrificar sua população, unem-na em harmonia para que, colhendo os frutos de sua organização inicial no combate à Covid-19, ela possa ajudar a reestabelecer o ecossistema global e convertê-lo em melhor qualidade de vida para as pessoas em todas as nações.


Autor: Hélio de Mendonça Rocha, articulista e repórter de política internacional

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