Novos Desafio dos Brics na Nova Era

A reunião dos Brics realizada de forma virtual, tendo a Rússia como anfitriã, demonstrou que, apesar de enfrentarmos severos problemas relacionados a pandemia de Covid-19, sempre será fundamental estimular o diálogo e as parcerias para enfrentar os grandes desafios da humanidade.

Durante os últimos anos muitas reuniões foram realizadas, mas a cooperação e a inovação permanecem como assuntos prioritários. Isso não só para os Brics, mas para outras instituições similares.

Na reunião dos Brics de 2020 isso fica claro a partir dos discursos dos líderes dos países. Destacaremos alguns aspectos que retratam esse fato e foram comentados pelos líderes. Com isso ficará claro que na Nova Era será impossível governar sem estar sintonizado nesses importantes temas.

O combate ao coronavirus teve melhor resultado em países que se dispuseram a implantar processos de gestão através de cooperações internas e externas. A China foi o grande benchmarking de sucesso no mundo.

Na fase inicial da pandemia buscou a união de toda a população chinesa, recebeu ajuda de outros países e, depois de controlar a pandemia, enviou significativa ajuda para países dos Brics e outros que necessitavam de ajuda.

Essa ajuda se notabilizou pelo envio de equipamentos e produtos médicos e o compartilhamento dos melhores procedimentos médicos adquiridos no enfrentamento ao novo coronavírus.

Outro importante assunto discutido pelos Brics foi a chamada “força multiplicadora”. Trata-se de ações integradas dos países membros para resolver assuntos globais. Por exemplo, a criação de um centro tecnológico de produção de vacinas em massa, atividades relacionadas à segurança nacional inclusive cibernética, ações integradas para o desenvolvimento econômico, a sustentabilidade do meio ambiente, entre outras.

Vale ressaltar que muitas dessas ações também requerem o apoio e adequação de instituições multilaterais, tais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). É fundamental os países membros apoiarem instituições com essas características. O processo de aprimoramento e eficiência delas depende das sugestões de todos os países.

Nessa grave situação mundial, a normalização econômica global e a maior inserção da inovação serão fatores críticos para o pleno desenvolvimento dos Brics e de todos os países.

Devemos ter nesse ano o pior resultado em décadas na economia mundial. Somente será possível minimizar esse resultado com a otimização de ações para o combate à pandemia em conjunto com o fortalecimento do comércio global.

Isso deve ser feito através do fortalecimento da cadeia de fornecedores de insumos e produtos, a intensificação do intercâmbio comercial, a adequação da produção, na prestação de serviços e na inovação de processos para atender um novo tipo de demanda global.

Além disso, os países concordaram que é necessário ter um desenvolvimento conjunto em mercados globais abertos. Nesse ambiente será fundamental criar suprimentos, produtos de saúde e alimentares, para que esteja assegurado um abrangente estoque estratégico que possibilitem ajuda aos membros no futuro.

Os líderes dos Brics não esqueceram, com razão, o desenvolvimento de ações prioritárias no âmbito social. Em relação a esse assunto não podemos esquecer das ações para a erradicação da pobreza, das desigualdades sociais e de um ambiente mais saudável ao planeta.

Esses são problemas muito importantes, mas somente através da união dos países com ações objetivas e concretas será possível a resolução desses significativos desafios no futuro.

A pandemia do novo coronavírus nos ensinou que nos próximos anos não haverá lugar para políticas protecionistas que não acarretem reações contrárias dos outros países.

Os Brics precisam desenvolver um plano estratégico conjunto para os próximos anos, no qual a cooperação e inovação serão variáveis fundamentais desse modelo. O texto da carta de Moscou tem um vasto material que serve como base para esse trabalho.

Não há discussão da importância de temas explicitados na carta, como a união para um mundo melhor, a política e segurança, a cooperação intergovernamental, o desenvolvimento econômico-financeiro e o intercâmbio cultural e interpessoal.

Todos eles são de extrema importância para o futuro, e as equipes técnicas dos Brics apresentaram uma série de objetivos e ações que podem ser implantadas.

Finalmente, eu gostaria de destacar uma metáfora muito importante dita no discurso do presidente Xi Jinping que recomenda nossas futuras ações. Ela resumidamente diz que todos estamos no mesmo lugar e, para enfrentar grandes problemas, temos que permanecer o mais unido possível para sempre caminhar na direção correta.

Por Ronnie Lins, diretor do Center China Brazil: Research & Business (CCB)