Identificadas pelo menos seis cepas diferentes do novo coronavírus no Brasil
Cientistas brasileiros identificaram pelo menos seis cepas (linhagens) diferentes do novo coronavírus no país, bem como a principal sub-cepa do vírus em circulação no Brasil.
A identificação foi conseguida pelos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) após analisar 95 genomas completos do Sars-CoV-2, coletados em pacientes de 9 estados (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre, Amapá, Pará, Alagoas, Bahia, Maranhão e Santa Catarina) e no Distrito Federal.
No total, foram achadas seis cepas do vírus (A.2, B.1, B.1.1, B.2.1, B.2.2 e B.6).
O fato de haver diferentes "tipos" do vírus em circulação não implica em possibilidade de reinfecção por pessoas já afetadas por outra cepa. O vírus sofre mudanças embora, em essência, mantém nas diferentes linhagens suas características principais. As mutações são comuns em todos os vírus.
Os resultados da pesquisa apontam para uma possível sub-cepa europeia do vírus que, chegando ao Brasil, sofreu mutações e deu origem ao subtipo brasileiro responsável pela maior parte das transmissões comunitárias.
Para os pesquisadores, o mais provável é que essa "versão" europeia tenha chegado ao Brasil antes do dia 2 de fevereiro. Em solo brasileiro, o vírus sofreu duas mutações, em sequência, que deram origem ao subtipo que se tornou mais frequente nas transmissões locais.
O primeiro caso da COVID-19 no Brasil foi registrado no dia 26 de fevereiro, em São Paulo.
A sub-linhagem B.1.1 brasileira foi a única encontrada em 18 pessoas que não tinham feito nenhuma viagem internacional recente. Isso levou os pesquisadores a concluir que este subtipo é, provavelmente, o responsável pela maior parte da transmissão comunitária do vírus no país.
Além disso, essa subclassificação também pode ter sido exportada para países vizinhos e outros, mais distantes, antes que restrições aéreas fossem implementadas no Brasil.
O Brasil é o segundo país do mundo mais afetado pela COVID-19, superado apenas pelos Estados Unidos. Segundo o balanço divulgado nesta quarta-feira pelo governo, pelo menos 75.366 pessoas morreram e outras 1.966.748 foram infectadas pela doença.