Teste insuficiente de COVID-19 em EUA contribui para alto número de mortos
A falta de testes suficientes para a presença da COVID-19 no público em geral pode ser uma das principais razões para o grande número de mortes nos Estados Unidos, afirmou um importante especialista em medicina.
Os Estados Unidos foram os que mais sofreram com a pandemia em todo o mundo, com mais de 1,84 milhão de casos confirmados de COVID-19 e um número de mortos de mais de 107 mil até quarta-feira.
"Sem monitoramento e teste em grande escala, é difícil controlar adequadamente a disseminação da infecção por novo coronavírus. Simplesmente testar indivíduos com suspeita de infecção e profissionais de saúde socorristas é inadequado para fornecer a proteção e meios para reduzir a disseminação da COVID-19", apontou à Xinhua em uma entrevista recente Kent Pinkerton, professor de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, Davis.
"Isso é particularmente problemático com alguns portadores e recuperados ativos de COVID-19, que são completamente assintomáticos", acrescentou.
De acordo com os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças, pelo menos um terço dos pacientes com COVID-19 são assintomáticos. Cerca de 40% da transmissão ocorreu antes do início dos sintomas.
Pinkerton disse que, embora as medidas tomadas para aplicar mandatos de quarentena domiciliar em todo o país tenham ajudado a achatar a curva da infecção, muitas áreas continuam sem redução na incidência de infecção.
Aliviar esses mandatos sem o uso adequado de equipamentos de proteção individual pode estar associado a um ressurgimento futuro da COVID-19 nos Estados Unidos, observou ele.
De acordo com Pinkerton, os principais desafios à frente no controle da propagação da pandemia são a paciência do público norte-americano e o desenvolvimento de uma vacina eficaz para proteção contra a COVID-19.
Especialistas estão preocupados que os protestos em todo o país pela morte de George Floyd, um homem afro-americano que morreu na semana passada sob custódia policial, possam resultar em novos surtos.
"Com base na maneira como a doença se espalha, há todos os motivos para prever que veremos novos clusters e potencialmente novos surtos avançando", disse o cirurgião-geral dos EUA Jerome Adams.
Lugares de teste de coronavírus em muitos locais foram fechados devido a distúrbios.
Como a maioria das pessoas infectadas com o coronavírus desenvolve sintomas dentro de 14 dias após a infecção e pode espalhar a doença dias antes de ficarem doentes, a janela para fazer o teste e evitar a infecção de outras pessoas é pequena.
"O impacto dos protestos em andamento sobre a contagem de casos da COVID-19 pode ser revelado em cerca de duas semanas", disse à Xinhua Zhang Zuofeng, professor de epidemiologia e reitor associado de pesquisa da escola de saúde pública da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.