COVID-19 afeta trabalho de mais da metade das famílias brasileiras

A pandemia da doença do novo coronavírus (COVID-19) afetou a situação de trabalho de mais da metade das famílias brasileiras, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira que mostra o impacto que o vírus tem causado no país.

Os dados apresentados pelo centro de estudos econômicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que 53,5% das famílias brasileiras foram afetadas por demissões, suspensão de contrato ou corte de jornadas e salário em seus empregos.

Segundo o estudo, 12,7% das famílias brasileiras já tiveram pelo menos um de seus membros despedido do emprego devido ao impacto econômico causado pela COVID-19. As famílias mais pobres, com rendimentos de até 2.100 reais (US$ 370) foram as que mais sofreram com as demissões, que atingiram uma em cada cinco famílias.

Por sua vez, 24,9% das famílias brasileiras sofreram com redução de salário e de jornada de trabalho, enquanto 14,7% tiveram pelo menos um membro com o contrato de trabalho suspenso.

As cifras justificam a queda do consumo no país: 78,3% dos entrevistados disseram que estão comprando apenas produtos essenciais. No caso das famílias mais pobres, o índice sobe para 89%.

"Mais da metade dos consumidores entrevistados teve um impacto na renda de suas famílias. Com a renda comprometida, muitos recorreram a reservas financeiras para quitar despesas correntes e se endividaram, aumentando o nível de estresse financeiro das famílias, principalmente as de menor poder aquisitivo", ressaltou a FGV.

Entre as empresas, todos os setores com exceção do comércio, adotaram o home office, parcial ou integralmente: 80,4% das indústrias, 68,6% das prestadoras de serviços e 59,6% das empresas de construção. No caso do comércio, o índice baixou para 26,6%.

Os trabalhadores do setor de serviços foram os mais afetados pelo impacto do novo coronavírus: 65% das empresas do segmento anteciparam as férias dos funcionários, 46,4% reduziram salários e jornada e 45,8% demitiram empregados.

A pesquisa foi realizada entre 2 e 13 de maio com 1.300 cidadãos brasileiros e 2.528 empresas de todo o país.