​Primeiros casos de COVID-19 nos EUA e na França ocorreram no ano passado

Vários estudos recentes indicam a antecipação dos casos confirmados de infecção de COVID-19 no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já pediu a investigação dos casos precoces.

Segundo uma reportagem da CNN no dia 5, uma análise genética do novo coronavírus extraído dos 7,600 pacientes do globo feita pela equipe da University College London demonstra que o vírus começou a disseminação no mundo inteiro já no final do ano passado e a transmissão viral foi rápida após o primeiro caso de infecção. Francois Balloux, pesquisador do Instituto de Genética desta universidade, disse à CNN que o vírus está em mutação, mas não significa que venha ocorrer uma deterioração.

A tese desta equipe, publicada na revista acadêmica “Infection, Genetics and Evolution”, disse que o resultado é consistente com as estimativas anteriores e que todas as sequências genéticas tinham um ancestral comum até o final de 2019, o que provou a entrada do novo coronavírus em hospedeiros humanos no final do ano passado.

A CNN disse que este resultado demonstra que o vírus já havia sido transmitido antes da notificação oficial.

O Jornal Internacional de Agentes Antimicrobial publicou no dia 3 de maio uma tese indicando que o novo coronavírus começou sua transmissão no final de dezembro de 2019 na França, um mês anterior do que a notificação oficial. Uma equipe chefiada pelo doutor Yves Cohen, especialista de terapia intensiva da França, investigou os relatórios clínicos dos pacientes hospitalizados por gripe entre os dias 2 de dezembro e 16 de janeiro e realizou testes das amostras congeladas. A amostra de um paciente de 42 anos de idade, nascido na Argélia, vendedor de peixe, deu positivo no teste de novo coronavírus. A última viagem dele foi à Argélia em agosto de 2019, e não foi à China.

O prefeito de Belleville, no estado de Nova Jersey, Michael Melham, deu positivo no teste para anticorpos do COVID-19 e acredita que contraiu o vírus em novembro de 2019, mais de dois meses antes dos Estados Unidos (EUA) reportarem seu primeiro caso confirmado de COVID-19 no final de janeiro, segundo a mídia americana.

Melham disse que estava doente no final de novembro depois de participar da Conferência da Liga dos Municípios de Nova Jersey, em Atlantic City, sofrendo de sintomas como calafrios e alucinações, além da "temperatura que subiu rapidamente", informou o NorthJersey.com em 30 de abril."Eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Nunca havia me sentido tão doente antes." disse Melham em um comunicado, segundo a página.

Em uma mensagem de texto para o canal de notícias dos EUA, o prefeito disse que experimentou "o estado mais doente" em toda a sua vida adulta.

O prefeito disse que mais tarde suspeitou ter contraído o vírus, mas o ignorou porque "os primeiros casos nos Estados Unidos não foram registrados até janeiro".

Melham disse que sua doença em novembro o levou a pedir um exame de sangue ao médico, e ele obteve o resultado na quarta-feira passada, de acordo com o comunicado.

Ele insistiu que era "muito, muito improvável" ter sido exposto ao coronavírus mais tarde. "Os anticorpos no meu sangue são mais antigos, e não mais recentes, e os anticorpos mais recentes mostram a recuperação há pouco tempo do vírus", disse o prefeito ao NorthJersey.com.

O porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, disse no dia 5 que a reportagem sobre o primeiro caso do novo coronavírus na França “mudou a situação completa da pandemia”, acrescentando que a descoberta favorece o nosso conhecimento sobre a potencialidade da transmissão do vírus. O porta-voz ainda pediu a outros países para revisar os casos inexplicáveis de pneumonia ocorridos no final de 2019, a fim de ter um conhecimento mais novo e claro sobre a pandemia.

Tradução: Xia Ren

Revisão: Erasto Santo Cruz