Adido naval do Brasil refuta rumor sobre coronavírus e torce por Wuhan

Fonte: CRI Published: 2020-02-08 16:58:37
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Por César Marques, adido naval da Embaixada do Brasil na China

Diante de alguns vídeos e reportagens que tenho recebido aí do Brasil, sobre o surto de coronavírus que apareceu aqui na China, pelo fato de estar morando há dois anos em Beijing, resolve fazer alguns comentários de cunho estritamente pessoal, baseados na experiência, também pessoal, que tive, até o momento, por aqui.

Primeiramente, mais que o súbito surgimento do surto de coronavírus, me causou enorme surpresa o fato de pessoas acreditarem que todo mundo na China come morcegos. Pior ainda, ler alguns comentários, de pessoas crentes desse exótico costume , sentenciando que os chineses são merecedores dessa epidemia de coronavírus como um castigo por profundo mau gosto alimentar.

Talvez, o excesso de informações do mundo de hoje, esteja impedindo a gente de raciocinar e analisar as informações que nos chegam.

Como já dito, moro aqui há dois anos, e tive a oportunidade de viajar por diversas cidades da China, inclusive a de Wuhan, capital da Província de Hubei, que foi sede, ano passado, dos Jogos Mundiais Militares.

Nesses dois anos, tendo frequentado diversos restaurantes de comida típica chinesa, em nenhum deles me lembro de ter visto no cardápio sopa de morcego, morcegos fritos, bem como, não vi nenhum prato de carne de cachorro.

Entre os anos de 1958 e 1962, a China viveu a pior fome já vista na humanidade. Por questões de sobrevivência, há relatos que, naquela época, os chineses tiveram que comer insetos e animais, para nós exóticos, para se manterem vivos. Não posso afirmar se alguns sobreviventes dessa época, mantêm, até hoje, esses hábitos alimentares. Mas, afirmo que pelo menos 99% da população chinesa não come morcego.

Até porque, isso não se coaduna com a modernidade presente na maioria das cidades chinesas, modernidade traduzida na quantidade de linhas de metrô das grandes cidades, na maior malha ferroviária de trem bala do mundo, das cidades inteligentes, como a de Shenzhen, na modernidade dos edífícios de Shanghai, Beijing, Wuhan, nas pesquisas espaciais do lado oculto da Lua e de desenvolvimento de satélites, na liderança chinesa do mercado da tecnologia de 5G e no domínio chinês de tecnologia de desenvolvimento de Inteligência Artificial, entre outros exemplos.

Poucos sabem, mas a China de 2012 a 2018, construiu uma Marinha do tamanho da Marinha de países como a França. Hoje, já é a segunda maior marinha do mundo, com navios e equipamentos totalmente nacionais, como são os equipamentos de seu Exército e da sua Força Aérea.

Essa falta de conhecimento de nós brasileiros, sobre a China, como também da maioria dos países da Ásia, que hoje, detêm a maior parte do fluxo do dinheiro mundial, não vai nos ajudar, pelo contrário, nos afasta de obter grandes oportunidades de negócios.

Quanto ao problema do coronavírus, propriamente dito, embora esteja morando em Beijing, que fica afastada do epicentro do surto, o que tenho visto é um exemplo para o mundo de como reagir a um problema desses.

Qual país não teria problema em manter cerca de 30 milhões de pessoas isoladas em suas cidades? A partir do momento que o governo anunciou o surto do vírus, vejo um esforço gigantesco de todos, a fim de monitorar a população e detectar, o mais precoce possível, novos casos. Vejo a população engajada, disciplinada, cumprindo as orientações do governo, resiliente, com o pensamento de colaborar com o bem coletivo.

Dois hospitais provisórios construídos em menos de duas semanas, com mais de 2.000 leitos. Nenhuma cidade sofreu com desabastecimento, inclusive as cidades da área isolada, como indicavam alguns vídeos, mostrando chineses brigando por comida.

A logística deles é um ponto forte do país. A gravidade da situação já dispensa esse sensacionalismo fantasioso, em torno desse problema. Também, não há cadáveres nas ruas de alguma cidade. Isso fica na cabeça de futuros cineastas de filme de terror. Não existe desespero, mas sim preocupação e atenção, responsáveis, que o problema assim exige.

Das pessoas contaminadas pelo vírus, que já são mais de 30.000, cerca de10%, ou seja, cerca de um pouco mais de 3.000 pessoas desenvolveram um quadro clínico crítico de pneumonia. As demais, apresentaram sintomas de uma gripe forte, sem evoluir para um quadro de pneumonia.

Das pessoas que evoluiíram para o quadro de pneumonia, lamentavelmente, apesar de todo esforço que está havendo, quase 600 já vieram a falecer. Infelizmente, os números vão subir ainda, mas procurar estar informado do que está realmente acontecendo, ajuda mais do que noticiar e divulgar meias verdades, ou até mesmo, mentiras.

No meu caso, vou continuar na torcida para que os chineses consigam controlar a epidemia e encontrem, brevemente, uma solução para o problema.



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