Cúpula do BRICS 2017 e a Nova Mundialidade

Fonte: CRI Published: 2017-08-29 08:52:18
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Por Severino Cabral, presidente do Instituto de Estudo da China e Ásia-Pacífico

Nos próximos dias 03 e 05 de setembro, em Xiamen, província de Fujian/China, os líderes centrais dos países emergentes Brasil, Rússia, Índia. China e África do Sul, que formam o conjunto BRICS, estarão reunidos pela nona vez para debaterem juntos a situação mundial, em busca de parceria mais forte capaz de impulsioná-los na direção de um futuro cada vez mais brilhante.

A cúpula do BRICS 2017, em Xiamen, estará voltada para pensar o papel do BRICS na governança global: na discussão de diretrizes destinadas a redirecionar o quadro econômico atual; na retomada da via do crescimento pela exploração do potencial das economias emergentes; na sustentação da resiliência à crise financeira que ameaça a economia global. Essa reunião da cúpula BRICS, agora em seu décimo ano de realização, propõe aos observadores do sistema mundial algumas reflexões.

A primeira questão que desperta a atenção diz respeito ao poder mundial que assiste a emersão de novas potencias, que podem mudar a ordem internacional, tornando-a mais plural e mais democrática. Esse fenômeno deve-se à emergência da China como megapotência econômica  global, o que deu o impulso a esse  processo, permitindo a ascensão não só da China, como da Rússia, da Índia e do Brasil à condição de grandes mercados globais.

Assim, no começo do século XXI, é uma nova ordem econômica e política multipolar que emerge frente aos centros dominantes tradicionais do poder mundial.

Neste contexto, a criação do BRICS uma década atrás refletiu a nova realidade do poder, com os emergentes na vanguarda dos países em desenvolvimento, a compartilhar com os países desenvolvidos a governança global. Mais adiante, o conjunto se ampliaria ao inserir a África do Sul, completando a formação do BRICS como plataforma presente em todo o globo. Desde então, o processo é inaugurado, e por sua interação com os países industrializados. Irá determinar o  surgimento de uma nova realidade mundial.

A seguida questão a pensar é a ideia da governança global conjunta, formulada pela China, a qual busca desenvolver, com os mecanismos coletivos de negociação das controvérsias, um instrumento de projeção de sua influência ---como potência ascendente, mas pacífica--- na cena internacional contemporânea. Este conceito chave para a compreensão da política da China se liga ao princípio confuciano de harmonia entre entes não idênticos;  ele serve para pensar a criação de uma “nova mundialidade” baseada na cooperação ativa de todos os países grandes e pequenos, e, finalmente, para a construção de um sistema internacional que privilegie a paz, a segurança e o desenvolvimento.

O Brasil como os demais países do BRICS buscam, de modo cooperativo e pacífico, alcançar uma ordem mundial baseada na estabilidade, na segurança e no desenvolvimento comum, e compartilham a ideia da defesa da equidade e da ordem internacional. Os processos desenvolvidos coletivamente pelo BRICS então na base dos atos desse conjunto de países, que se propõem princípios e ideias de uma governança global justa e pragmática, capaz de superar desafios e lograr êxitos no caminho do desenvolvimento comum.

Por fim, uma terceira questão completamente o que já foi pensado sobre o caminho do desenvolvimento comum e compartilhado por países de diferentes regiões do mundo. Trata-se da iniciativa chinesa de reconstruir as rotas antigas do comércio internacional: o cinturão econômico e a nova rota da seda marítima do século XXI devem ser vistos como a grande contribuição chinesa para a emergência de uma nova estrutura do comércio mundial. E ela se complementa com a reconstrução da “carreira das Índias” e da “carreira do pacífico” pela américa latina meridional em conjunção com o cone austral africano. Nesses termos pode-se avançar a hipótese de que o hemisfério ocidental e o mundo ásio-africano encontrar-se-ão um dia, reformulando a situação vivida outrora, mostrando o caminho da “nova mundialidade”.

Todo esse esforço conjugado verá, talvez, neste ano de 2017, um primeiro e decisivo passo com a com a consolidação do funcionamento do novo banco de  desenvolvimento dos BRICS, e ampliação da influência dos países emergentes na economia mundial. Esse acontecimento, se efetivado, deverá acompanhar os novos consensos elaborados pelas lideranças do BRICS--- E, quem sabe, resulte na esperada reestruturação do pensamento e da ação econômica global pós crise.

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