Comentário: Incidente de visto revela cisão EUA-UE

Published: 2019-03-12 20:48:03
Share
Share this with Close
Messenger Messenger Pinterest LinkedIn

Uma reportagem da mídia norte-americana, que diz que um cidadão dos EUA pode perder o privilégio de viajar sem visto no espaço Schengen devido a desacordos entre os EUA e a União Europeia (UE) sobre consensos de vistos recíprocos faz um acréscimo à longa lista de notícias desagradáveis para ambos os lados nos últimos dias.

As notícias em si ainda são discutíveis, já que autoridades governamentais de ambos os lados alegam que a UE apenas exige que os visitantes deem um passo extra de preencher um formulário e pagar uma pequena taxa na plataforma "Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagem" (ETIAS). Não é nem um pouco parecido com pedir um visto.

A UE promulgou a política com o objetivo de reforçar o controle de segurança. O sistema ETIAS exige que cidadãos de todos os países isentos de vistos realizem cadastros antes de ir aos países Schengen, com uma validade de três anos a partir da autorização. A medida influenciará viajantes de cerca de 60 países, mas só o tratamento para os norte-americanos despertou a forte atenção das mídias e até levou a um mau entendido. Por quê?

Perante as crescentes divergências entre os EUA e a UE, pequenos incidentes podem causar tempestade em copo d’água no relacionamento entre os dois lados, no qual está se tornando cada dia mais complicado, sensível e frágil.

Nos últimos anos, os EUA e a UE têm vivenciado contradições e divergências em áreas como políticas comerciais, segurança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), integração europeia, políticas de refugiados e migração e administração global.

Por exemplo, o governo norte-americano ressente que seus aliados da OTAN canalizem poucas verbas para a cooperação na defesa e exige que esses países aumentem a participação financeira até o final deste ano. Os EUA também demandam aos países onde possuem forças armadas norte-americanas que sustentem os bônus das tropas, além de pagar todas as despesas necessárias para o seu estabelecimento na região. Os bônus representam quase 50% do valor total.

Diante da pressão norte-americana, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, propuseram em diferentes ocasiões a criação de um exército europeu para se livrarem da dependência dos EUA. As propostas, porém, foram criticadas pelos EUA por não surtir efeitos reais.

No setor comercial, o Departamento de Comércio Norte-Americano anunciou em junho do ano passado o aumento de tarifas sobre os produtos de aço e de alumínio europeus. O órgão também submeteu em fevereiro deste ano o relatório de investigação 232 sobre automóveis importados da UE. A UE já deixou claro que adotará contramedidas uma vez que os EUA ponham em prática suas medidas antidumping.

Além disso, a retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas e do acordo nuclear do Irã também contraria a posição europeia.

A aliança transatlântica entre EUA e UE já foi estabelecida há cerca de 70 anos. As duas partes enfrentaram desafios em conjunto, mas a fenda entre elas vem crescendo nos últimos tempos. A principal razão é a política do governo norte-americano de priorizar sempre os interesses do próprio país, assim como as divergências na cognição dos dois lados sobre as mudanças da conjuntura internacional.

Share

Mais Populares

Galeria de Fotos

Artesanatos decorados com fios de ouro de 0,2mm
Artesão de Hainan produz instrumento musical com cocos
Artista polonês constrói uma casa em formato de chaleira
Escola primária em Changxing comemora o Dia Mundial da Terra
Vamos proteger a Terra com ações práticas
Terras abandonadas são transformadas em parque de chá em Yingshan na província de Sichuan

Notícias

Dia Internacional da Língua Chinesa é celebrado em São Tomé e Príncipe
Investimento estrangeiro na China mantém crescimento no primeiro trimestre em 2022
Explosões no Afeganistão deixam pelo menos 34 mortos e 102 feridos
China faz importantes contribuições para transformação digital, diz ex-ministro brasileiro
Como a China mantém a autossuficiência diante do salto internacional dos preços dos alimentos?
Começa o Carnaval de 2022 no Rio de Janeiro