Comentário: França e Alemanha assinam acordo para frear crescimento do populismo?
A França e a Alemanha, representadas pelo presidente Emmanuel Macron e chanceler Angela Merkel, assinaram nesta terça-feira (22) em Aachen um tratado histórico para fortalecer seu papel eixo na integração da Europa. Os dois países concordaram em sintonizar o tom nos assuntos de economia, diplomacia, segurança e defesa.
O Tratado de Aachen simboliza uma declaração de resistência contra o crescimento do populismo e nacionalismo na Europa. No entanto, os franceses e alemães enfrentarão vários fatores na vanguarda da integração europeia.
Em primeiro lugar segue a determinação. A história é sempre incrivelmente semelhante. O Tratado de Aachen é considerado como versão 2.0 do Tratado de Eliseu firmado em 1963. Ambos objetivam proteger os interesses dos europeus e visam elevar o poder do continente nos assuntos internacionais. De certo modo, têm propósito de conter a influência dos Estados Unidos. Mesmo com o avanço do cenário interno e externo em 56 anos, França e Alemanha não mudaram a aspiração original, mostrando sua firmeza diante dos compromissos.
O ambiente favorável é indispensável para a implementação do tratado. Porém, a história não se repete simplesmente. Em 1963, o Reino Unido ainda não havia aderido à Comunidade Europeia. França e a então República Federal da Alemanha foram condutores do processo da integração do continente. Apesar disso, cuidaram ainda das relações equilibradas com os Estados Unidos. Agora, o enquadramento global se torna muito complexo. Como por exemplo, o Reino Unido está em processo de separação da União Europeia. As ideias de populismo e nacionalismo são bem acolhidas em alguns países europeus. Já Washington parece esquecer sua aliança com a Europa. O pior é que França e Alemanha jamais gozaram de posição dominante no bloco europeu. Ao mesmo tempo, Macron necessita apagar o fogo dos manifestantes de colete amarelo. Enquanto Merkel sofre dupla pressão, da coalização e da oposição, e terminará mandato em 2020. Em resumo, o novo tratado encara instabilidade.
Por último, o tratado para a integração europeia será um impulso ou declínio. Com a ampliação dos membros, a União Europeia adota o princípio de “dupla maioria”, isto é, a aprovação de qualquer resolução dependerá de votos de pelo menos 16 países, cuja população deve ultrapassar 65% do total da União Europeia. Entretanto, os habitantes da França e Alemanha representam apenas 30% da população do bloco. Os dois países precisam ganhar mais apoio em cada passo da integração da Europa.
Afinal de contas, é difícil impedir a onda dos pensamentos populista e nacionalista somente com um tratado. Mas, a França e a Alemanha pretendem criar um senso de solenidade por meio da assinatura de nova associação, a fim de produzir uma atmosfera positiva para as eleições do parlamento europeu agendadas para maio.
Aachen era capital do Imperador de Charlemagne, que tinha unificado metade da Europa Ocidental e foi considerado como pai da Europa. Macron e Merkel escolheram essa cidade para coroar sua aliança, abrigando uma esperança profunda.
Comentarista: Guan Juanjuan
Tradução: Isabel Shi
Revisão: Diego Goulart