Comentário: o mundo observa o Canadá
A Administradora Financeira (CFO) da Huawei, Meng Wanzhou, foi libertada na terça-feira (11) pelo tribunal superior da província canadense da Colúmbia Britânica. A fiança foi de 10 milhões de dólares canadenses, 7 milhões dos quais em dinheiro, e outros 3 milhões em imobiliários, além de cinco fiadores.
Isso é sem dúvida um alívio não só para Meng mas também para sua família, bem como sua empresa e o povo chinês. É uma medida adequada e louvável da parte canadense, um passo na direção certa para resolver a questão.
No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer antes que Meng conquiste sua liberdade. O lado norte-americano pode solicitar a sua extradição antes do dia 8 de janeiro do ano que vem. O próximo tribunal de Meng está marcado para 6 de fevereiro de 2019. Se for extraditada para os EUA e considerada culpada, ela poderá receber uma sentença de até 30 anos de prisão.
A Huawei entrou no mercado canadense em 2008. Como a mídia local relatou, não houve registro de violação da lei pela Huawei no Canadá. Pelo contrário, a empresa chinesa estabeleceu centros de pesquisa e desenvolvimento em Ottawa, Toronto e Waterloo, criando mais de 500 empregos locais. A Huawei também é patrocinadora do maior programa de TV do país, “Noite de Hóquei no Canadá”.
O Canadá é bem conhecido como um país amante da paz. No entanto, a ação de “executar a lei” em nome dos Estados Unidos é algo absurdo e difícil de entender. Este ato imprudente trará consequências para o Canadá, a menos que a senhora Meng seja libertada o mais rápido possível.
A pressa do Canadá em prender Meng prejudicou os laços sino-canadenses, o que afetará ou até destruirá os esforços do país para expandir suas exportações para a China e atrair mais turistas chineses. Este é o dano mais direto ao Canadá. Ao mesmo tempo, a imagem do país ficará negativa aos olhares do povo chinês. Chegou a hora então, do lado canadense avaliar a situação e adotar medidas eficazes para evitar problemas desnecessários à sua relação com a China. O Canadá não precisa montar uma armadilha para si mesmo.
Vários países ocidentais ficaram hostis à Huawei ao longo desses anos, alegando que há um laço estreito entre a empresa e o governo chinês, baseando-se no fato de que seu fundador foi um veterano militar. Por causa disso, a Huawei é a empresa multinacional que sofre mais censuras e revisões. Mas os detratores nunca encontraram provas concretas de irregularidades por parte da Huawei.
Tais acusações infundadas mostram que a Huawei não tem nada a esconder, e os países envolvidos estão simplesmente preocupados com seu rápido crescimento.
É impossível para o Canadá não estar ciente deste cenário. No entanto, Ottawa ainda opta por seguir adiante, ignorando sua própria soberania e a relação sino-canadense, e detendo abertamente uma cidadã chinesa. A China não tem escolha a não ser responder de forma autodefensiva, a fim de manter um relacionamento sino-canadense equilibrado e um sistema multilateral justo.
Por muitas vezes, os Estados Unidos aplicaram sua lei interna e adotaram as chamadas “medidas legais” contra executivos individuais de empresas estrangeiras, incluindo o congelamento de suas propriedades. Haverá uma série de impactos negativos gerados pela detenção da executiva da Huawei. Um deles é que isso criará pânico entre os executivos multinacionais. Cada um deles poderá se perguntar: se um país começar a sequestrar indivíduos relacionados a certas empresas por motivos políticos, posso ser o próximo alvo? Uma empresária chinesa foi sequestrada, isso poderá acontecer com executivos de negócios de outros países? O ato do Canadá é extremamente irresponsável. O país ainda oferece um ambiente favorável ao livre investimento e comércio?
O Canadá precisa tratar o assunto de forma adequada. Esperamos que seja capaz de corrigir seu erro, fazer mais contribuições ao multilateralismo e ao livre comércio, ganhar respeito global, e não ser cúmplice do unilateralismo norte-americano e da jurisdição de braços longos.
Seria uma decisão sábia liberar Meng Wanzhou o mais cedo possível. O mundo observa o Canadá.
Tradução: Li Jinchuan
Revisão: Layanna Azevedo