Comentário: China e Portugal abrem nova página para a relação bilateral
A convite do seu colega português Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente chinês, Xi Jinping, começou sua visita oficial ao país europeu nesta terça-feira (4), a primeira do chefe de Estado da China ao país em oito anos. Com a aproximção dos 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre China e Portugal, comemorado no próximo ano, a visita irá abrir uma nova página no relacionamento bilateral.
Apesar da distância, China e Portugal vêm mantendo uma boa relação política, um intercâmbio econômico e comercial estreito e uma frequente troca cultural e de recursos humanos, contando ainda com enorme potencial na cooperação. Há 400 anos, comerciantes portugueses estiveram em algumas regiões costeiras chinesas para trocas comerciais. Em 1979, China e Portugal estabeleceram relações diplomáticas. A partir daí, as duas partes vêm mantendo frequentes trocas de alto nível, elevando constantemente a confiança política mútua. Em 2005, Beijing e Lisboa anunciaram o estabelecimento de uma parceria estratégica global.
Beneficiado como o bom ambiente político, o comércio sino-português segue crescendo. Apesar da dificuldade observada nos últimos anos no mercado internacional, China e Portugal conseguiram manter um rápido crescimento no comércio e investimento bilaterais. A China é, na atualidade, a maior parceira comercial de Portugal na Ásia. Portugal foi atingido pela crise da dívida pública da Zona do Euro, necessitando de investimentos estrangeiros. Nessa circunstância, as empresas chinesas aumentaram seus investimentos no país europeu. Portugal se tornou um dos países da União Europeia que mais receberam investimento chinês.
As empresas chinesas investem no momento mais de 9 bilhões de euros em Portugal, incluindo as áreas de energia, finanças, seguros, telecomunicações, aviação civil, serviços de água, design de projetos, materiais de construção e saúde, criando mais de 36 mil postos de trabalho. Companhias como Huawei, ZTE, Corporação de Três Gargantas e State GRID possuem filiais em Portugal e procuram crescer no país europeu. Foi inaugurado também um voo direto entre os dois países, o que deve impulsionar significativamente os intercâmbios educacionais, culturais e turísticos bilaterais.
O desenvolvimento da relação sino-portuguesa enriquece também o relacionamento entre a China e a Europa como um todo. Como membro da União Europeia (UE), Portugal tem sido um dos países que mais apoiam a cooperação entre a China e a Europa. Localizado na Península Ibérica, Portugal faz fronteira com a Espanha ao leste e ao norte, e é banhado pelo Oceano Atlântico ao oeste e ao sul, sendo o ponto de partida das Grandes Navegações. O Infante Dom Henrique impulsionou os Descobrimentos e o grande navegador Vasco da Gama descobriu a nova via do Oeste da Europa à Ásia. China e Portugal poderão explorar mais seus potenciais na construção conjunta da “Rota da Seda Marítima”.
China e Portugal contribuirão também para o desenvolvimento das relações entre a China e os outros países de Língua Portuguesa, bem como outros países europeus e americanos. Já em 2003, a China estabeleceu, junto com os então sete países lusófonos, o Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau). O mecanismo incentivou vertiginosamente a cooperação econômica e comercial entre a China e o mundo lusófono. Em 2017, o comércio bilateral atingiu US$ 117,6 bilhões, um aumento de 29,4% em comparação com o ano anterior. Em 2016, China e Portugal assinaram o Memorando de Entendimento sobre o Reforço da Cooperação no Mercado de Terceiros. Os dois países desenvolveram colaborações eficazes no setor de energias no Brasil, Reino Unido e França.
A estrutura mundial enfrenta enormes desafios; a relação sino-europeia precisa de uma nova força motriz; a implementação da iniciativa “Cinturão e Rota” se encontra em ascensão. A visita do presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal abrirá uma nova página para o relacionamento sino-português, injetará novas forças ao relacionamento sino-europeu, além de fornecer mais certeza para a recuperação da economia mundial e a estabilidade da situação internacional.
Tradução: Inês Zhu
Revisão: Layanna Azevedo