O confronto global entre multilateralismo e unilateralismo, regras e força
A 73ª Assembleia Geral da ONU, realizada em Nova Iorque, apresentou uma atmosfera calorosa nos últimos dias. Por um lado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propagava solitário políticas como “Estados Unidos em primeiro lugar” e “interesses nacionais dos Estados Unidos estão acima de tudo”, opondo-se à globalização. Por outro lado, o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, assim como a esmagadora maioria dos representantes, frisou a necessidade de defender o multilateralismo e adotar ações coletivas. Confrontos globais entre o multilateralismo e o unilateralismo, assim como entre as regras e a força, ocorrem no palco da ONU.
Ao mesmo tempo em que a Assembleia Geral da ONU está sendo realizada, o unilateralismo e o protecionismo se levantaram e impactaram o sistema internacional, que tem as Nações Unidas como núcleo. Isso aumenta a instabilidade e as incertezas quanto à recuperação da economia mundial e sua perspectiva de desenvolvimento. Segundo Guterres, atualmente, a humanidade precisa mais do multilateralismo do que em qualquer outro momento na história. Devido a isto, a Assembleia fixou o seguinte tema para esta edição: “Fazer com que as Nações Unidas se relacionem a todas as pessoas: liderança global e responsabilidades compartilhadas para uma sociedade pacífica, igualitária e sustentável”. A ONU espera que os líderes nacionais e representantes contribuam com planos e soluções à volta desta visão. Porém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, põe em cena mais um espetáculo opositor.
No debate geral anterior, da 72ª Assembleia Geral da ONU, Trump também defendeu a política de “Estados Unidos em primeiro”, que tem sido promovida desde sua tomada de posse. Na edição deste ano, o líder norte-americano criticou organizações multilaterais como o Conselho de Direitos Humanos e a Corte Penal Internacional das Nações Unidas, assim como o acordo nuclear iraniano. Ele acusou o Irã, a Venezuela e a Alemanha, afirmando que seu país “se põe ao conceito de globalização”. De acordo com a mídia norte-americana, o discurso de Trump fez com que representantes de vários países “gargalhassem, abanassem a cabeça em negação e franzissem as sobrancelhas”. A intervenção dele também foi alvo de críticas e refutações.
Por exemplo, Guterres afirmou que “ações coletivas baseadas no senso comum” são a única saída frente aos graves desafios do globo. O presidente da França, Emmanuel Macron, apelou para que os países recusem a “lei do mais forte”. A União Europeia anunciou que continuará a fazer comércios com o Irã e estabelecerá um novo sistema de pagamento, a fim de evitar as sanções dos Estados Unidos. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, solicitou que o globo construa a paz e a prosperidade. O líder sul-africano, Cyril Ramaphosa, pediu que todos os países se esforcem em conjunto para impedir o enfraquecimento da globalização e o ataque ao comércio internacional. O chanceler chinês, Wang Yi, confirmou a necessidade de defender o papel central das Nações Unidas nos assuntos internacionais, com a finalidade de promover a estabilidade em um mundo agitado. Na primeira Sessão do Conselho de Segurança para a Não Proliferação Nuclear presidida por Trump, o presidente da Bolívia, Evo Morales, criticou que “os Estados Unidos não estão interessados em buscar a democracia” e enumerou o fracasso das políticas diplomáticas do país.
Tradução: Joaquina Hou
Revisão: Layanna Azevedo