Ação contra ZTE não obstrui avanço de alta tecnologia na China, diz especialista
Sede da ZTE nos EUA, localizada em Dallas, Texas.
O Departamento do Comércio dos EUA anunciou recentemente uma ativação de negação de privilégios de exportação contra a ZTE, uma das maiores produtoras chinesas de equipamentos de telecomunicações. Segundo a ordem, a ZTE está proibida de importar produtos sensíveis dos EUA por um período de sete anos. Para o vice-diretor do Instituto de Pesquisa da Macroeconomia da China, Wang Changlin, o incidente não vai obstruir o desenvolvimento de alta tecnologia da China.
Wang disse que os países mantêm uma relação cooperativa e interdependente na cadeia global de alta tecnologia. No setor de fabricação de equipamentos de informação eletrônica, os EUA produzem produtos hi-end e investem na pesquisa de tecnologia de ponta. Outros países desenvolvidos, como Japão e Coreia do Sul, assumem o papel de produção de equipamentos mid-end e hi-end. Já os países em desenvolvimento, como a China, são as principais forças para montagem e processamento.
“A China produziu mais de 1,9 bilhão de celulares, 300 milhões de computadores, 3,1 bilhões de electrodomésticos em 2017, contribuindo com 75%, 95% e 85%, respectivamente, do volume mundial desses produtos. Se os EUA impuserem uma severa proibição de exportação contra nós, a China sofrerá definitivamente grandes danos, mas esse impacto atingirá também os EUA, o Japão e a Coreia do Sul. O setor de alta tecnologia dos países desenvolvidos como os EUA é a força motriz da economia. Uma queda nesse setor pode causar danos no setor de serviços e no mercado de capitais dos EUA, e até na economia global.”
Nos últimos anos, o setor de alta tecnologia da China apresentou uma tendência de rápido desenvolvimento, conseguindo um aumento de 13,4% no ano passado. O investimento em ativos fixos somou 4,3 trilhões de yuans. Wang disse que, com esses progressos, a China se capacitou para alcançar um maior desenvolvimento de alta tecnologia, especialmente nos setores de inteligência artificial e biomedicina.
“Temos um sistema industrial completo. Formamos uma força madura de produção e montagem de celulares e computadores com trabalhadores qualificados. Essa é a nossa vantagem, que muitos outros países não podem substituir no prazo curto. A China possui produtos e tecnologias de sua própria propriedade intelectual nos setores de chips e sistema operacional. O mercado da China é também cada vez maior, fator que oferece enorme oportunidade para promover a indústria de alta tecnologia.”
Wang Changlin disse acreditar que a fricção comercial não vai impedir o desenvolvimento de um país.
“Na década de 70 do século passado, os EUA e o Japão tiveram fricções comerciais que duraram muitos anos. Isso não obstruiu o desenvolvimento do setor de semicondutores do Japão. Os EUA realizaram também investigações comerciais contra produtos fotovoltaicos da China, mas nós conseguimos grandes progressos nesse setor nos últimos anos.”
Wang disse que a China deve desempenhar sua vantagem e reforçar a inovação. Segundo ele, o desenvolvimento no setor de alta tecnologia seguirá forte no país asiático.
Tradução: Li Jinchuan
Edição: Rafael Fontana