Para acadêmico brasileiro, Estados Unidos se prejudicam com guerra comercial
O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou na última quinta-feira (22) um memorando presidencial anunciando tarifas contra uma grande gama de mercadorias chinesas. Além disso, o país impôs várias restrições ao investimento, fusões e aquisições de empresas chinesas. O professor brasileiro da Universidade de Tecnologia de Guangdong e também vice-secretário-geral da Sociedade das Economias Emergentes de Guangdong, Marcos de Paiva Vieira, afirmou que as ações norte-americanas prejudicarão não apenas as relações comerciais com a China, mas também influenciarão o desenvolvimento econômico do seu próprio país.
Segundo Vieira, as empresas no mundo todo são altamente interdependentes. As empresas serão influenciadas caso a cadeia de suprimentos seja interrompida ou surjam problemas na produção. Tal fato causará alta nos custos de produção. Portanto, uma guerra comercial traz danos para todos os lados. O acadêmico frisou que o aumento das tarifas dos Estados Unidos impactará a economia do próprio país.
“Se ele quiser guerra tarifária, vai trazer certamente aumento nos preços internos. A inflação americana já começa a crescer. Ela está 2,2% a cima da meta do Federal Bank, que é de 2%. Vai haver – já está havendo - uma diminuição na produtividade do trabalho. Então isto vai criar dificuldade para a criação de emprego, que vem crescendo, mas vai ter problema.”
O vice-ministro do Comércio da China, Wang Shouwen, afirmou no domingo (25) que guerras comerciais terminam sem vencedores. Segundo o ministro, a China não pretende iniciar uma guerra comercial com os Estados Unidos ou qualquer outro país. Porém, o país asiático adotou medidas para defender seus próprios interesses, pois foram prejudicados. Para Vieira, é pequena a possibilidade de uma guerra comercial entre os dois países. Na opinião dele, os Estados Unidos não se arriscarão a serem inimigos da China, especialmente na área comercial.
“O Trump é uma pessoa muito diferente. Ele tem uma cabeça de homens de negócio. Ele não é só um político. Ele fala uma coisa só para testar o outro lado, para tentar conseguir um preço melhor, para fazer um custo mais baixo. É como você negociar, fazer uma compra. Ele quer mais vantagem. Depois ele volta para, muito claramente, como foi a questão dos impostos, não é, do alumínio e do aço. Ele já voltou atrás na questão do Brasil, Austrália, Canadá, México e Coreia do Sul.”
Vieira afirmou que o unilateralismo e o protecionismo promovidos por Trump são contrários ao desenvolvimento da nossa era, e a globalização já é uma tendência inevitável. O professor considera a iniciativa “Cinturão e Rota” proposta pela China como um bom exemplo neste sentido.
“O modelo americano é o contrário do modelo da China. A China tem um modelo de desenvolvimento e de investimento estrangeiro que é um desenvolvimento construtivo de cooperação, melhoria para todos. É o que a China adota na America Latina, na África e agora com essa questão do ‘Belt and Road’ Initiative, a Iniciativa do Cinturão e Rota. Eu acho que aí vai prevalecer muito o multilateralismo da China e não esse unilateralismo. Não há como os Estados Unidos suportar ficar fora desse movimento que vai ser um movimento mundial.”
Tradução: Joaquina Hou
Revisão: Layanna Azevedo