Especialistas criticam EUA por adoção de altas tarifas sobre produtos chineses
O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (22) um memorando impondo tarifas de até US$ 60 bilhões em importações da China e restrições contra investimento chinês no país.
O documento tem como base a chamada "investigação da Seção 301" contra supostas práticas chinesas em propriedade intelectual e transferência de tecnologia, lançada pelo governo de Trump em agosto de 2017.
Vários especialistas chineses repudiaram a decisão de Washington dizendo que isso pode prejudicar tanto os interesses chineses como os norte-americanos. O diretor do Instituto de Estudos sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC), da Universidade do Comércio e Economia Internacional, Tu Xinquan, disse que a ação dos EUA contraria as normas da Organização.
“A investigação da Seção 301 é uma cláusula da Lei do Comércio de 1974 (Trade Act of 1974), dos EUA. O item decreta a investigação de políticas e ações comerciais ‘irracionais’ de seus parceiros comerciais, assim como a aplicação de medidas em resposta. As normas da OMC proíbem seus membros a adotar restrições unilaterais. Os casos de atritos podem ser submetidos para o julgamento da Organização. Em 1997, os EUA também prometeram recorrer à “investigação da Seção 301” com base nas normas da OMC. Isso significa que o país não pode tomar medidas unilaterais, apesar de poder executar a investigação.”
Desde o segundo semestre do ano passado, os EUA lançaram a investigação antidumping e antisubsídio sobre os produtos de alumínio importados da China. A pesquisadora do Centro para Intercâmbios Econômicos Internacionais da China, Zhang Monan, considera que as políticas comerciais norte-americanas para com o país asiático estão adquirindo tom agressivo.
“Os EUA vêm generalizando o significado da ‘segurança nacional’ em muitos setores. Por exemplo, nas áreas de economia digital e de algumas altas tecnologias, os EUA politizaram as questões econômicas e comerciais sob o contexto da ‘segurança nacional’. A ação prejudica gravemente os contatos e intercâmbios entre a China e os EUA. Além disso, os norte-americanos também colocam suas próprias leis acima do enquadramento multilateral do mundo.”
A comunidade internacional também mostrou preocupação com a possível guerra comercial entre os EUA e a China. A China tem reiterado que a guerra não terá nenhum vencedor. Zhang Monan analisou a situação.
“Na globalização atual, produtores, fornecedores e consumidores já estão interligados na mesma rede de valores. Se os EUA adotarem altas tarifas sobre seus parceiros, todas as partes interessadas, incluindo os produtores e consumidores, serão afetadas. Isso imporá prejuízos consideráveis ao comércio internacional e aos interesses dos consumidores.”