Comentário: Vitória do partido Sinn Féin na Irlanda do Norte é motivo de nova preocupação para o governo britânico
No dia 7 deste mês, o partido Sinn Féin, defensor da separação da Irlanda do Norte do Reino Unido, obteve vitória nas eleições regionais da Irlanda do Norte, tornando-se o primeiro partido nacionalista a controlar a assembleia da região em 101 anos. A vice-presidente do partido, Michelle O'Neill, que poderá ser a ministra-chefe da Irlanda do Norte, afirmou que é preciso desenvolver uma discussão sobre “se a Irlanda do Norte se integraria à Irlanda”. A presidente do partido, Mary Lou McDonald, defendeu a “preparação do referendo sobre a unificação da Irlanda”, dizendo que o plano do referendo será realizado dentro de cinco anos.
A questão da Irlanda do Norte é um problema histórico complicado herdado pelo colonialismo do Reino Unido. Após o referendo do “Brexit” em 2016, a região se tornou foco de discussão sob o quadro do comércio entre o Reino Unido e a União Europeia. Conforme o acordo do Brexit, a região da Irlanda do Norte continua se mantendo no mercado único europeu e na união aduaneira europeia, com o fim de evitar uma “fronteira dura” na Ilha da Irlanda. Porém, a medida provocou a barreira entre a Irlanda do Norte e a Grã-Bretanha, agravando as relações entre as forças independentes e as pró-britânicas. Os analistas atribuíram a derrota do Partido Unionista Democrático, simpatizante ao Reino Unido, à sua má performance na questão do comércio após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
O partido Sinn Féin, criado em 1905, apoia a saída da Irlanda do Norte do Reino Unido para formar uma “Irlanda unificada”. Segundo a agência Reuters, apesar do Sinn Féin não conseguir realizar o referendo em curto prazo, sua vitória possui um significado emblemático de pôr fim à posição dominante do partido pró Reino Unido na Irlanda do Norte.
Para o governo do Reino Unido, a mudança do palco político da Irlanda do Norte é apenas um de seus desafios. Desde a eclosão da pandemia, a atitude negativa das autoridades britânicas no combate à pandemia foi alvo de críticas. Em fevereiro deste ano, o governo ainda declarou a política de “coexistência com a Covid-19”, agravando dramaticamente a pandemia no país. Atualmente, o número de óbitos devido à Covid-19 se aproxima de 180 mil. Além disso, o país também enfrenta problemas nas cadeias de oferta, mão de obra e alta dos preços. O Banco da Inglaterra, banco central do Reino Unido, alertou que a inflação deste ano poderá bater um recorde de 40 anos ao superar o patamar de 10%, fazendo com que a economia do Reino Unido possa entrar em recessão no ano que vem.