Comentário: Os EUA precisam de um novo roteiro para a realização de comércio com China
O Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos publicou na segunda-feira (1º de março) um documento, “Agenda Comercial 2021 e Relatório Anual 2020”, no qual descreve o roteiro comercial do governo norte-americano. O documento de 308 páginas contém mais de 400 referências à China e afirma que o novo governo usará “todos os instrumentos disponíveis” para combater as “práticas comerciais desleais” de Beijing.
O atrito econômico e comercial entre a China e os Estados Unidos, iniciado pelo governo estadunidense anterior, causou grandes prejuízos a todas as partes. Se o novo governo dos EUA continuar o antigo caminho de seu antecessor, será um resultado não desejado por nenhuma parte.
Talvez os autores deste relatório devam consultar a opinião dos agricultores norte-americanos que, de acordo com o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos, estão planejando expandir sua área de plantação de soja e milho em 5% nesta primavera. “Isso está sendo impulsionado pela forte demanda da China”, disse o economista-chefe do ministério, Seth Meyer.
Além disso, os dirigentes de Washington também devem ler um estudo recente publicado pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos e pelo Grupo Rhodium. O estudo estima que se os EUA impusessem uma tarifa adicional de 25% em todo o comércio com a China, o PIB norte-americano perderia US$ 190 bilhões anualmente até 2025.
As empresas americanas que investem na China também não estão entusiasmadas com um roteiro comercial que vai contra o princípio da cooperação ganha-ganha. De acordo com o estudo de Rhodium, os investidores americanos perderiam US$25 bilhões em ganhos de capital anualmente se os EUA cortassem pela metade seu investimento direto na China. As empresas estadunidenses arriscariam perder sua competitividade global se fossem forçadas a se desvincular da China.
As relações cooperativas econômicas e comerciais entre os EUA e a China são o resultado de décadas do efeito combinado de leis de mercado e escolhas de empresas. As tentativas de mudar as leis econômicas por meio da violência política não são realistas e não resolverão os problemas que os EUA enfrentam, e sim prejudicarão a cadeia de abastecimento industrial global.
É claro que, no momento, os EUA precisam de um novo roteiro para a realização do comércio com a China que respeite as leis da economia de mercado e as regras do livre comércio, aborde bem as divergências e fortaleça a cooperação.