Comentário: O que reflete a divergência transatlântica?
Foi inaugurada a Conferência de Segurança de Munique no último dia 14 na Alemanha. Como diz a imprensa ocidental, diante das transformações atuais do mundo nunca vistas no último século, esta conferência com maior dimensão e influência na área de política de segurança está se tornando um “réquiem do Ocidente”.
O tema da reunião deste ano, “desocidentalização” (westlessness), reflete profundamente a ansiedade e as preocupações da Europa nos últimos anos. Os países europeus consideram que a chamada “desocidentalização” se deve principalmente ao fato de que os Estados Unidos deixaram de fazer parte do Ocidente. Sob o slogan “Americafirst”, as relações transatlânticas se tornam anormais. Foi exigido de que a Europa cedesse mais aos EUA, além de assumir mais despesa militar. Apesar de prejudicar muito os interesses de parceiros europeus, Mike Pompeo, ostentou que a morte da aliança transatlântica é grosseiramente exagerada e que o Ocidente está vencendo. Porém, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que a Europa não pode ser um “parceiro secundário” dos Estados Unidos. Então, desde a vitória do Ocidente até a “falta do Ocidente”, o que significa a divergência através do Atlântico?
Em primeiro lugar, a Europa sente os efeitos da negligência estadunidense com relação a suas preocupações. Nas questões relacionadas a grandes interesses econômicos e de segurança da Europa, os Estados Unidos agem de seu jeito sem considerar as preocupações dos parceiros europeus.
Em segundo lugar, a Europa fica furiosa pela ameaça norte-americana de uma guerra comercial. Por causa da estratégia “Americafirst”, as disputas de interesses entre a Europa e os EUA aumentaram. Segundo a imprensa alemã, Donald Trump acusou a União Europeia de impor barreiras “incríveis” sobre produtos norte-americanos. Além disso, após alcançar acordos comerciais com China, Canadá e México, o próximo alvo da guerra comercial dos EUA será possivelmente a Europa.
Por último, a Europa está alerta para a interferência dos EUA em seus assuntos internos e exteriores. Por um lado, os Estados Unidos divulgam o conceito de compartilhamento e, por outro, apoiam atividades separatistas dentro da Europa. Além disso, Washington ainda interfere constantemente no intercâmbio e cooperação entre a Europa e a China, com afirmações exageradas dizendo que a China é uma ameaça, em todos os eventos internacionais de grande importância. No entanto, o alto representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, JosepBorrell, apontou, no encontro mantido no dia 15 com o chanceler chinês Wang Yi, que alguns países fazem críticas e acusações contra a China, por causa da sua inveja em relação ao sucesso chinês no desenvolvimento.
Na realidade, a Europa não precisa ficar obcecada com a “desocidentalização”. Como disse o chanceler chinês, Wang Yi, na conferência, é necessário abandonar a divisão de Ocidente e Oriente, ultrapassar a diferença entre o Sul e o Norte, e ver esse planeta onde vivemos como uma comunidade comum. Também é necessário superar o obstáculo ideológico, tolerar as diferenças históricas e culturais, e considerar essa comunidade internacional como uma grande família mundial.
tradução: Shi Liang
revisão: Diego Goulart