Comentário: Países europeus estão prudentes em relação à estratégica dos EUA de conter a China
Em comunicado conjunto divulgado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) após a Cúpula em Bruxelas, a Otan referiu pela primeira vez à China, alegando que o país constitui um “desafio sistemático”. Já no dia anterior, o comunicado da cúpula do G-7 também atacou a China em relação aos direitos humanos, na origem do vírus do Covid-19, e nas questões relacionadas com Xinjiang e Hongkong.
Os dois eventos diplomáticos, os quais o presidente norte-americano Joe Biden compareceu pessoalmente, foram considerados esforços importantes dos EUA de unir os aliados para reprimir a China. A rede televisiva norte-americana CNN comentou que “Biden ressaltou as ameaças chinesas nas cúpulas do G-7 e da Otan, mas os líderes europeus se mantêm prudentes”.
Trata-se da primeira visita de Biden à Europa depois de tomar posse em janeiro. Ele repetiu por várias vezes que “valorizará novamente a liderança norte-americana no mundo democrático”. De acordo com a Agência France-Presse (AFP), Biden está seguindo a política de Donald Trump de orientar o G-7 e a Otan a “prestar mais atenção a Beijing”.
Os analistas defendem que as duas cúpulas, apesar de todos se referirem à China, não apresentaram tom nem palavras tão duras como o esperado pelos EUA. O diário britânico The Guardian disse, cintando um funcionário norte-americano, que o presidente Biden esperava particularmente que o comunicado do G-7 falasse sobre os chamados “trabalhos forçados” em Xinjiang. Porém, o documento não referiu diretamente o nome da China. Segundo a rede europeia Eur Activ, os EUA queriam usar palavras mais duras no comunicado da Otan, mas os europeus insistiram em qualificar a China como “desafio” ao invés de “ameaça”.
O presidente da França, Emmanuel Macron, deixou claro na coletiva de imprensa após a cúpula do G-7 que os países não são um “clube” contra a China, e que querem manter cooperação com o país oriental nas alterações climáticas e nas políticas de comércio internacional e de desenvolvimento. A chanceler alemã, Angela Merkel, também assinalou que “a China é nosso rival em várias questões, mas também parceiro em vários aspectos”. O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, observou que o Ocidente precisa manter a cooperação com a China em áreas-chave, sobretudo nas mudanças climáticas.