EUA devem explicar o surto da doença do cigarro eletrônico do ano passado

A doença do cigarro eletrônico eclodiu repentinamente nos Estados Unidos em agosto do ano passado, seguida de um pico de casos confirmados em setembro. Até o dia 18 de fevereiro último, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA informou um total de 2.807 casos de lesão pulmonar associadas aos cigarros eletrônicos ou produtos vaporizadores, incluindo 68 mortes. No entanto, o órgão não publicou a causa clara da doença, declarando apenas que o acetato de vitamina E usado nos cigarros eletrônicos contendo tetra-hidrocanabinol (THC) podia resultar no surto. Além disso, é difícil descartar os efeitos de outros produtos químicos.

Segundo informou o jornal New York Times em agosto de 2019, os pacientes da doença do cigarro eletrônico geralmente apresentaram sintomas como falta de ar, dor no peito, vômitos, febre e fadiga. Alguns deles também precisaram ser tratados com um respirador na unidade de terapia intensiva. Desde o surgimento da doença, o CDC, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) e os departamentos de saúde estaduais vêm realizando investigações sobre a causa da doença.

Em janeiro deste ano, os dados divulgados pelo CDC mostram que, entre os 2.022 pacientes que estavam hospitalizados para receber tratamento da doença pulmonar pelo cigarro eletrônico, 82% deles relataram o uso dos produtos contendo THC e 33% dos doentes declaram que só usaram os produtos com THC. Por outro lado, 57% dos pacientes tinham usado os produtos contendo nicotina e outros 14% usaram apenas nicotina. De acordo com o resultado, nem todos os casos confirmados estão relacionados ao THC. O CDC acredita que essa substância tenha causado possivelmente o surto da doença de cigarro eletrônico.

Em novembro de 2019, a rede televisiva CNN informou um caso de óbito suspeito da doença pulmonar pelo cigarro eletrônico. Entretanto, os médicos ainda não conseguiram determinar se a causa da morte estava relacionada ao cigarro eletrônico dois meses depois de sua morte. O jornalista-chefe na área médica da CNN, Sanjay Gupta, declarou que os Estados Unidos começaram a vender os cigarros eletrônicos desde 2007. Nunca ocorreu antes um caso semelhante de doença pulmonar misteriosa. É necessário discutir e encontrar a relação entre os dois. Ele acrescentou que muitos casos existentes parecem estar relacionados aos cigarros eletrônicos contendo THC. Entretanto, essa substância é ilegal em alguns estados dos EUA. Por que os pacientes com doença pulmonar do cigarro eletrônico apareceram nesses estados?

Segundo Brandon T. Larsen, patologista cirúrgico da Clínica Mayo, existem danos nos pulmões nos 17 casos que eles estão estudando. As lesões parecem algum tipo de dano químico direto, semelhante às situações que ocorrem em contatos com fumaça química, gases e substâncias tóxicas.

Segundo informou o jornal USA Today, desde 2003, centenas de acidentes causados por contatos humanos com microrganismos mortais ocorreram em laboratórios dos EUA. Os contatos podem levar à infecção por vírus fatal e disseminação comunitária, se tornando uma epidemia.

Os EUA devem dar uma explicação quanto à relação entre a doença do cigarro eletrônico com o fechamento do laboratório biológico em Fort Detrick e a pandemia do coronavírus.

Tradução: Zhao Yan

Edição: Diego Goulart