Economista brasileiro: prática econômica e comercial da China e dos EUA tem diferença importante

Fonte: CRI Published: 2019-06-28 10:57:28
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O Simpósio Internacional de Think Tanks do BRICS 2019 – Conferência de Governança Global e Multilateralismo foi realizado na quarta-feira (26) em Beijing. O ex-vice-ministro do Trabalho e Previdência Social, Cláudio Puty, afirmou à margem do evento que as medidas de ampliação da abertura da China se distinguem das ações unilaterais dos Estados Unidos. Segundo Puty, também professor associado da Universidade Federal do Pará, a resolução das disputas comerciais depende de um plano multilateral.

Desde o ano 2018, os Estados Unidos impuseram tarifas sobre importações de vários países e estabeleceram restrições ao investimento estrangeiro em seu setor tecnológico, além de ter se retirado de organizações internacionais. Puty apontou que os Estados Unidos estão denunciando as instituições multilaterais que eles mesmo criaram no pós-guerra. Para o professor de economia, as ações demonstram uma perda de capacidade hegemônica dos Estados Unidos.

“A ideia é, vamos sentar todos à mesa, mas eu sento à cabeceira. E, agora, os Estados Unidos estão dizendo o seguinte: eu quero sentar sozinho à mesa, porque vocês são uma ameaça para mim. Então, é a demonstração de uma enorme insegurança por parte do governo americano, por parte da crise que a sociedade americana vive. Isso é insustentável no longo prazo, porque não há um mundo onde só um possa ganhar.”

Segundo Puty, no médio prazo, as medidas protecionistas diminuem o crescimento mundial. Muitas empresas norte-americanas dependem das fábricas intensivas de mão-de-obra na China, México, entre outros lugares, o que assedia os próprios Estados Unidos com o aumento dos custos comparados.

Os Estados Unidos têm utilizado o déficit comercial como um pretexto para o desencadear da guerra comercial. Na opinião de Puty, o déficit comercial norte-americano é causado por razões históricas. Ele frisou que uma guerra comercial não solucionará o problema.

“Os Estados Unidos têm um déficit comercial histórico. Mas eles compensam isso com superávit na chamada conta de capital financeira. Eles têm entradas financeiras muito elevadas, remessa de lucros, investimentos em portfólio e tudo mais. A economia americana não pode ter um superávit comercial e financeiro, se estiver em dólar. Isso é uma situação muito difícil de se manter. A questão é: se essa posição que os Estado Unidos almejam é sustentável para a própria economia americana.”

Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos provocam disputas comerciais contra os países do mundo, a China está focando na reforma e abertura. Desde o ano passado, o país começou a simplificar o processo de instalação das empresas com investimento estrangeiro. No início de 2019, o país promulgou a Lei de Investimento Estrangeiro. Puty avaliou positivamente as medidas chinesas de ampliação de abertura.

“Eu saúdo essas mudanças, porque a China é um mercado grande demais. Eu considero que tem muitos países que podem ser auxiliados em função da abertura por parte da China para o comércio internacional. Falo de países particularmente dos BRICS. Promover o multilateralismo respeitando a autodeterminação dos povos. A diferença é importante em relação à prática unilateral que os Estados Unidos têm promovido.”

Puty sublinhou que o multilateralismo constitui a solução em longo prazo para a guerra comercial. De acordo como ele, o mundo precisa estabelecer e reformar instituições multilaterais em todas as áreas.

“Ter comércio estável e ter o instrumento de resolução de conflitos é fundamental. Não há alternativa que não seja a qual todos os interessados sentem, discutam e encontrem saídas. Tem que ter algum nível de proteção das nações mais pobres ante o comércio com as mais ricas. Garantir que os países em desenvolvimento e mais pobres possam ter algum nível de proteção sobre a sua indústria para que ela não seja destruída. E esses problemas têm que ser complementados não só na OMC, mas tem que ter um fortalecimento de outras instituições multilaterais porque se envolvem não só comércio, mas também investimento e infraestrutura.”

O Simpósio Internacional de Think Tanks do BRICS 2019 é co-organizado pelo Conselho Chinês para Cooperação de Think Tanks do BRICS, Universidade de Estudos Internacionais de Beijing e Academia Chinesa para Iniciativa Cinturão e Rota. Participaram do evento 26 especialistas vindos da China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, professores, assim como estudantes chineses e estrangeiros da Universidade de Estudos Internacionais de Beijing.

Tradução: Joaquina Hou

Revisão: Diego Goulart

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