Comentário: retirada dos EUA do acordo de eliminação de mísseis ameaça a paz mundial
O encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o representante norte-americano de segurança nacional, John Robert Bolton, realizado ontem (23) em Moscou, não gerou resultados positivos sobre o acordo de eliminação de mísseis assinado pelos dois países em 1987. Os EUA ameaçaram se retirar do acordo que é considerado o tratado com melhor execução durante a “Guerra Fria”.
Os EUA e a então União Soviética assinaram, em dezembro de 1987, o acordo de eliminação de mísseis balísticos de alcance médio e intermediário, seguido por uma massiva destruição de mísseis do gênero nos dois países. A então União Soviética eliminou 1.752 mísseis intercontinentais e os EUA, 859.
Por que os EUA querem abandonar o acordo hoje? Claro, por causa da sua estratégia “América Primeiro”.
Por um lado, o presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu elevar a força militar dos EUA logo após entrar na Casa Branca. Ele assinou o projeto de lei para o ano fiscal de 2018, ordenando o secretário de Defesa, Jim Mattis, a investir mais recursos na pesquisa do sistema de mísseis de cruzeiro, que envolve o desenvolvimento dos mísseis de alcance médio e intermediário, quebrando inevitavelmente o acordo assinado em 1987.
Por outro lado, a retirada de tal acordo pode quebrar o limite de fabricação de armas militares. Essa é considerada não só uma ação política mas também utilitarista.
O acordo foi um documento bilateral entre os EUA e a União Soviética que nada tem a ver com a China. Mas Trump não parou de arrastar a China na sua negociação com a Rússia, pretendendo aumentar seu instrumento de negociação. De fato, a China é um país signatário do Tratado de Não Proliferação e fiel apoiante da paz mundial. No entanto, Washington continua a desafiar a linha de fundo moral, traindo uma série de acordos que ele assinou, ação de grande impacto no sistema internacional de prevenção nuclear e de controle de armas.
Trump anunciou recentemente que planeja encontrar com Putin no dia 11 de novembro, em Paris, para discutir o tema. Espera-se que resultados positivos sejam atingidos porque o mundo precisa de medidas que garantam a paz, e não de surpresas que poderiam destruí-la.
Tradução: Li Jinchuan
Revisão: Layanna Azevedo