Comentário: Chantagem comercial dos EUA está se desvalorizando
O representante comercial norte-americano, Robert Lighthizer, anunciou ontem (1º) que havia recebido a ordem do presidente Donald Trump a considerar a elevação da sobretaxa de 10% para 25% sobre mercadorias chinesas, em um valor total de US$ 200 bilhões.
Desta vez, a decisão pode desapontar o governo norte-americano. O mercado acionário dos Estados Unidos teve ontem um pregão sem oscilações significativas. Os principais veículos de imprensa norte-americanos reportaram a notícia de Lighthzer sem alarde. Ao mesmo tempo, os EUA emitiram sinais de retomada das negociações com a China.
Quanto à nova decisão da Casa Branca, o Ministério do Comércio da China disse que as medidas, que revelam uma postura de duas faces dos EUA, despeitaram os interesses do mundo, dos agricultores, empresários e consumidores do próprio país. A China alertou que a conduta norte-americana não surtirá efeito, mas apenas gera desaprovação entre países que se opõem à guerra comercial.
Nos últimos quatro meses de atritos comerciais entre os EUA e a China, a Casa Branca vem intensificando as medidas contra a China, com o objetivo de ganhar mais votos. A ação, porém, não surtiu grandes efeitos. Por isso, Trump ameaçou a fechar a porta para todos os US$ 500 bilhões em produtos importados da China, além de elevar a proporção da sobretaxa.
Sendo um país com vantagens esmagadoras na política, economia, forças armadas, ciência e tecnologia, por que os EUA sempre usam chantagem contra seus parceiros?
Primeiramente, Trump era um comerciante e quer recorrer à “arte dos negócios” na administração do país. Segundo, as seções fortes dos EUA já conquistaram uma posição mais vantajosa no governo. Eles consideram que a aplicação de medidas duras é a melhor forma para levar Beijing de volta às negociações.
O fato é que a China não teme chantagens e sempre vai aplicar contramedidas quando seus interesses essenciais forem prejudicados. Simultaneamente, a China defende a resolução de disputas por meios de diálogo, com base em justiça e compromissos.