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A história da primeira atriz brasileira premiada na China
  2014-07-18 14:49:07  cri

Quando esta melodia era tocada, há 30 anos, as televisões de todas as casas estavam sintonizadas no mesmo programa, a telenovela brasileira Escrava Isaura. Como um dos primeiros produtos televisivos estrangeiros introduzidos pela China após a Reforma e a Abertura, essa telenovela, longa, de 100 episódios, era transmitida em um episódio a cada semana, pela TV de Beijing.

O enrendo complexo e o estilo exótico da América do Sul, na telenovela, conquistaram inúmeros espectadores chineses. A atriz que interpretava a escrava Isaura, Lucélia Santos, tornou-se uma super-estrela, bem conhecida na China.

Em 1985, Lucélia Santos foi eleita Melhor Atriz Estrangeira, com o prêmio Águia de Ouro, conquistando 300 milhões de votos. Até hoje, ela é a única atriz estrangeira a ganhar esse prêmio. A cerimônia de premiação realizada em Hangzhou, na China, foi inesquecível.

"A cerimônia foi muito bonita e eles ficavam pedido para eu cantar e para eu dançar, Eu não tinha preparado nada disso, por que foi só para receber o prémio.

Aí quando eu vi o estádio esportivo abarrotado de gente, falei para orquestra tocar qualquer música. E comecei a dançar e cantei. Tudo improvisado por que eu não estiva preparada para nenhum show. Mas eles queriam ouvir a minha voz, queriam que eu falasse alguma coisa. Foi muito emocionante."

Na década 1980, o Brasil era um país realmente distante e desconhecido para os chineses. Com a popularização da Escrava Isaura, o povo chinês começou a conhecer a cultura e a história brasileiras. Para Lucélia Santos, a primeira viagem à China deu-lhe a oportunidade de contato pessoal com a cultura e o povo do país oriental. Uma telenovela desempenhou um grande papel no sentido de aproximar os dois povos.

"Naquele momento, até falar ao telefone era muito difícil. A China era o outro lado do mundo, para nós, brasileiros. Sabemos muito pouco sobre a cultura e o povo chinês, e a recíproca é verdadeira. O povo chinês também sabia muito pouco sobre a cultura do Brasil. Então, esse foram os primeiros passos. O fato de a telenovela ter sido transmitida a todo o país, na China, e de ter sido adotada afetivamente pela população, foi um passo muito grande no caminho da aproximação das culturas, brasileira e chinesa."

Além de participar da cerimônia de premiação, Lucélia Santos também visitou vários lugares na sua primeira viagem à China, tais como, Beijing, Shanghai, Suzhou e Hangzhou. Depois de regressar ao Brasil, ela não imaginara que voltaria à China. Porém, ao longo dos 30 anos posteriores, ela fez ponte, frequentemente, entre o Brasil e a China, que se tornaria a sua segunda terra natal.

Sete anos depois, Lucélia Santos foi convidada a participar de um seminário, promovido pela Televisão de Sichuan. Nessa viagem, obteve a oportunidade de cooperar com a TV de Sichuan na produção de documentários na China e no Brasil. Primeiro, ela dirigiu uma equipe de filmagem chinesa no Brasil, concluindo o documentário The Beautiful Brazil.

"Fiz The Beautiful Brazil. A Sichuan TV veio ao Brasil. Nós gravamos em nove estados brasileiros. Foi uma viagem muito bonita. Esse filme foi exibido em várias redes de televisão na China. Sobretudo, na época em que o presidente Fernando Henrique Cardoso foi à China, esse filme foi muito exibido durante a visita dele, porque era o único documentário do Brasil recente e feito por uma TV chinesa."

Em 1996, Lucélia Santos chefiou uma equipe brasileira para a China, produzindo um documentário com cinco episódios para a TV, O Ponto de Mutação – China Hoje. O documentário apresenta um panorama do país oriental, incluindo, cultura, arte, filosofia, história, gastronomia, religião, costumes populares, bem como a política de Filho Único, as questões de Hong Kong e de Macau, etc, recebendo uma reação forte do povo brasileiro.

Durante a filmagem do documentário, Lucélia Santos teve a ideia de produzir um filme em conjunto com a China. Inicialmente, quis produzir uma telenovela, porém, após várias revisões do roteiro original, finalmente optou por um longa-metragem ao público, chamado Destinos.

A história se estende por meio século e conta as relações emocionais complexas de três gerações. Lucélia Santos assumiu os cargos de direção e atriz, e chefiou a equipe de filmagem, a viajar entre China e Brasil por 12 anos. Eles venceram várias dificuldades como, língua, atores, fundos, etc, e finalmente concluiram a produção e conseguiram estrear no 12º Festival Internacional de Cinema de Shanghai, em 2009.

Infelizmente, devido a várias razões, Destino não conseguiu espaço comercial. Sempre que fala sobre isso, Santos se sente triste, mas ela disse que não se arrependeu, porque ela deu uma grande contribuição para o intercâmbio entre a China e o Brasil.

"Eu sou a primeira, talvez a única pessoa, que trabalhou nessa área. E todas as iniciativas foram tomadas por mim. Eu construí essa história. Eu dediquei esse mérito às amplas relações culturais e comerciais entre o Brasil e a China, porque sempre acreditei nessa amizade. Acho que são culturas, países antípodas, cada um no outro extremo do hemisfério, mas, são povos irmãos com muita afinidades espirituais e culturais e afetivas. São dois povos adoráveis.

Eu conheço bastante o povo chinês, de quem eu gosto. E conheço bastante o povo brasileiro, de quem eu também gosto. O filme foi uma homenagem a essa amizade. Eu falhei, todavia o meu trabalho não morreu ali. Acho que o meu trabalho vai além disso. Por que o fato de ter trabalhado para fazer isso no plano da ficção é expressão de todos os esforços, no projeto de intercâmbio cultural entre os países.

No início deste ano, na gala televisiva da TV de Beijing, em comemoração ao Festival da Primavera, vimos mais uma vez a imagem de Lucélia Santos. Ela surgiu no elo de retrospecção das telenovelas antigas. Santos, em vistoso vestuário tradicional chinês, subiu ao palco junto com outras duas atrizes estrangeiras, oferecendo seus presentes de Novo Ano aos telespectadores chineses.

30 anos passados, e os chineses não se esquecem de Lucélia Santos. A bela escrava Isaura, é uma memória maravilhosa para os telespectadores chineses. Lucélia Santos também nutre profundo carinho ao povo e à cultura chinesa. Ela disse:

"Eu gosto da China. Eu gosto do povo chinês, eu gosto da cultura chinesa, como se fosse meu próprio país. Sou budista e acredito na reencarnação, em vidas passadas. Acho que devo ter tido várias bilhões de encarnações na China, anteriormente. Porque somos muito próximos. Muita afinidade."

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