MARCO ANTONIO TOURINHO FURTADO
  2009-09-03 09:34:45  cri

Ainda criança, recordo-me de estórias contadas num teatro infantil, na televisão brasileira. Muitas delas passavam-se na China, com imperadores, camponeses, mestres, e algumas começavam sempre assim; "nas longíquas montanhas de Sichuan, na China". E ficava imaginado como seriam estas montanhas tão distantes, cheia de mistérios e encantadoras estórias. Creio que foi daí que sempre mantive uma grande curiosidade sobre a China, seu povo, sua cultura.

Mas o tempo passou. Hoje sou professor na Escola de Minas, da Universidade Federal de Ouro Preto, em Ouro Preto, Minas Gerais, e venho acompanhando, com grande interesse, tudo que se passa na China. Tão grande interesse me levou a organizar um Grupo de Estudos Livre de Economia Chinesa e Relações China-Brasil. Nele, alunos de graduação e de pós-graduação, a partir de junho de 2007, se reúnem para conhecer um pouco da China. Todos os participantes do grupo estudam e apresentam temas, que são debatidos, permitindo disseminação de informação e conhecimento sobre o país.

A cada semestre trazemos alguém de fora da universidade, sejam profissionais brasileiros que trabalham na China ou com ela negociam, ou professores de outros locais. Isto nos fez conhecer um pouco mais sobre a China, a sua história, especialmente a contemporânea. O conhecimento desta história, ao mesmo tempo trágica com as sucessivas guerras entre 1840 e 1949, mas também fascinante com enormes transformações após este período, nos fizeram ver a grande capacidade de resistência às adversidades e o engenho criador do povo chinês.

No grupo já deu origem a dissertação mestrado de engenharia mineral que teve a China como tema, e outra está em vias de concretização. Ales disto vários trabalhos já foram apresentados em congressos, como no 23º Congresso Internacional de Mineração da Turquia, realizado em maio de 2009 em Antalya, naquele país. Também já ministramos palestras em vários locais sobre a China, sua economia, especialmente a mineral, e as implicações com a economia brasileira.

De tudo isto nasceu em mim, e em vários alunos, um grande amor para com a China e seu povo. Daí que, em julho deste ano, empreendemos uma viagem de quase um mês pelo país, conhecendo Pequim, Shanghai, Shenzen, Ghangzu, Hong Kong, Macau, o que só fez aumentar esta admiração.

Continuamos a estudar a China. Novos estudos sobre sua economia, mas já agora também sobre sua cultura e seu pensamento, que vão desde Confúcio e Mêncio a pensadores modernos a estudiosos estrangeiros ,que estudaram e amaram a China, como Joseph Needhan, cuja obra mostra a contribuição da China à ciência e ao avanço tecnológico, nos ajudam a entender mais este imenso, complexo e maravilhoso país.

Apesar de ainda não conhecer a língua, que começo a estudar, a China deixou de ser aquela imagem de "nas longínquas montanhas de Sichuan", para ser uma terra conhecida. E quanto mais conheço, estudo, reflito e penso sobre a China, mais e mais a amo.

Ouro Preto, 27 de agosto de 2009

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