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Restauradores de obras antigas da Biblioteca Nacional da China

Com o grande sucesso dos documentários "Mestres da Cidade Proibida" e "Grandes Artesões da China", a profissão de restauradores de relíquias, uma arte que andava esquecida, voltou a despertar o interesse do público chinês. Na Biblioteca de Livros Antigos, sediada em Beijing, menos de 20 restauradores profissionais se dedicam à recuperação de livros milenares e obras raras. Qual é a rotina desses profissionais e como é a realidade da recuperação e conserto de livros antigos na China? Vamos agora conhecer a vida de dois restauradores da Biblioteca.

Livros antigos castigados pela ação do tempo, com folhas danificadas e páginas emboloradas são consertados por restauradores. Eles começam o trabalho elaborando um plano de recuperação de acordo com o estado do livro e do papel. Li Yidong, nascido em 1989, é licenciado em História de Belas Artes e mestre em Avaliação de Caligrafia e Pinturas Ancestrais da China. Depois da formação acadêmica, se candidatou ao emprego da Biblioteca Nacional da China e tornou-se um dos restauradores mais jovens da Biblioteca. Logo na primeira aula, ele aprendeu como fazer cola em pasta. Ele recorda que esta é sua primeira lembrança:

"Precisamos usar cola em pasta, feita de farinha, para recuperar os livros. Então, a primeira coisa que fizemos ao chegar ao trabalho de manhã é preparar a cola. Como ela é muito condensada, precisamos dissolvê-la para colar as páginas. Antes de começar a restauração, é preciso fazer um arquivo. Isto é, tirar fotos da forma e do estado original do livro, bem como das informações básicas. Depois do conserto, tiramos fotos outra vez para arquivá-lo. O processo existe para termos uma comparação do seu estado atual e do estado anterior."

Durante um ano e meio, desde que chegou à Biblioteca, Li Yidong tem seguido seu mestre na restauração de livros, Du Weisheng. Com 65 anos, o mestre Du é sucessor da recuperação dos patrimônios culturais e imateriais da China. Perguntado sobre a experiência que mais lhe marcou, o mestre Du, que possui 43 anos de experiência no setor, confessou estar sempre zeloso com as obras, como se caminhasse por uma fina camada de gelo.

"As obras mais difíceis que eu já recuperei são os Documentos de Dunhuang e as Pinturas Budistas da Dinastia Xia do Oeste. Só para abrir um rolinho das Pinturas da Dinastia Xia do Oeste, levei uma semana. É preciso ter sempre muito zelo e cautela neste ofício. Mesmo quem atua na área há 20 e 30 anos, deve tomar muito cuidado. Os tipos de papeis são diversos. Ainda que produzido pela mesma fábrica, o papel varia a cada estação."

A recuperação de livros é um trabalho que exige muita experiência. Uma pessoa que trabalha cinco anos em uma determinada área é considerada experiente em muitas profissões. Mas, para a restauração de livros antigos, cinco anos é apenas o começo. Experiências acumuladas por dezenas de processos, como desmontar, lavar e reparar livros, são o maior deleite para os restauradores. O mestre Du Weisheng acredita ser necessário acompanhar as inovações e abraçar as novas tecnologias.

"Para recuperar um livro, o primeiro passo é avaliar sua danificação. Depois, estudar sua fibra e a composição do papel. Com base nisso, começa a restauração. Antigamente, nossos mestres tocavam o papel para sentir sua textura e o analisava a olho nu. Agora, temos o microscópio. Para sentir a textura do papel, tocando nele, são necessários dez anos de experiência. Se aprender a técnica de verificar a fibra, bastam três meses. Por isso, as novas tecnologias ajudam a adquirir conhecimentos em menos tempo."

O ano de 2017 marca o décimo aniversário da aplicação do programa de preservação e conservação de livros antigos da China. O país redobrou os esforços para estabelecer o mecanismo de preservação de obras preciosas, reforçar a preservação primordial e regenerador, além de formar profissionais. A vice-diretora do Gabinete do Centro de Preservação e Conservação de Livros Antigos, Wang Yanxing, conta que, até o final de 2016, 2 milhões de folhas de livros antigos foram recuperadas.

"Os livros antigos colecionados pelas bibliotecas e museus de todo o país somam mais de 50 milhões volumes. E a sua danificação é muito severa. Desde 2012, foram criados 12 centros nacionais para a restauração de livros e, até o ano 2016, recuperamos cerca de dois milhões de obras."

No entanto, o projeto de restauração tem ainda um longo caminho a percorrer. Atualmente, o número dos profissionais chega a mil. Mas diante do volume de livros à espera de restauração, o número é muito baixo. Para agravar a situação, a monotonia deste ofício também afasta os mais jovens. Li Yidong conta que seus colegas de faculdade se dedicam a trabalhos mais modernos.

"Alguns dos meus colegas trabalham em leilão, ou no comércio online de obras artísticas. Outros se tornaram professores em escolas ou universidades. Há também jornalistas e editores. A minha profissão é relativamente antiga. Mas acho bacana e gosto muito. Qualquer ofício precisa de pessoas dedicadas para continuar existindo."

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