Aiwaluo, 54 anos, é um músico tradicional da etnia Blang, uma minoria habitada na província de Yunnan, sudoeste da China. Com apenas dez anos, Aiwaluo começou a aprender a cantar e tocar instrumentos étnicos e ao chegar aos 12 anos, ele viveu uma vida itinerante, levando as canções e músicas de Blang para todo o país. Aiwaluo disse:

"Para a minha etnia, as crianças sabem dançar desde que começam a andar e sabem cantar assim que aprendem a falar. Se um menino não sabe cantar nem dançar, dificilmente arranjará uma esposa no futuro. Por isso, venho cantando e dançando e assim encontrei o amor da minha vida. Cantamos juntos e nos tornamos cada dia mais apaixonados."

Em 2009, Aiwaluo foi indicado como sucessor da música da etnia Blang. Desde então, ele tem se dedicado a criar sua escola para ensinar os cantos , tocar instrumentos e além disso, criar um museu para mostrar a cultura étnica de Blang. Seu objetivo é bem simples, despertar o interesse de mais pessoas e transmitir a cultura da sua etnia. Aiwaluo assinalou:

"A cultura da etnia Blang era antes desconhecida. Gostaria de explorá-la e passá-la para a jovem geração. Se não fizer isso agora, seria extinta no futuro."

Hoje, Aiwaluo tem 680 alunos, dos quais, a maioria é da etnia Blang e um pouco da etnia Dai e Han. Apesar do crescimento do número de alunos que têm interesse em aprender a música tradicional, nunca faltam pessoas que estão contra. Aiwaluo contou:

"Ensinarei a cultura Blang a todos os alunos. Alguns duvidam que a cultura não sirva para nada agora. Digo não àqueles que desacordam da prática. Será muito útil no futuro. Ainda é cedo se a aprender agora."

Para estimular a aprendizagem de cantos e instrumentos da etnia Blang, Aiwaluo quase não cobra nada e até financia alguns alunos que não têm condições para pagar a viagem.

"Ofereço gratuitamente a refeição e o alojamento para quem vier aprender. Alguns alunos não têm condições para vir aqui, por isso, financio parte da sua viagem. Se cobrar o curso, alojamento e refeição, ninguém quer vir. Agora, a situação está melhor. Os alunos podem aprender uma semana aqui e praticar em casa com a minha gravação no celular."

A família de Aiwaluo vive da agricultura e da borracha. A receita diminuiu devido à agitação do mercado. A turnê frequente e o ensino atrasaram os trabalhos agrícolas. Para compensar, Aiwaluo tem que contratar pessoas para fazer trabalhos agrícolas. Sendo o sucessor da música Blang, Aiwaluo recebe anualmente subsídios do Estado para que ele transmita o legado folclórico. Contando com isso, os gastos ultrapassam a expectativa. Mesmo assim, Aiwaluo continua determinado no caminho da transmissão do patrimônio musical de Blang.

Além das dificuldades financeiras, o outro problema que Aiwaluo encontra é o método de ensino das músicas. Todos os conteúdos são dados pessoalmente por ele, já que a etnia não possui a língua escrita. Aí, a eficácia foi reduzida.

"Só possuímos a língua oral. Se tivermos a escrita, seria mais fácil a divulgação."

Nesta trajetória cheia de desafios, Aiwaluo conta também com o grande apoio da sua esposa.

"Minha esposa apoia muito o meu trabalho. Se ela não concordar e não cooperar comigo, brigaremos. Mas ela sempre me elogia e nós juntos cultivamos a nossa paixão."

O principal instrumento da música Blang é o com três cordas. Por isso, as notas que o instrumento emite são um pouco limitadas. Para enriquecer as melodias, foi acrescentada mais uma corda ao instrumento tradicional. Com base nisso, Aiwaluo integra os elementos modernos com os tradicionais, popularizando as músicas entre mais pessoas.

"Acrescentei no instrumento tradicional uma bateria, um tamborim e uma guitarra e o efeito é ótimo. As pessoas adoram esta mistura e muitos me convidam para tocar e cantar no seu casamento ou na mudança para nova casa."