O presidente da China, Xi Jinping, concluiu no domingo uma visita de Estado à Rússia, a primeira etapa de sua primeira viagem ao exterior depois que assumiu a presidência este mês.
Os analistas consideram que a visita é mais que um gesto simbólico de amizade.
Os dois países concordaram em priorizar cooperação no futuro, fortaleceram o apoio e a confiança política mútua e alcançaram consenso sobre importantes assuntos bilaterais e internacionais, o que ajudará a intensificar as relações bilaterais, indicaram.
DESENVOLVIMENTO DA COOPERAÇÃO DE BENEFÍCIO MÚTUO
Durante a visita, Xi e o presidente russo Vladimir Putin concordaram em apoiar as ações que transformem a relação política de alto nível em resultados de cooperação concreta.
Xi e Putin participaram da cerimônia de assinatura de uma série de acordos. Os dois países também ratificaram as diretrizes de aplicação 2013-2016 do Tratado China-Rússia de Boa Vizinhança e Cooperação Amistosa.
O comércio bilateral, um marco das relações econômicas sino-russas, subirá para US$ 100 bilhões antes de 2015 e para US$ 200 bilhões antes de 2020, antecipando o prazo anterior, anunciaram os dois líderes.
A cooperação em energia entre os dois países também tem um grande potencial, disse Yakov Berger, um professor do Instituto do Extremo Oriente da Academia Russa de Ciências.
Ao se reunir com o primeiro-ministro Dmitry Medvedev, Xi pediu que as duas nações acelerem a implementação de seus acordos de cooperação em energia.
Arkady Dvorkovich, vice-primeiro-ministro russo, disse à Xinhua que os atuais projetos conjuntos de grande escala sobre petróleo, gás natural, energia nuclear e de carvão não só beneficiarão os dois países, mas também reformarão a infraestrutura econômica regional.
Além da energia, os especialistas sugerem que a China e a Rússia, duas economias extremamente complementares, devem aproveitar seu potencial de cooperação em áreas como agricultura, infraestrutura, proteção do meio ambiente, tecnologia e exploração espacial.
ASPECTOS DESTACADOS NOS INTERCÂMBIOS ENTRE PESSOAS
Além das relações econômicas cada vez mais entrelaçadas e dos contatos políticos de alto nível, os intercâmbios entre pessoas dos dois países também floresceram completamente. Os especialistas opinam que isto gerará mais resultados frutíferos e a longo prazo beneficiará os povos dos dois países.
Na cerimônia de abertura do Ano do Turismo Chinês na Rússia na sexta-feira, Xi pediu que os dois países nutram a cooperação em turismo como "um novo aspecto destacado na cooperação estratégica bilateral".
De acordo com dados oficiais, em 2012 os chineses fizeram 343 mil viagens pela Rússia, um aumento anual de 46%.
Depois do Ano Nacional China-Rússia e do Ano do Idioma China-Rússia, o Ano do Turismo tem o objetivo de injetar novo vigor nos intercâmbios culturais entre os povos dos dois países, "uma parte essencial" das relações bilaterais, disse Berger.
Para expandir os intercâmbios juvenis e educativos, as duas nações também concordaram em realizar o Ano de Intercâmbios Juvenis China-Rússia em 2014 e 2015 e aumentar o número de estudantes de intercâmbio entre os dois países.
Isto mostra que as duas partes estão dispostas a elevar os contatos de nível de base, cuja influência é mais direta e de maior alcance para promover a confiança e o entendimento mútuos, disseram os especialistas.
PARADIGMA DE RELAÇÕES ENTRE GRANDES POTÊNCIAS
Ao reconhecer a "natureza especial" de suas relações bilaterais, a China e a Rússia prometeram construir um novo tipo de relação entre grandes potências.
Ao pronunciar um discurso no Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou, Xi descreveu a relação sino-russa como "a mais importante do mundo e também a melhor entre as principais potências", acrescentando que isso constitui uma importante garantia do equilíbrio estratégico internacional.
O comentário de Xi foi apoiado por Sergei Lousianin, vice-diretor do Instituto do Extremo Oriente, que qualificou as relações sino-russas como um "estabilizador" da paz e segurança mundiais.
A relação sino-russa não é um bloco, união ou aliança, sim uma verdadeira parceria, afirmou Berger.
Durante a visita de Xi, os dois países discutiram a cooperação estratégica e coordenaram suas posições sobre importantes assuntos regionais e internacionais.
Essa cooperação tem grande importância pois a situação em lugares de conflito como o Oriente Médio e a Península Coreana continua sendo instável, disse o especialista.
Mikhail Titarenko, presidente da Associação de Amizade Rússia-China, disse que a cooperação estreita entre a China e a Rússia dentro da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização de Cooperação de Shanghai e do BRICS contribuiu para as reformas dos sistemas econômico e político mundiais e garantiu a paz e a segurança regionais.
A China e a Rússia falam em uníssono mas cada um com sua própria voz, pedem a prosperidade e o desenvolvimento comuns e se opõem ao hegemonismo e ao unilateralismo, segundo os especialistas russos.
As relações bilaterais se baseiam no entendimento profundo de seus interesses comuns ao invés de benefícios egoístas de curto prazo, disseram. O novo paradigma orientado ao futuro da relação entre potências não só beneficiará os dois países e seus povos, mas também facilitará a criação de um mundo mais próspero. Fim
por Xinhua