O evento comercial de "speed date" ocorreu em paralelo à China International Import Conference (CIIT 2012). Segundo Rubens Gama, diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que está em Beijing para o evento, o Brasil é o único país a organizar um espaço próprio e independente para encontros de negócios durante a CIIT 2012, com a participação de 14 empresas brasileiras e de oito entidades setoriais, incluindo açúcar, couro, café, fibras e eletroeletrônicos. Em 6 e 7 de setembro, já foram realizadas mais de 300 reuniões de negócios e um evento de degustação de vinho.
Todos os empresários e funcionários de entidades setoriais estão contentes com o resultado do "speed date". Wilson Andrade, presidente do Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais do Estado da Bahia e empresário da Thoro Industrial Brasil Ltda., que espera exportar sisal brasileiro para a China, revelou que encontrou vários clientes potenciais no país asiático, incluindo produtores de colchões, lã e calçados. "Misturamos o sisal com látex para fabricar solas. Já existem empresas chinesas de calçados com planos de visitar nossa empresa no Brasil", disse Andrade.
Tan Yun, proveniente da Província de Yunnan, sudoeste da China, reuniu-se com representantes da Associação Brasileira da Indústria de Café e planeja importar espécies de café brasileiro. Tan, vice-secretária da sucursal em Yunnan do Conselho Chinês de Promoção do Comércio Internacional (CCPCI), disse que a área de cultura de café em Yunnan representa 95% do total chinês e o mercado doméstico de café está crescendo. Por isso, contatos com colegas estrangeiros podem ajudar a aumentar a variedade de espécies, melhorar a tecnologia de processamento e finalmente promover o desenvolvimento da indústria local de café.
Também participaram do evento empresas brasileiras que já iniciaram operações na China. Jamie Liu, da Marcopolo China, fabricante de ônibus na Província de Jiangsu, leste da China, disse que a marca espera se tornar mais conhecida no país, embora já tenha entrado na China há mais de um ano. Leo Gonçalves, que trabalha na China há mais de cinco anos, opina que faltam o marketing e a divulgação das empresas brasileiras no mercado chinês, o que são cruciais no momento para aumentar as exportações brasileiras à China.
Nesse aspecto, tanto a China quanto o Brasil vêm fazendo maiores esforços. Ricardo Santana, coordenador da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), disse que o órgão organizou cada vez mais missões empresariais brasileiras para a China nos últimos anos, e que em novembro, um grupo do setor de alimentos vai visitar a China. Por outro lado, acredita-se que o contexto do "speed date", ou seja, o CIIT 2012, seja uma plataforma para a divulgação de produtos estrangeiros na China. "Estamos a convite do governo chinês", disse Gama.
Gama assinalou que a China é um importante mercado para o Brasil. Dados da alfândega chinesa mostram que, de janeiro a julho deste ano, o valor do comércio bilateral entre a China e o Brasil cresceu 10,3% anualmente. Em 2011, o valor comercial bilateral superou US$ 80 bilhões e a China continuou sendo o maior parceiro comercial do Brasil pelo terceiro ano consecutivo. Porém, Gama apontou que o comércio sino-brasileiro precisa de diversificação, pois "um comércio sólido deve ser diversificado", e o evento pode ajudar a aumentar a variação de exportações brasileiras para a China.
Em fevereiro deste ano, a 2ª sessão do Comitê de Coordenação e Cooperação de Alto Nível China-Brasil em Brasília afirmou que os dois lados devem continuar o rápido crescimento do comércio bilateral e melhorar a estrutura comercial. Em abril, o governo chinês divulgou uma orientação para aumentar as importações e promover o equilíbrio do comércio exterior do país, indicando que melhorará a estrutura de importações, aumentará ativamente as importações de tecnologia e aparelhos avançados, peças chaves e matéria-prima de energia, e até certo nível as importações de mercadorias de consumo, além de melhorar a estrutura de importações em termos de países e regiões.
Na opinião de Chen Duqing, ex-embaixador chinês no Brasil, vinho, azeite de dendê e até sistemas eletrônicos bancários podem se tornar áreas potenciais no comércio bilateral. Além disso, com esforços dos departamentos de quarentena da China e do Brasil, as oportunidades de exportações de carne brasileira para a China estão aumentando. Chen assinalou que o comércio não apenas é de intercâmbios de mercadorias, mas também levará a intercâmbios entre pessoas e culturais.
A missão brasileira está na China de 4 a 10 de setembro. Após a CIIT 2012, representantes da Apex e do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica participaram do estande do Brasil na Feira Internacional de Comércio e Investimento da China (CIFIT, na sigla em inglês) nos dias 8 e 9 de setembro em Xiamen.
por Agência Xinhua