Futebol, churrasco e samba são mesmo sinônimos do Brasil na impressão dos chineses. Entretanto, como o país realizou com sucesso a Copa do Mundo de 2014 e será palco dos Jogos Olímpicos de 2016, vem se firmando na China uma nova imagem do Brasil. Em particular, a breve apresentação do Rio de Janeiro na cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres impressionou grande número de chineses, que passaram a conhecer a Capoeira, uma luta brasileira caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos. Essa mistura de luta e dança típica do Brasil entrou na China e foi bem recebida na terra do Kung fu, onde vai se tornando uma moda entre jovens.

Com filiais em Beijing, Shanghai, Hangzhou e Hong Kong, o grupo Capoeira Mandinga é famoso na China. Sua escola em Beijing foi criada em 2009 e tem neste momento 50 estudantes, sendo metade deles chineses. Segundo a treinadora Maria Beatriz (Morena), o grupo não apenas ensina os movimentos da capoeira, mas apresenta ainda a história, cultura e música do Brasil.

As aulas são dadas principalmente em inglês e, às vezes, em português. Mas no início, quase não havia chineses devido ao obstáculo da língua. A maioria de praticantes da capoeira era estrangeira. Porém, para promover o Brasil na China, o grupo organiza atividades diferentes relacionadas à luta ou à cultura brasileira. Em setembro deste ano, o mestre Marcelo Caveirinha foi convidado a vir à China para dar a assistência ao grupo.

Marcelo Caveirinha já havia visitado o país várias vezes, mas dessa vez, veio a Beijing para participar da primeira cerimônia de batizado do Capoeira Mandinga na capital chinesa.

O batizado representa um momento de honra em que os praticantes recebem sua primeira graduação dentro do grupo. O cordão que recebem constitui a afirmação de seus esforços e treinos incansáveis. A primeira cerimônia de batizado em Beijing atraiu muitos amantes da capoeira e também vários mestres da capital chinesa, de Shanghai e até dos EUA e do México, tais como o mestre Pinga Fogo e o mestre Cipó. Durante uma semana de teste, muitos praticantes foram condecorados, recebendo seu primeiro cordão.

Um jovem de Beijing, cujo apelido no grupo é "Falador", pratica a capoeira há mais de um ano. Em vez da corda verde-claro que a maioria dos iniciantes conseguiu, ele ganhou no primeiro batizado um cordão verde-escuro, símbolo de um nível superior aos outros.

"O meu apelido da capoeira é Falador, porque eu não falo muito. Já faz mais de um ano pratico a capoeira. Eu conheci através de filmes e jogos de computador. Tinha muito interesse, então fiz uma pesquisa na internet e achei o grupo onde poderia aprender a capoeira. E aí, estou aqui. Está é meu primeiro batizado, e este é o meu cordão. O cordão para iniciantes deve ser verde-claro, mas eu fui muito bem no teste e recebi um cordão mais avançado."

Shanghai é um centro econômico da China, onde diferentes culturas se encontram. As pessoas daqui estão mais abertas às coisas novas. A capoeira não é uma exceção. O Clube de Capoeira Mandinga Shanghai atraiu jovens da cidade a experimentar essa arte marcial bem tradicional do Brasil.

"O meu nome é Jiang Wenbing, sou de Shanghai. Eu pratico a capoeira desde o final de 2010. Acho que ela eleva muito a minha coordenação física."

Além da capoeira, o jiu-jitsu brasileiro é outro esporte que atrai cada vez mais jovens chineses. De acordo com as estimativas de um site sobre esta arte marcial na China, cerca de 16 cidades do país já têm escolas com essa modalidade. No fórum dos amantes do jiu-jitsu criado no site Baidu, mais de três mil praticantes trocam suas experiências e as novidades sobre o jiu-jitsu. O Instituto do Jiu-jitsu Brasileiro em Shanghai, o primeiro e também o maior centro do esporte na metrópole chinesa, ministra cursos regulares da arte marcial de diversos níveis. O fundador do Instituto, Stanley Tam, procedente de Hong Kong, pratica o jiu-jitsu há mais de oito anos. Segundo ele, seu instituto tem mais de cem estudantes e muitos deles se dedicam aos treinos há cinco ou seis anos e são praticantes titulares de faixas de alto nível. Ele disse que os chineses são estudantes mais deligentes.

"Os alunos chineses praticam muito bem o jiu-jitsu. Alguns começaram a praticar há 5 ou 6 anos, e atingiram um nível alto. Os novos adeptos também são rapidamente aceitos e compreendem bem a técnica.

O estudante universitário Ruan Yifei, natural de Shanghai, aproveita as férias de verão para aprender o jiu-jitsu brasileiro. Amante de esportes de luta, ele decidiu praticar o jiu-jitsu logo depois que assistiu a um vídeo na internet. Apesar de poucos meses de prática, ele adora de coração.

Conheci o jiu-jitsu por vídeos de lutas na internet, mas naquela altura não sabia qual era a luta. Por isso, fui buscar e fiquei sabendo que era Jiu-jitsu brasileiro. As técnicas me atraíram bastante. Não é fácil praticar. Tenho um treinamento duro e sou persistente. Assim, tenho resultados na prática.

Entre os estudantes, na maioria homens, Xia Rong, uma moça bonita e alta, é uma atração especial no tatame. Há mais de um ano, começou a aprender o jiu-jitsu brasileiro e agora considera "uma parte indispensável da vida cotidiana". Ela nutre o sonho de visitar o Brasil um dia para conhecer melhor como os brasileiros praticam o jiu-jitsu.

"O jiu-jitsu torna-se uma filosofia de vida. Ele tem o sistema de faixa e leva tempo para chegar a um alto nível. Portanto, já é uma parte indispensável na minha vida cotidiana. Além do mais, me sinto mais dinâmica e tenho mais força do que antes. Minha atitude de vida ficou mais positiva. Nas aulas, os amigos aqui se encorajam e se ajudam. As pessoas que praticam a Ioga, têm o sonho de visitar a Índia, né, para conhecer a origem. Penso que no futuro, vou conhecer o Brasil para ver como os brasileiros praticam o jiu-jitsu."

Sem dúvida, o sonho da Xia Rong representa o desejo comum dos praticantes não só do jiu-jitsu, mas também da capoeira. Espera-se que todos eles realizem o sonho um dia, viajando para outro lado da Terra e sentindo o Brasil cheio de paixão, beleza e bondade.