tema20160630 |
Caro ouvinte, o Partido Comunista da China (PCCh) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), apesar de estarem distantes, nunca suspendem seus intercâmbios. Ainda na década de 50 do século passado, o então secretário-geral do Partido Comunista do Brasil, Luís Carlos Prestes, chefiou uma delegação visitando a China, e não poupou elogios à revolução democrática liderada pelo Partido Comunista da China.
Um dia em outubro de 1959, numa carruagem do trem estacionado em Jinan, na província de Shandong, leste da China, o então presidente chinês, Mao Zedong, ofereceu um banquete para os convidados estrangeiros. À sua direita, estava sentado Luís Carlos Prestes. Os dois líderes conversaram francamente por possuir a mesma experiência de realizar grandes marchas. A neta do militante, Ana Prestes Rabelo, ficou sabendo desse encontro histórico nas memórias escritas pela avó.
"Em seu livro, minha vó Maria Prestes descreve: 'o velho viajou com convite especial de Mao Zedong para assistir as comemorações do décimo aniversário da Revolução Socialista naquele país. A delegação de personalidades brasileiras era grande. Na China, Mao recebeu Prestes em alto nível, pois ele tinha lido sobre a história da Coluna Prestes e ficou fascinado por conhecer pessoalmente o velho. A conversa entre os dois foi muito significativa e serviu para Prestes elaborar sua própria visão a respeito da revolução chinesa. Mao Zedong, para o velho, ficou no mesmo nível político e poético até o final da vida'."
A vida de Luís Carlos Prestes é bem lendária. Entre 1925 e 1927, ele chefiou uma grande marcha de 25 mil quilômetros. Sendo um representante do PCdoB, o militante foi escolhido uma das 100 personalidades do Brasil nos cinco centenários. Durante um mês de permanência na China, Prestes visitou várias cidades chinesas, Beijing, Nanjing e Guangzhou e divulgou, depois de voltar ao Brasil, vários artigos elogiando a revolução democrática do PCCh.
"Depois da visita dele à China, ele produziu artigo sobre a impressão dele. Ele escreveu uma série de artigos... então o que eu sei é isso, que ele valorizava como uma experiência muito importante, como um marco no movimento comunista internacional e que foi construindo um legado que o Partido Comunista Chinês teve toda liderança desse processo, com altos e baixos, com as dificuldades e conflitos internos inerentes a cada país, mas teve um papel preponderante".
Ana disse que o PCCh, desde as dificuldades do interior e do exterior do país no início do seu estabelecimento, à realização da independência da nação, à conclusão da revolução socialista, e ao desenvolvimento rumo ao caminho socialista de caráter chinês, tem escrito capítulos brilhantes na história dos seres humanos ao longo dos 95 anos.
"E sem dúvida o Partido Comunista Chinês é uma das grandes referências mundiais sobre esse processo. É uma das experiências que mais chamam a atenção de todo o mundo que as pessoas querem ver, querem entender, querem saber como se formou, como uma cultura milenar como a chinesa... então, como se coloca o movimento comunista chinês dentro dessa gigante história da China, que é muito grande. Então eu penso que é um partido de muita coragem, porque enfrentou questões muito difíceis de uma população e território muito grandes e diversas etnias... o movimento comunista ele nasce ocidentalizado, porque ele nasce de experiências europeias. Então a capacidade do Partido Comunista Chinês de significar o que é o socialismo, o que é comunismo, que pode ser o mesmo para ocidentais e orientais é o grande legado do Partido Comunista Chinês. De fazer a narrativa comunista no seu local, no seu meio, nas características do seu povo".
Com a liderança do PCCh, a China se tornou a segunda maior economia do mundo após 30 anos da abertura e reforma. Ana disse que ficou impressionada com a capacidade de liderança do PCCh.
"Então com muito respeito, pela coragem, pela ousadia, pela capacidade, pela eficiência, pela efetividade, por planejar e conseguir cumprir. Acho que é uma das coisas mais impressionantes, de ser economicamente tão pujante. Então nós observamos com muito respeito, com muita admiração e com muita vontade de aprender. Nós observamos esse período atual de liderança do Partido Comunista Chinês, através de seu presidente Xi Jinping, como de muita responsabilidade".
Nos últimos anos, a China vem reforçando cada vez mais seu papel nos assuntos internacionais.
"Temos essa admiração, esse respeito pela liderança do Partido Comunista Chinês, e os exemplos são esses que eu citei, essa sensibilidade para novos blocos de poder, como os BRICS, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, a criação do Banco dos BRICS, a parceria em infraestrutura com a América Latina, com a África... o papel que a China tem cumprido no equilíbrio da balança de poder no mundo, e que nós sabemos que isso é dirigido pelo Partido Comunista Chinês".