"Macau é a terra a que pertenço", dizem portugueses que vivem na cidade
  2014-12-18 20:01:54  cri

  Nos primeiros 23 anos de sua vida, José Matias não fazia ideia de que não só conheceria mas que também moraria em Macau, uma cidade distante do Portugal natal de que tinha conhecimento limitado. Agora, onze anos depois, ele vive com sua família nesta cidade chinesa.

  "Gosto muito da cidade. Macau é um local especial. Gosto da mistura cultural e arquitetônica. Gosto das vantagens de ser uma cidade pequena, conveniente, que permite ter qualidade de vida. Gosto da cultura, comida e dos costumes chineses. Gosto da presença portuguesa e lusófona. Gosto de Macau também pelos bons amigos que fiz aqui", disse Matias, que expressou sua paixão com a cidade repetindo a palavra "gostar".

  Além de fazer amigos, Matias também encontrou seu amor aqui, onde ele se casou com uma chinesa local e nasceram seus dois filhos. "Macau é a minha casa. A segunda casa que se tornou primeira."

  Apesar de ter uma população limitada, Matias acha que a comunidade portuguesa desempenha um papel muito importante em Macau num contexto de reforço das relações da China com os países de língua portuguesa e confere à cidade uma identidade própria e distinta. "A comunidade portuguesa se mantém vibrante, com uma significativa atividade cultural e cívica, fazendo parte integrante e valiosa da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM)", declarou.

  Nos anos recentes, ele observou que há cada vez mais portugueses jovens vindo para Macau, devido à crise econômica em Portugal e as oportunidades de emprego criadas em Macau, fruto do rápido desenvolvimento econômico local. Além disso, ele acha que Macau é um local de bom acolhimento para os portugueses, do ponto de vista cultural, social e linguístico.

  Por essa mesma consideração, de que em Macau também se fala português, Ana Correia chegou à cidade nas décadas de 1980, mas por um fim mais romântico. Naquela época, quando jovem, ela queria viajar em outros países e decidiu iniciar sua viagem por Macau, onde passou a juventude e a maior parte da vida.

  Na opinião dela, os portugueses que hoje vivem em Macau estão mais integrados, não se isolam das outras comunidades. Querem aprender chinês e querem conhecer a cultura, não apenas o folclore popular, mas a cultura chinesa em profundidade. Querem que a cidade os adote e lhes possibilite construir um futuro, pois não estão só de passagem.

  "Antigamente os portugueses compravam carros muito velhos, comprados de terceira mão, para durar dois ou três anos, até eles próprios partirem para sempre. Hoje os portugueses que têm dinheiro para comprar carro, investem em carros novos, porque têm intenção de usufruir deles durante o maior número de anos possível. A mentalidade dos portugueses de hoje é muito diferente dos de antigamente", disse Correia.

  Ela acha que a presença da comunidade portuguesa é parte fundamental da identidade histórica e atual de Macau. "Macau é uma mistura interessante de pessoas, de línguas, tradições gastronômicas, arquiteturas, costumes, religiões. Macau sem os portugueses e a cultura lusa seria muito parecido com muitos outros lugares."

  Jorge Ferreira, arquiteto de 63 anos que vive em Macau há muitos anos, indicou que hoje em dia entre as pessoas com nacionalidade portuguesa na cidade há três grupos distintos: cidadãos de etnia chinesa com passaporte português, macaenses e a comunidade portuguesa originária de Portugal e de outros países lusôfunos. "Os dois últimos grupos continuam a desempenhar um papel importante na RAEM, já que sobre eles recai o desejo de manterem e projetarem no futuro alguns dos traços distintivos mais relevantes do segundo sistema em Macau nos planos legal, técnico, cultural e linguístico de matriz portuguesa."

  Ferreira também conheceu Macau nas décadas de 1980. No coração dele, a cidade é "mais do que qualquer outro lugar". "Macau não foi a cidade onde nasci e cresci, mas foi a que me acolheu e que escolhi como minha. Macau tem sido a minha casa, o lugar que melhor conheço, onde fiz e continuo a viver, onde constituí família, onde nasceu e tem crescido o meu único filho. É a terra a que pertenço."

  "Aquele que beber da água do Lilau jamais esquecerá Macau." Lilau era nome de um poço em Macau. Esta frase expressa bem a ligação nostálgica dos habitantes ao Largo do Lilau, uma área considerada um dos primeiros bairros residenciais portugueses em Macau. Apesar de conhecer a cidade em diferentes épocas, tanto Correia, Ferreira e Matias já reservaram Macau como um dos locais mais importantes em sua vida. Eles presenciaram e beneficiam-se do seu rápido desenvolvimento nos últimos anos, que registrou um PIB per capita de US$ 87 mil em 2013, o segundo mais alto na Ásia e o quarto no mundo. Também estão preocupados com os efeitos negativos desse desenvolvimento, como muito trânsito e poluição e um ritmo de vida mais rápido. Eles deram e receberam de Macau, onde o acolhimento e a diversidade cultural, como a água de Lilau, nutrem os residente e atraem as pessoas apaixonadas pela cidade.

por Xinhua

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