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O governo chinês vem se esforçando para resolver as dificuldades de financiamento das pequenas e microempresas nos últimos meses. O premiê, Li Keqiang, reiterou o problema por quatro vezes e criticou os bancos no país por só quererem fazer "negócios grandes".
Os dados oficiais mostram que até o final de 2013, as pequenas e microempresas representavam 94,15% do número total na China. As companhias de pequeno e médio porte contribuíram com 60% do PIB e com 50% da renda tributária do país. O financiamento, porém, tem sido muito difícil para essas empresas. Ji Huan, gerente de uma empresa de aparelhos sonoros em Ningbo, no leste da China, confessou que sempre tem de recorrer a outros meios que não aos bancos para conseguir financiamento.
"Se tiver dificuldades com capital, vou pedir a meus amigos. A taxa de juros de empréstimo desta maneira é de 10%. A taxa dos bancos é mais baixa, entre 6% e 7%."
Ji afirmou, porém, que prefere não pedir crédito aos bancos devido às formalidades complicadas de aprovação. Por um lado, o processo de liberação de empréstimo demora muito tempo e precisa de hipoteca. Por outro lado, o valor de financiamento necessitado por pequenas e microempresas pode ser pequeno. Nem todos os bancos acolhem este tipo de clientes.
"Não precisamos de muito dinheiro. Às vezes, só entre 400 mil e 500 mil yuans. Mas os bancos apenas querem as empresas que peçam empréstimos superiores a cinco milhões de yuans. Se houver um ambiente favorável para o financiamento, as companhias menores podem se desenvolver mais rapidamente. Mas, atualmente, dependemos dos nossos próprios esforços e o desenvolvimento de nossa empresa é limitado."
Estatísticas mostram que 95% das pequenas e microempresas não pediram empréstimo nenhuma vez a instituições financeiras. A situação reflete a grande diferença entre os valores gerados por elas para a sociedade e os recursos financeiros acessíveis. Analistas assinalam que os bancos estão muito cautelosos com os empréstimos de pequena escala devido à alta taxa de inadimplência na pressão assimétrica da economia. Para evitar riscos, as instituições escolhem as empresas mais confiáveis para canalizar crédito.
O diretor do Centro dos Estudos sobre o Setor Bancário da Universidade Central de Finanças e Economia da China, Guo Tianyong, destacou que a distribuição irracional de um volume enorme de capitais elevou os custos de financiamento para as pequenas e microempresas.
"Uma parte considerável de nossas verbas foi destinada a governos locais, setor imobiliário e empresas grandes. Isso faz com que o dinheiro para as pequenas e microempresas seja reduzido significativamente e os custos para pedir empréstimos se tornem muito elevados."
O diretor do Instituto de Finanças da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Yang Tao, pondera que é indispensável resolver o problema com esforços coordenados, em vez de depender somente dos bancos. Ele salientou a importância do enriquecimento de canais de financiamento no país.
"Por exemplo, um apoio de políticas de longo prazo, a participação do mercado de capitais e a facilitação de financiamento direto sem recorrer a bancos. Esses sistemas surgiram na China há muitos anos, mas ainda não têm um desenvolvimento satisfatório."