Li Na, uma rosa com espinhos
  2013-06-14 17:19:12  cri

Li Na, a primeira tenista asiática a vencer um Grand Slam, é uma das jogadoras mais bem-sucedidas da história da China. Com a vitória na final do torneio francês de Roland Garros em 2011, chegou a ser número 4 do ranking mundial da WTA, a posição mais alta conquistada por uma asiática até hoje.

 

Nascida em 1982, na metrópole chinesa de Wuhan, Li Na começou a jogar badminton aos 6 anos de idade. Porém, seu treinador percebeu que aquela pequena garotinha levava mais jeito para ser uma tenista e, assim, ela trocou de esporte. Em 1999, aos 17 anos, se tornou profissional. Despontou no esporte nacional em 2001, quando ganhou os três títulos nos Jogos Mundiais Universitários: individual, duplas e duplas mistas. Em 2004, ganhou o primeiro título num torneio da WTA na cidade chinesa de Shenzhen. O ano de 2011 foi importante para a carreira de Li Na. Ela se tornou a primeira tenista chinesa a chegar a uma final de um Grand Slam, no Aberto da Austrália. Na ocasião, foi derrotada pela belga Kim Clijsters. A redenção, porém, veio alguns meses depois, em Roland Garros. Com uma vitória sobre a italiana Francesca Schiavone na final do Aberto da França, Li Na fez história, conquistando o primeiro título de Grand Slam de uma tenista asiática.

 

O sucesso de Li Na no torneio francês teve enorme repercussão na China. A final feminina de Roland Garros em 2011 atraiu nada menos que 116 milhões de telespectadores só no país asiático. A jogadora se tornou na grande promotora do tênis na China. E ela sabia que o seu feito teria influência.

 

"Acho que o que eu fiz vai promover um pouco o tênis na China. Talvez muitas crianças tenham assistido aos meus jogos e achado: um dia, vou conseguir o mesmo sucesso que ela conseguiu ou fazer melhor", disse Li Na.

 

Desde então, Li Na virou ícone de muitos chineses. Ganhou entre os fãs um apelido carinhoso: Na Jie, que em chinês significa, "irmã Na".

 

O charme da jogadora chinesa conquistou também o mundo ocidental. Em abril deste ano ela apareceu na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo divulgada pela revista Time. Além do comportamento em quadra, Li Na impressionou o mundo por quebrar a imagem rígida que os ocidentais habitualmente têm sobre esportistas chineses. Fluente em inglês e com bom senso de humor, ela é conhecida como uma brincalhona.

 

Na cerimônia de premiação do Aberto da Austrália de 2011, ela abriu seu discurso assim: "Vocês tão vendo aquele cara de camiseta amarela? Ele é meu marido. Sempre brinco com ele: Esteja você gordo ou magro, bonito ou feio, te vou seguir e amar para sempre."

 

Numa entrevista concedida após a vitória em Roland Garros, também em 2011, ela comentou a infinita busca por resultados:

 

"Na China, milhões de pessoas assistiram à final. Quando você retornar ao seu país, qual sua expectativa em relação à reação do povo chinês?", perguntou a jornalista

"Duas semanas depois do Aberto da França, será o torneio de Wimbledon. Só vou regressar à China depois dessa competição. Então, se eu não conseguir jogar bem em Wimbledon, talvez as pessoas lá já me tenham esquecido. Sabe, esta é uma fase difícil", respondeu ela.

 

Mas como indica a tatuagem de uma rosa com espinhos no seu peito, Li Na nem sempre é tão amigável com a imprensa chinesa. Sua franqueza muitas vezes gerou polêmica no país. Na semana passada, a ex-campeã foi eliminada logo na segunda rodada do torneio de Roland Garros pela americana Bethanie Mattek-Sands, que ocupa apenas a 67ª posição do ranking da WTA. Na coletiva de imprensa realizada após o jogo, Li Na respondeu assim à pergunta apresentada por um jornalista chinês:

 "É normal perder ou vencer. Eu acho que algumas mídias dão mais importância a isso do que eu própria. No caso de eu vencer, seria a vitória da China. Como é que pode ser assim? Foi apenas um jogo. O fato é que a minha oponente teve um comportamento melhor do que o meu. É só isso!"

 

A vida de Li Na mudou drasticamente desde que ficou conhecida em todo o mundo. E ela vê assim a mudança: "Não me sinto uma heroína. Sou apenas uma jogadora de tênis. Sim, a minha vida mudou, e não foi só um pouco, mas muito, depois do Aberto da França. Quando eu ando nas ruas ou vou a restaurantes, muitas pessoas me reconhecem. Não há no mundo coisa absolutamente boa ou má. Existem sempre dois lados. Por exemplo, eu perdi muito a minha privacidade. Seja o que for que eu faça, muitas pessoas vêem. Mas, de qualquer forma, se eu não puder mudar tudo isso, tenho que me acostumar."

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