A Galeria Nacional de Belas Artes está promovendo nesta Capital uma exposição sobre arte das Grutas de Mogao, em Dunhuang, um tesouro cultural da arte budista chinesa.
A mostra, denominada "Luz do Período Próspero", é a maior do gênero na história chinesa. Para montá-la, a Galeria Nacional decorou o prédio inteiro de acordo com o panorama das Grutas de Mogao e ergueu um arco comemorativo em frente à porta.
De acordo com a imprensa nacional, a mostra atraiu já no dia da inauguração 7.000 visitantes. O número segue aumentando e bateu neste mês o recorde de 20 mil, segundo o diretor da Galeria Nacional, Fan Di´an.
"A arte de Dunhuang é fortemente vinculada à arte chinesa, ao círculo artístico nacional, bem como à história da Galeria Nacional de Belas Artes da China. A exposição deve oferecer ao público uma oportunidade rara e preciosa de conhecer de perto a gloriosa arte de Dunhuang", disse Fan.

Dunhuang, apesar de situada em pleno deserto, foi uma parada importante na Rota da Seda, antiga passagem comercial que interligava a China, a Ásia Central, o Oriente Médio e a Europa. A localidade foi uma das primeiras escalas para a introdução do budismo na China. Com a entrada e o florescimento da nova religião, a população local começou, já no século IV, a abrir grutas e produzir estátuas budistas. A atividade se prolongou por mais de mil anos. Existem hoje mais de 700 grutas grandes ou pequenas espalhadas num precipício de mais de 1600 metros de comprimento e divididas em cinco camadas. As mais famosas são Mogao, ou seja, Grutas de Mil Budas. Em 1987, elas foram tombadas como patrimônio mundial pela UNESCO. Dunhuang virou assim um lugar sagrado para os artistas do país, inspirando de forma contínua a evolução da arte chinesa.
A mostra reúne réplicas de dez das grutas, 20 estátuas e 120 afrescos, bem como outros documentos e objetos. São todas obras representativas produzidas entre os séculos IV e XIV. A diretora do Instituto de Estudo sobre Dunhuang, Fan Jinshi, falou:
"Nunca tínhamos mostrado dez grutas e cem afrescos de uma vez. São obras representativas de diferentes períodos, exibindo de forma clara a evolução das Grutas de Mogao. A utilização de réplicas é provavelmente a melhor forma para aqueles que queiram conhecer a arte sem nunca ter ido ao lugar", disse Fan.
A Galeria Nacional investiu pesado na decoração da sua sala de exibição de 4.000 metros quadrados. O chão é revestido de tijolos de lótus, de Dunhuang, e a abóbada é uma imitação das grutas originais. O visitante Wu Jingming, 75 anos, disse:
"Nunca tinha ido a Dunhuang e queria muito visitar o lugar. Mas a província de Gansu fica muito longe. A exposição resolve o problema. Acho que vou precisar voltar aqui num outro dia para ver tudo cuidadosamente".

Ma Yewei, por outro lado, disse que a mostra estimulou sua vontade de visitar Dunhuang.
"Cheguei aqui de manhã e pretendo ficar na exposição o dia inteiro. Depois de ver tudo isso, senti enorme vontade de visitar pessoalmente o lugar".
O alemão Mario Bitter, visitante da mostra, vê o impacto da arte de Dunhuang no país.
"O budismo tem um peso considerável ao longo da história chinesa. As grutas exibidas aqui mostram a sua evolução entre os séculos IV e XIV. Nas grutas de Dunhuang, vejo o impacto da presença budista na China".
A visitante Wang Yu ficou emocionada com a exibição.
"É fantástico. São peças lindas. É difícil expressar com palavras".
De acordo com a diretora Fan Jingshi, os afrescos de Dunhuang sofreram danos devido à chuva e aos ventos. Desde 1943, um crescente número de artistas chineses deixou a cidade e se mudou a Dunhuang para participar na proteção das grutas. A recuperação de uma gruta leva cerca de 4 anos. Várias gerações de artistas do Instituto de Estudo sobre Dunhuang concluíram até o momento 12 grutas. Fan disse:
"Esses artistas me orgulham. Sessenta anos de trabalho renderam frutos. As réplicas são de alta qualidade e favorecem o estudo".
O governo chinês decidiu lançar o maior projeto para a proteção das Grutas de Mogao, que deve absorver um investimento de 260 milhões de yuans.
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