Kevin e Simone, fundadores do Centro de Intercâmbio Acadêmico Sino-Brasileiro
2007-08-20 14:53:43    cri

Após quinze anos dedicados ao estudo da cultura chinesa, o casal Kevin e Simone de La Tour, ele norte-americano, ela brasileira, há cinco anos dirige o Centro de Intercâmbio Acadêmico Sino-Brasileiro (IASB) em Beijing, depois de ter trabalhado no Brasil e nos Estados Unidos. Ambos sinólogos, Kevin e Simone foram convidados a participar de inúmeras palestras sobre filosofia chinesa e decidiram se fixar na China para poder organizar com maior facilidade os eventos acadêmicos.

Simone: Nós iniciamos a interessa pela cultura chinesa há aproximadamente quinze anos. Tivemos contatos aqui na China com filósofos chineses e a partir daí eles se interessaram muito pelos nossos conhecimentos e nossos estudos sobre a pesquisa da consciência e a natureza humana. A partir daí, fomos convidados para participar de conferências sobre o confucionismo. Os convites vieram um atrás de outro. Então decidimos morar na China para podermos participar com mais facilidade e a intensidade nessas conferências.

De acordo com Simone, que é presidente do IASB, a entidade, uma organização independente e sem fins lucrativos, foi fundada com o propósito de estabelecer uma ponte para a troca cultural entre a China e o Brasil. Seu plano atual é organizar um simpósio de sinologia que deve ocorrer em outubro.

Simone: Juntos nós fundamos esse centro com a finalidade de poder levar a cultura chinesa para o Brasil e trazer brasileiros para a China para entender mais a respeito da cultura chinesa. O Brasil está começando agora a se despertar em relação à filosofia chinesa, talvez pelas necessidades econômicas. Daí, um dos objetivos do nosso centro é trazer brasileiros para não só turismo, que já existe demais. A gente tem que entrar mais fundo e entender mais profundamente o porquê do que vê. Agora nós estamos começando em outubro a trazer 40 até 45 brasileiros para participar de um simpósio de sinologia, ocasião em que os professores chineses vão dar palestras sobre a filosofia chinesa. O evento dever percorrer na Universidade de Qufu, Universidade de Wuhan e Universidade de Shangdong.

A lista de atividades promovidas pelo IASB mostra uma forte ligação com a filosofia chinesa, como Zhou Yi e o pensamento de Confúcio.

Simone: A gente verifica que a filosofia chinesa foi uma das primeiras áreas do mundo a começar a estudar o ser humano e a buscar o autoentendimento. Se nós estamos estudando a natureza humana, nós temos que entender a filosofia chinesa para poder ter uma perspectiva maior e entender a raiz, em busca de uma evolução.

"Think Global, Act Global", slogan do IASB, reflete a atitude positiva do casal diante da tendência de globalização, que consideram benéfica para a evolução da cultura e do ser humano. Já para o presidente executivo do IASB, Kevin de La Tour, é inevitável a interação humana, que traz uma contribuição essencial para o processo de globalização.

Kevin: Antigamente, as partes do mundo poderiam ficar isoladas porque não havia capacidade de transporte para a interação. Eles poderiam ficar isolados pelas escolhas deles. Hoje em dia, isso não é uma opção. O mundo está ficando cada vez mais interligados, e as partes e os povos do mundo estão ficando cada vez mais interdependentes. Então, hoje em dia a humanidade tem duas escolhas. Uma é para desaparecer caso ficar pelo egoísmo dele. A outra possibilidade é a convivência em harmonia. Sendo que estamos interligados e só temos um meio ambiente e um planeta, nós achamos que a humanidade é suficientemente inteligente para fazer a segunda escolha. Nosso alvo aqui é para facilitar esta interação, que vai trazer o entendimento maior e uma convivência pacífica maior, e um crescimento geral da humanidade. No final da conta, as necessidades do ser humano são as mesmas. Um mundo, um sonho.

Para Kevin, a harmonia, um dos conceitos mais importantes da filosofia chinesa, tem muito a ver com a globalização.

Kevin: Alguns criticam que a globalização influencia indivíduos de uma cultura, apagando a outra. Mas existe o outro especto que é uma convivência em harmonia. Nós não devemos aceitar tudo sem pensar. Nós temos que pensar o que tem de valor de uma outra cultura, que pode ser utilizado, mas não virá uma coisa que você não é. Nós temos que achar um balanço, ou seja, um equilíbrio. O importante é para perguntar: Se cada cultura é uma expressão humana? O que eu posso aprender daquela cultura para ser mais humano e para me evoluir.

Segundo Simone, o casal pretende se estabelecer na China.

Simone: A nossa intenção é continuar aqui, porque é importante fazer interação e a pesquisa, que é importante tanto para os brasileiros que vêm aqui como para os chineses que forem para a América do Sul.

 
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