Presidente da Guiné-Bissau é assassinado
2009-03-03 15:49:43    cri
O presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, foi assassinado na madrugada de ontem (2) em Bissau, capital do país africano. Um dia antes, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas guineenses, Batista Tagme Na Waie, morreu em uma explosão ocorrida no quartel-general da capital. A série de assassinatos deixou a Guiné-Bissau em pânico.

Waie e Vieira eram considerados antigos adversários políticos. Os dois haviam escapado de várias tentativas de assassinato. O último ataque contra o presidente guineense aconteceu em novembro do ano passado, quando foi cercado por soldados rebeldes na residência oficial. A guarda presidencial sufocou a revolta e resgatou Vieira. Waie também foi alvo de vários atentados. Ele muitas vezes acusou Vieira de mandar assassiná-lo.

Nenhum dos dois assassinatos foi esclarecido até agora. Segundo a imprensa, a residência de Vieira teria sido atingida por disparos de armas pesadas. O presidente foi alvejado quando tentava escapar de carro. Seu motorista também morreu no ataque.

Parte da imprensa diz que Vieira teria sido morto pelos militares como vingança, porque teria ordenado o assassinato de Waie. Mas as forças armadas negam a acusação. Um porta-voz militar declarou que o presidente foi morto por um grupo de soldados não-identificados. A declaração também negou a ligação entre os dois incidentes.

Após a morte de Vieira, a comunidade internacional condenou os atos de violência. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que os assassinatos sejam investigados e que seus autores sejam levados à Justiça. Ele também apelou às autoridades guineenses para manterem a ordem constitucional do país e trabalharem junto com a comunidade internacional para promover a paz e a estabilidade.

O presidente da União Africana, Jean Ping, descreveu o assassinato como uma ação covarde e cruel. Segundo ele, a entidade já entrou em contato com as autoridades locais sobre o tratamento dos incidentes.

A Comunidade Econômica de Estados Africanos emitiu uma nota presidencial condenando os assassinatos de Vieira e Waie e pedindo medidas imediatas para impedir a deterioração da situação local. A comunidade também anunciou que enviaria hoje uma equipe de mediadores.

A República Tcheca, que detém a presidência rotativa da União Européia, afirmou ontem que vai ajudar a Guiné-Bissau a cooperar com as organizações internacionais da região e resolver o problema por meios pacíficos.

O Conselho de Estado norte-americano apelou pelo fim da violência no país africano e eleição do sucessor de Vieira conforme a Constituição.

As Forças Armadas negaram ontem um golpe militar e disseram que vão respeitar o regime eleito pelo povo e as leis do país. Também permitiram que o presidente do Congresso assumisse o poder. No entanto, analistas ponderam que não se pode acreditar no discurso dos militares. Para Kabiru Mato, diretor da Faculdade de Política da Universidade de Abuja, da Nigéria, seria impossível as Forças Armadas admitirem o golpe, já que isso só as isolaria e levaria a sanções internacionais. O mais importante agora é ver o que farão.

Hoje, a situação na Guiné-Bissau é de calma, mas a evolução dos acontecimentos não inspira otimismo. O país é uma escala de narcotráfico entre a América do Sul e a Europa e o crime organizado pode aproveitar o período para expandir suas atividades.

Há veículos da imprensa alertando que simpatizantes de Vieira e Waie poderiam instigar confrontos dentro das Forças Armadas, o que causaria maior caos no país. Mato disse que é preciso levar as autoridades militares guineenses a cumprir suas promessas e respeitar as leis do país, mas isso requer que as organizações internacionais e regionais desempenhem um papel de supervisão.

 
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