Segurança alimentar mundial tem nova oportunidade
2008-06-06 11:27:57    cri
Foi concluída ontem (5) em Roma a Conferência de Alto Nível sobre Segurança Alimentar Mundial promovida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês). Apesar da continuidade das divergências em questões importantes, o encontro ofereceu uma oportunidade valiosa para intercâmbios e discussões sobre a agricultura e a concretização da meta do acesso a alimentos para todos, proposta nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Os preços de alimentos no mercado internacional vêm aumentando desde 2007, sobretudo no primeiro semestre deste ano, quando o índice de preços dos produtos agrícolas subiu 53% em relação ao mesmo período do ano passado. A alta contínua dos preços não só agravou as dificuldades dos 850 milhões de pessoas que passam fome no mundo, como também provocou distúrbios em dezenas de países, como o Haiti.

O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, assinalou que a questão dos alimentos já superou a dimensão humanitária e se tornou um problema político que toda a comunidade internacional precisa enfrentar. Por isso, a conferência foi realizada em um momento oportuno e atraiu grande atenção do mundo. Participaram do evento representantes de alto nível de 180 países e organizações, entre eles mais de 40 chefes de Estado, líderes de governo e diretores de organizações internacionais.

Durante os três dias da cúpula, diversos participantes apresentaram seus pontos de vista sobre a situação atual da segurança alimentar, as mudanças climáticas, o desenvolvimento da indústria do biocombustíveis e os altos subsídios agrícolas. Foi aprovada no final da conferência uma declaração que voltou a prometer a redução pela metade da população com fome até 2015 e a segurança de alimentos como uma política permanente dos países.

Na ocasião, a ONU e outras organizações internacionais apelaram repetidas vezes pelo reforço das assistências alimentícias e agrícolas aos países em desenvolvimento, em particular aos menos desenvolvidos e mais afetados pela alta dos preços. A iniciativa teve ampla repercussão entre os participantes da conferência. Um montante de pelo menos US$ 6,5 bilhões em doações foi prometido para ajudar os países em desenvolvimento a superarem a questão alimentar.

Ao mesmo tempo, as divergências nas questões ligadas a interesses nacionais continuaram grandes, apesar da determinação comum de responder ao problema global. A relação entre a indústria de biocombustíveis e a segurança alimentar foi o tópico mais controvertido da conferência. O salto da demanda por bioenergias para o uso nos transportes foi considerado uma das razões principais do aumento atual dos preços de alimentos. A maioria dos participantes da conferência ponderou que os automóveis não devem disputar recursos com a humanidade quando 850 milhões de pessoas no Planeta ainda enfrentam a fome.

Além disso, o comércio de produtos agrícolas foi incluído entre os temas de deliberação na conferência. A declaração final pede a eliminação dos limites para exportação dessas mercadorias, assim como a promoção da liberdade no mercado internacional do setor.

Como disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a garantia da segurança alimentar é uma luta que não pode fracassar. O problema não será solucionado por uma conferência só, mas requer ações conjuntas da comunidade internacional.

 
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