12ª reunião da UNCTAD foca em preços de alimentos
2008-04-21 15:00:30    cri
Começou ontem (20) em Acra, capital de Gana, a 12ª Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês). Compareceram à cerimônia de abertura o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o presidente ganês, John Agyekum Kufuor, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, bem como representantes dos 192 países membros da ONU.

A conferência durará seis dias e tem como tema principal "as oportunidades e desafios da globalização para o desenvolvimento". Entretanto, com a alta contínua dos preços de alimentos no mundo, as medidas para garantir a segurança alimentar e controlar os preços desses produtos serão o foco das discussões do encontro.

Em discurso na reunião de ontem, tanto Ban Ki-moon quanto Kufuor e Lula falaram sobre a questão dos alimentos e da agricultura. Ban salientou que é muito urgente a resolução da questão alimentar. Ele afirmou que vai criar em breve um grupo de especialistas para estudar a solução do problema.

As estatísticas divulgadas pela Organização de Alimentação e Agricultura da ONU mostram que, nos últimos seis meses, os preços dos produtos agrícolas básicos como trigo e milho aumentaram em mais de 50% e o preço do arroz vem batendo recordes. A alta dos alimentos não apenas influenciou a vida da população no mundo como também causou problemas graves.

Manifestações e distúrbios aconteceram em países como Egito, Haiti, Costa de Marfim e Burkina Faso. Os sinais mostram que o desenvolvimento econômico, o progresso social e até a estabilidade social serão afetados caso não se resolva a questão da subida de preços.

Segundo os participantes da conferência, as mudanças climáticas, o aumento de preços de energias e a produção de biocombustíveis a partir de cereais são as razões principais da alta global dos preços alimentícios. Além disso, o alargamento do desnível entre as produções agrícolas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento e a diminuição da assistência agrícola internacional também contribuíram para a crise atual.

No encontro, Ban assinalou que é preciso tomar medidas imediatas para garantir a oferta de comida e o mais urgente é o aumento da assistência humanitária. Conforme o plano da ONU, o atendimento à demanda básica de alimentos de 73 milhões de pessoas em 80 países requer pelo menos mais US$ 75 milhões. Segundo o secretário-geral, o aumento da produtividade agrícola é principal caminho para uma solução duradoura da questão.

A produção agrícola, porém, também sofre os impactos da escassez de verbas e a situação é mais grave nos países extremamente subdesenvolvidos. Atualmente, só 1% dos auxílios financeiros estrangeiros é dedicado à produção agrícola em países mais carentes da África Subsaariana. Um dia antes da conferência da UNCTAD, o secretário-geral da instituição, Supachai Panitchpakdi, pediu o aumento dos investimentos na agricultura e nos auxílios neste setor aos países carentes. Ele também fez um apelo para que os países desenvolvimentos reduzam subsídios agrícolas domésticos para controlar a anormalidade dos preços de alimentos.

Em discurso, Ban apelou, ainda, pela solidariedade da comunidade internacional para resolver a crise. Lula pediu a transferência de técnicas agrícolas de países desenvolvidos aos em desenvolvimento. O presidente brasileiro e outros participantes consideraram que a UNCTAD, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional devem criar um mecanismo para assegurar o abastecimento suficiente de comida aos países com necessidades mais urgentes.

 
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